Filantropia: Carol Celico conta detalhes da Fundação Amor Horizontal
Criada em 2014, a Fundação Amor Horizontal auxilia projetos sociais em 18 estados. Mais de 42 mil crianças e adolescentes já foram atendidos
atualizado
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Empresária autêntica, mãe dedicada, filha atenciosa e ícone de beleza. Essas são apenas algumas das facetas mais conhecidas de Carol Celico. A influenciadora digital também tem a veia filantrópica latente, estimulada desde a infância pelos pais, Rosangela Lyra e Celso Celico. Na adolescência, fazia trabalho voluntário em organizações não governamentais (ONGs). Mais tarde, com a mesada, passou a colaborar com um projeto focado em alimentar pessoas em situação de rua. Em 2014, o desejo de ajudar o próximo cresceu e ganhou forma na Fundação Amor Horizontal (FAH).
Em seis anos de atuação, a iniciativa já atendeu mais de 42 mil crianças (e contando), segundo explica Carol, em entrevista à coluna Claudia Meireles. A fundação funciona como uma plataforma de arrecadação de recursos financeiros. O valor obtido é utilizado na aquisição de produtos para jovens amparados por projetos parceiros. Desde o início da instituição até o último levantamento, cerca de R$ 3,7 milhões foram angariados e revertidos em mais de 174 mil itens – por exemplo, cestas básicas, kits de material escolar e combos com utensílios de higiene.
“Não ajudamos financeiramente, mas, sim, damos um respaldo institucional e operacional às instituições que apoiamos. Contribuímos com os produtos que as crianças precisam, desde colchão a comida, roupas, medicamentos, brinquedo educativo e, com a Covid-19, nos movimentamos para doar cestas básicas e álcool em gel”, esclarece Carol Celico. A princípio, a Fundação Amor Horizontal trabalhou com iniciativas somente de São Paulo; a aspiração da presidente, entretanto, era expandir para outros cantos do Brasil.
Missão dada é missão cumprida. Atualmente, a FAH firmou parceria com projetos em 18 estados. “Não chegamos a todos os lugares por ser um trabalho logístico bem complexo. O desejo é atender alguma instituição em cada estado”, enfatiza. De acordo com a filantropa, a assistência dada vai além da entrega de produtos. A Fundação Amor Horizontal oferece cursos a fim de transformar os projetos para que “consigam caminhar sozinhos e não dependam 100% de doações”.
Dentre as iniciativas auxiliadas, estão instituições comunitárias e educacionais; abrigos especializados no acolhimento de menores vítimas de abandono e violência; casas de apoio que oferecem suporte a crianças em tratamento, como câncer. Mãe de Luca, de 12 anos, e Isabella, de 9, Carol optou por trabalhar em prol de crianças e adolescentes por ver como uma “causa com maior projeção de mudança a longo prazo”. Quando os colaboradores da fundação vão a um parceiro e levam produtos novos, alguns meninos e meninas não querem aceitar, por não se sentirem merecedores.
“Quando levamos o produto novo, é totalmente diferente da doação em geral. O brasileiro doa aquilo que tem dó de jogar no lixo. Isso criou uma relação emocional da criança com o próprio lixo, como se ela não fosse merecedora de coisas novas”, ressalta a presidente da FAH. Ao receber itens intactos, dentro da caixa, sem nunca terem sido utilizados, a garotada muda a autoestima, na avaliação de Carol. Por meio da entrega, ela acredita transformar uma geração a longo prazo.
“Vemos nitidamente a mudança no olhar da criança quando entende que o produto novo a pertence. Há uma movimentação cerebral, conforme estudamos. Temos um cuidado e apoio psicológico para fazer um trabalho 360. Não só dar o peixe, mas também produzir efeitos diretos no psicológico e emocional delas. Com isso, passam a se valorizar. Que, em um futuro próximo, possamos colher uma sociedade mais forte. Todos são merecedores de trabalho, família, casa e boa condição de vida”, argumenta a influencer.
Fomentar
Questionada sobre a pandemia ter envolvido as pessoas na cultura de doação, Carol Celico é categórica ao afirmar que houve uma movimentação no início. Entretanto, com o “mundo” voltando à dinâmica do dia a dia, surgem outras preocupações e, consequentemente, há uma queda de boas ações. No ponto de vista da empresária, o período evidenciou o poder da geração focada em propósitos e em impactar positivamente outras vidas.
Segundo a fundadora da iniciativa Amor Horizontal, existem entraves que impedem o terceiro setor de crescer no Brasil. O principal fator é a burocracia. Carol considera ser necessário ter uma “mudança jurídica”. Ao contrário de outros países, as leis funcionam como empecilhos, inclusive grandes empresas não conseguem se mobilizar totalmente em razão das dificuldades, conforme explicou Carol: “Lá fora, os incentivos fiscais são mais fortes e as pessoas realmente querem e conseguem doar, pois as leis ajudam o terceiro setor”.
Passado, presente e futuro
No bate-papo com a coluna Claudia Meireles, a influenciadora digital falou sobre família, maternidade e lições de vida. Rosangela Lyra, mãe da empresária, atuou por anos como diretora da Dior em solo tupiniquim. Embora trabalhasse com luxo, a matriarca ensinou os dois filhos, Carol e Enrico, a terem o pé no chão. “Ela sempre foi muito rígida com relação a compras e ao supérfluo. Nos educou a adquirir o que precisamos mesmo e doar aos outros”, rememora.
Carol aplicou essa lição na educação de Luca e Isabella. Quando querem ou ganham um presente, os irmãos devem, antes, escolher algo para doar. “Não usa mais, tira. Minha mãe fez comigo e coloco em prática com os meus filhos essa conscientização de ter aquilo que realmente precisa”, reforça. O garoto de 12 anos é parecido com a fundadora da Amor Horizontal na personalidade, além de gostar de “tudo organizado” e ser um bom negociante quando quer algo. Com 9 anos, Isabella herdou da mãe a capacidade de resolver o quanto antes os afazeres e ficar livre.
Em janeiro, a influencer perdeu o pai, Celso Celico. Em uma postagem no Instagram, Carol escreveu: “Nunca estamos preparados para as perdas, mas elas nos preparam para a vida”. Desde o ocorrido, ela conta ver os ensinamentos do patriarca “o tempo todo”. “Temos a pessoa perto e não percebemos que traços de conduta, personalidade e ações vieram dos nossos pais. Pensava: ‘Me desenvolvi assim’. Agora, percebo que parte de quem eu sou veio dele. Comecei a enxergá-lo em tantas situações da vida e do dia a dia”, confessa.
Na entrevista, a empresária recordou de um princípio de vida de seu pai: “Ele sempre falou para mim e para o meu irmão sobre toda história ter três versões: de uma pessoa, do outro e a verdade”. Carol Celico levou a teoria do patriarca para o lado da ponderação, empatia e de se colocar no lugar do próximo. A presidente da Fundação Amor Horizontal também herdou a veia solidária de Celso. “Me lembro da sua generosidade e de não ser apegado ao dinheiro. Ele costumava dizer sobre o dinheiro estar a nosso serviço e conforto, não ficar acumulando.”
Realização
No ponto de vista da filantropa, o propósito da vida do ser humano é encontrar a felicidade e sentir-se realizado. Enquanto algumas vislumbram um ponto-final, Carol acredita que, conforme “se evolui como ser humano”, as aspirações mudam. “Uma época foi ter filhos, eu os tive. Depois, era abrir uma fundação, consegui. Em toda etapa, existem os desafios, mas a realização e a felicidade é enxergar o que precisa ser exatamente vivenciado hoje. Isso eu tenho como norte da minha vida, seja algo ruim, seja bom”, salienta.
Carol é adepta da máxima “Estou no lugar certo, na hora certa, do jeito certo”. Na avaliação da empresária, ter o conceito da frase em mente contribui para entender o processo de busca pela felicidade e realização, ao contrário da “ganância” de atingir determinada posição. “Nos cobramos por querer chegar em outro lugar. De uma forma é bom, porque evoluímos, porém isso nos deixa aflitos, estressados e infelizes. Deve-se equilibrar a expectativa com a nossa realidade.”
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