Fotógrafo da realeza Chris Jackson conta detalhes das coberturas reais
Fotógrafo cobriu casamentos, nascimentos, batizados, turnês reais e a histórica coroação do rei Charles no último sábado (6/5)
atualizado
Compartilhar notícia
Abrir uma notícia ou ler alguma postagem nas redes sociais sobre a realeza britânica. Ao olhar o clique utilizado nas publicações, está o crédito do fotógrafo. Em grande maioria, quando envolve a família real do Reino Unido, aparecer o nome de Chris Jackson é quase unanimidade. Ele atua como o fotógrafo real da Getty Images, considerada a fonte de conteúdo visual mais confiável do mundo.
Detentor desse imponente título na Getty Images, Chris concedeu uma entrevista exclusiva à Coluna Claudia Meireles. No site oficial do fotógrafo, consta que ele cobriu casamentos, nascimentos, batizados, todas as principais turnês reais das últimas duas décadas e a histórica coroação do rei Charles no último sábado (6/5). Com a câmera na mão, pode-se dizer que o profissional rodou o planeta com os integrantes da dinastia Windsor.
Começo
A história de Chris com a empresa de banco de imagens começou há 20 anos. “Depois de conseguir um diploma em ciências na universidade, eu passei a maior parte do tempo na câmera escura, revelando fotos. Trabalhei muito com diferentes fotógrafos para ganhar experiência”, rememora.
Ele entrou na companhia como executivo de contas, entretanto, via o cargo como um degrau para alcançar o objetivo desejado.
“Comprei uma câmera digital e fotografava para a Getty Images sempre que conseguia. Até que, eventualmente, passei a trabalhar como fotógrafo da equipe”, recorda.
Chris descreve ter conquistado a meta como “muito emocionante”. Tempos depois, ele foi direcionado a cobrir os eventos da realeza e, desde então, continua a postos para clicar os membros da monarquia: “Meu papel se desenvolveu organicamente com o passar do tempo”.
Questionado a respeito de qual foi a primeira cobertura relacionada à realeza, Chris confessa não saber ao certo, mas uma vaga lembrança o ajudou: “Foi provavelmente o evento colorido e tipicamente britânico do Royal Ascot, um dos meus favoritos do ano e certamente uma das minhas memórias mais antigas enquanto fotógrafo da família real”. Ele se referiu a mais tradicional corrida de cavalos do Reino Unido.
Marcante
O expert sabe bem da responsabilidade em suas mãos e no olhar de capturar instantes significativos dos integrantes da Coroa britânica. “É sempre um privilégio ter uma cadeira na primeira fileira dos momentos históricos, alguns de muita celebração e outros incrivelmente tristes e comoventes”, aponta.
Durante o bate-papo, ele lembrou do falecimento da rainha Elizabeth II, em setembro do ano passado.
“A triste morte da Rainha Elizabeth II vai ficar marcada comigo para sempre, eu amava fotografá-la e o poder do público unido neste momento foi algo único”, declara Chris Jackson.
Embora a perda da saudosa soberana tenha tocado profundamente Chris Jackson, ele capturou uma série de acontecimentos festivos e únicos. É o caso do Jubileu de Platina de Elizabeth II, comemorado em junho de 2022. “Foi um período de incrível positividade e celebração. Eu nunca me esquecerei de ver sua majestade na varanda [do Palácio de Buckingham] vestida de verde para encerrar o fim de semana [de evento]”, detalha.
Oito meses após o falecimento de Elizabeth, Chris lamenta sentir falta do sorriso da rainha. “Ela certamente não estava sempre sorrindo e nunca brincava com a câmera. Era totalmente genuína”, expõe.
Na função de fotografar a majestade, o profissional alega que precisava “estar a postos para capturar as expressões fugazes, momentos de humanidade, expressões e interações”. Ele acrescenta: “Eu amava isso nela”.
Coroação do rei Charles
Assim como grande parte dos britânicos, Chris ouviu falar da grandiosidade da coroação de um rei ou rainha, porém, nunca tinha visto a cerimônia ao vivo e a cores.
No último sábado (6/5), ele teve a oportunidade não só de presenciar de perto, mas também de registrar importantes momentos da solenidade mais importante da monarquia. “Entusiasmo” é a palavra usada pelo fotógrafo para definir o sentimento que apoderou-se dele antes do evento.
Na avaliação do expert em cliques, é sempre emocionante fotografar momentos históricos da monarquia, a exemplo da coroação. Ele ficou contente ao ver o rei Charles e a rainha Camilla sendo coroados. “Venho fotografando o casal real nos últimos 20 anos e estou animado pela nova etapa da vida deles”, elucida.
Chris fez uma reflexão: “Em uma época em que muitos estão se aposentando, os dois passaram a assumir o maior papel de suas vidas.”
Charles se tornou rei aos 73 anos, atualmente ele se encontra com 74. Já Camilla tem um ano a mais que o marido.
Viagens
No ponto de vista do profissional, clicar os movimentos dos integrantes da família real exige cautela: “Sempre seja respeitoso e ciente do seu espaço. Fotografar a realeza é diferente de outros tipos de fotografia. Acredito que antes de tudo é preciso estar preparado para todas as situações”. Em uma das coberturas dos membros da dinastia Windsor, Chris passou por um episódio inusitado.
O perrengue sofrido por Chris Jackson ocorreu em uma turnê real pela África. Ele teve a bolsa da câmera roubada por uma hiena. Ao longo da carreira, o fotógrafo desembarcou em incontáveis destinos. “Tenho sido sortudo o suficiente para viajar em torno de 100 países durante o meu tempo na Getty Images”, numera. O profissional já pousou nas Ilhas Galápagos, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Japão: “E muitos, muitos outros”.
“É sempre um privilégio. Galápagos foi um lugar muito especial, mas eu também gostei das viagens ao Pacífico Sul. A Papua Nova Guiné foi deslumbrante. A rainha Elizabeth disse uma vez: ‘Eu preciso ser vista para acreditarem em mim’. Isso é verdade, uma vez que o rei e a rainha viajaram muito e se encontraram com o máximo de pessoas possíveis”, avalia Chris Jackson.
Favorito
Dos milhares de cliques tirados, Chris alega preferir os momentos mais silenciosos: “Há muitos favoritos que eu poderia escolher”. Ele gosta “muito” de uma foto capturada do rei Charles quando se tornou guarda-florestal do Grande Parque de Windsor. Na imagem, o monarca surge embaixo de um carvalho de 600 anos. “Para um homem que estava sempre mais feliz na natureza, o parque representa bastante da sua personalidade”, reitera.
Para Chris, uma característica especial e única sobre fotografar da realeza é ter consciência de que seus registros compõem um “tecido único da história britânica”. “Talvez as pessoas estejam olhando para as imagens daqui 10 ou até 100 anos. É muito especial”, vislumbra. Ao finalizar a entrevista, o profissional cita: “Eu amo o interesse do público sobre a realeza e a oportunidade de testemunhar a história acontecendo.”
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.