Fotógrafo André Kazuo fala sobre a experiência Black-se: “Mudar vidas”
Idealizador do projeto Black-se, André compartilhou detalhes da experiência que visa resgatar a confiança e o amor-próprio dos fotografados
atualizado
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“Eu não queria ser fotógrafo”, recorda André Kazuo. Ele nem imaginava que, anos depois, seguiria por outros caminhos e conquistaria a satisfação pessoal e profissional por trás das câmeras, mais precisamente com o projeto Black-se. Como em toda trajetória, alguns obstáculos surgiram na trilha do brasiliense. Incansável, ele não parou até que criasse a experiência, com propósito de “transformar vidas” por meio de cliques nos quais os fotografados “enxergam a melhor versão de si”.
André e a equipe, composta por sete pessoas, abriram as portas do estúdio na Asbac para a coluna Claudia Meireles. Na entrevista descontraída, o profissional compartilhou detalhes da história do Black-se. No ano passado, mais de 900 pessoas participaram da experiência intimista. Segundo o brasiliense, o projeto tem como objetivo proporcionar uma mudança de vida. De que modo? Fazendo a pessoa ter uma prática de autoconhecimento a fim de resgatar a autoconfiança e o amor-próprio.
Black-se
“Talvez nisso esteja a mágica da fotografia. Não só registrar o momento das pessoas, considerados especiais, mas sim mostrá-las de maneiras e formas diferentes que façam com que elas se apaixonem de novo por si mesmas”, enfatiza André. Ao descrever o projeto, o comandante das câmeras destaca a frase “o Black-se nasceu para todos”, por isso, optou por precificar a vivência com um valor acessível. “R$ 89 por três fotos”, explica. A ideia é dispor o ensaio também a quem tem baixo poder aquisitivo: “Queremos democratizar”.
Quem desejar posar diante das lentes de André contará com o auxílio de um personal stylist, óculos à disposição e uma “cervejinha” para dar aquela relaxada antes de fazer as caras e bocas. Um dos diferenciais do projeto é não usar as ferramentas de edição do Photoshop. “É a maneira de mostrar você, com a verdade, sem filtro, sem Photoshop, para que goste realmente de si”, defende. De acordo com o fotógrafo, o grupo com o qual trabalha busca ângulos que não evidenciem os “defeitos” – mas, se eles aparecerem nas imagens, continuarão lá.
“As pessoas vão envelhecendo e falam: ‘Minha ruga, gordurinha. Você está desse jeito e precisa se amar de qualquer forma. Te garanto, olhar-se de maneira verdadeira é o suficiente para ser extremamente feliz”, reforça. Ele conta que, por meio da experiência, os fotografados entendem um pouco mais sobre si e acabam se libertando das amarras das limitações. “Vivemos nos exigindo muito, o maior vilão da nossa vida somos nós mesmos.” André sabe bem, por ter enfrentado a situação até ter vivido o processo de autodescoberta.
Por meio dos registros, o brasiliense e a equipe visam fazer com que as pessoas se vejam de uma maneira melhor, não só de fora para dentro como também o inverso. “Se quisermos que com o Black-se os fotografados se amem mais ao verem as imagens, eles têm de sentir essa mudança de dentro para fora”, defende. Após os ensaios, ele costuma receber depoimentos de quem passou pela experiência ou almeja vivenciá-la o quanto antes.
Depoimentos
Ao notar a transformação positiva de uma amiga, uma fotografada correu para viver a experiência. No áudio em que marcou o ensaio, ela chegou a pontuar: “Se minha amiga teve essa mudança de vida, eu quero também”. Na avaliação do idealizador do projeto, é incalculável saber ter deixado a jornada de alguém mais agradável. Ele define o Black-se como o jeito que encontrou de oferecer amor: “Tornou-se um dos nossos motivos de viver, depositar energia positiva na Terra e conseguir amar ao próximo”.
Quem vive a experiência recebe o apelido de “Black” e, de quebra, leva uma “advertência” do criador do projeto: “Brinco com eles sobre terem o dever de vencer na vida, porque o nosso propósito é fazer com que se enxerguem de verdade e vejam a melhor versão”. Um empresário cresceu o negócio em 300% após o ensaio, conforme revela André. “O Black-se é muito mais do que um estúdio fotográfico, tentamos implementar um estilo de vida novo”, ressalta.
Imagens
Questionado a respeito de ter eleito o preto (black, em tradução do português) para o nome do projeto e estampar as fotos, André Kazuo defende que a tonalidade é versátil, elegante e as pessoas costumam se sentir bem ao usá-la. As cores utilizadas nas fotografias são neutras a fim de deixar em evidência a pessoa diante da câmera. “Não queremos chamar a atenção para a roupa, mas sim mostrar a cor de quem pisa aqui. Talvez, assim se contemple de uma forma o que nunca tenha visto”, alega o brasiliense.
Há quem pense que qualidade e preço acessível não “andam” juntos. Ledo engano. No Black-se, as fotografias são entregues com ótima definição e os interessados podem solicitar um quadro de mais de um metro de altura com as imagens. O “painel” fica pronto em até uma semana. Os profissionais estão com projetos em andamento para os cliques capturados nos ensaios, por exemplo, uma exposição, além de outros planos que não podem ser revelados no momento, conforme disse André aos risos.
Início
Antes de ser intitulado de Black-se, o projeto de André Kazuo para clicar fotos por um valor baixo chamava-se Vazio Completo, em meados de 2018. No evento de estreia, ele convidou amigos. No primeiro de três dias, apenas uma pessoa compareceu e foi fotografada. No segundo, houve uma grande movimentação durante a tarde: “De R$ 50 em R$ 50, conseguimos chegar a R$ 3 mil. Achei que não ia dar certo e, depois de um tempo, ficou cansativo por ser o mesmo conceito”. O brasiliense acabou deixando a iniciativa de lado.
Tempos depois, André conheceu Luiz Augusto Costa – apelidado de Gugu. Da amizade inesperada surgiu a sociedade para o Black-se. Eles se encontraram pela primeira vez por meio de um colega em comum, mas a proximidade entre os dois decorreu de um jogo no celular. “Montamos um grupo no WhatsApp, pois o legal era jogar com os amigos”, rememora. Com a sinergia e o pensamento alinhado, a dupla começou a trabalhar unida, entretanto, nem tudo saiu como calcularam. Eles perderam, por exemplo, o orçamento de uma formatura.
Chateados por não terem sido selecionados para o trabalho da formatura de medicina, os dois decidiram tocar um projeto que os “deixasse orgulhosos”. “O Gugu queria fazer algo comigo de qualquer forma. Percebe-se que a nossa aura é alinhada? Eu falo e ele direciona como em uma dança. Nem precisamos nos comunicar”, salienta. André Kazuo então lembrou do Vazio Completo, contudo, Luiz Augusto sugeriu trocar o nome. Da parceria, despontou o Black-se.
Trajetória
André está inserido no universo da fotografia desde que “se entende por gente”. Filho do fotógrafo Kazuo Okubo, ele cresceu em meio ao estúdio, fixado na casa onde morava. A princípio, o brasiliense não queria seguir a mesma profissão do pai. Aos 17 anos, começou a mudar de ideia por aprender a usar o Photoshop e, consequentemente, passou a capturar imagens. “Há 15 anos, comecei a fazer as minhas primeiras fotos. Sempre tinha equipamento. Era muito acessível. Fui aprender olhando, vendo e testando”, lembra.
Desde a infância, André recorda de observar também a atuação do pai. “Um profissional que admiro não por ser meu pai, mas porque andei ao lado dele durante anos e, ao longo da vida, foi um exemplo de fazer acontecer”, garante. Sobre o trabalho com o Black-se, o idealizador conclui: “Se não acredita nem tem amor no que faz, está perdendo a maior moeda da vida, chamada tempo. Não vale fazer algo em que não se acredita simplesmente por dinheiro. Digo que entrego para todo mundo de bandeja a minha forma de amar.”
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