“Fasano Rio foi um dos maiores cases de sucesso”, diz hoteleiro
Com sete hotéis sob seu comando e três a caminho, Rogério Fasano, que aprendeu o ramo sendo cliente, conta à coluna o segredo de seu sucesso
atualizado
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Rogério Fasano é daquelas pessoas raras. Tal como Midas, vê tudo em que coloca as mãos virar ouro. Conhecido pelo alto nível de exigência, o restaurateur e hoteleiro paulistano consegue entregar um serviço raramente atingido no Brasil. Em breve passagem por Brasília, ele encontrou um tempo em sua agenda mais do que lotada para dar uma entrevista exclusiva à Coluna Claudia Meireles.
O requinte da marca construída pela família, que ele carrega no sobrenome, é conhecido nos quatro cantos do mundo. O grupo ganhou notoriedade primeiramente por causa de seus restaurantes, onde tudo é impecável. Rogério escolhe tudo, do uniforme de seus garçons, passando pelos produtos importados exclusivamente da Itália, até os arquitetos de cada projeto. “Nosso foco é achar a melhor localização”, contou.
Um dos grandes diferenciais dos hotéis do grupo é que eles são frequentados pelas pessoas da cidade, criando, assim, uma identidade local.
Em seus lobbies – tanto nos restaurantes quanto nos bares –, empresários fecham negócios, influenciadores digitais fazem stories nas piscinas, celebridades procuram sossego. E transformam o local em um point.
Rogério nos recebeu no Gero, em Brasília, e falou sobre a crescente rede hoteleira da marca. Ele lembrou que o primeiro Hotel Fasano, localizado no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, demorou para sair do papel. Segundo o hoteleiro, passaram-se 15 anos até que o sonho se realizasse.
“Eu morava nos Jardins e vi a oportunidade de adquirir três terrenos por ali, em uma rua tranquila. Demoramos 10 anos para comprá-los. Até aprovar e construir com o projeto dos arquitetos Marcio Kogan e Isay Weinfeld, foram mais cinco anos”, lembrou.
Depois do grande sucesso na capital paulista, os sócios da rede investiram no Rio de Janeiro. A oportunidade surgiu após eles ganharem a concorrência para operar um hotel com construção em andamento, projetado pelo arquiteto francês Philippe Starck, em Ipanema. Muito generoso, ao conhecer Rogério, Starck concordou em fazer alterações para que o empreendimento tivesse a cara da marca.
“O escritório dele era em Londres naquela época. Eu fui até lá para me apresentar e expressar a minha vontade de que o hotel resgatasse o ar dos tempos áureos do Rio, da bossa nova. Eu levei vários livros de arquitetura e mobiliário brasileiro da época. Depois que acabei de explanar tudo, ele pegou um vinho na geladeira e falou ‘Clever. Let’s do it!’ [‘Esperto. Vamos fazer!’, em tradução literal]. Foi o maior case de hotelaria dos últimos anos”, recordou Rogério Fasano. O empreendimento acabou se tornando o hotel preferido das celebridades internacionais.
A Fazenda Boa Vista, localizada a 100 km da capital paulista, foi o terceiro da marca. Com o projeto de Isay Weinfeld, o empreendimento tem como público, em sua maioria, empresários paulistas e famosos em busca de ar puro para respirar com a família. Muito refinado, o hotel oferece um oásis de natureza. Dentro do complexo, os hóspedes podem andar a cavalo, jogar golf, relaxar no spa e muito mais.
Las Piedras é, por enquanto, o único hotel internacional da rede. Localizado no campo, em Punta del Este, no Uruguai, o local também é focado em relaxamento com o maior requinte possível. O projeto de Weinfeld foi muito feliz pela interação com as pedras do acidentado terreno. Um pouco distante do buchicho, o local exala o requinte campestre, para todas as estações. “Pouca gente sabe que Punta é muito gostoso no inverno”, afirmou.
Vista para o mar
O Hotel Fasano Angra dos Reis é o único “pé na areia” até a abertura do Fasano de Trancoso, prevista para abril de 2020. O empreendimento aberto em 2017 fica dentro do condomínio Frade e marcou o começo da parceria com o arquiteto carioca Thiago Bernardes. Nem precisa mencionar que o serviço e a gastronomia são impecáveis. A festa de Réveillon já apareceu na wishlist de muitos.
O empreendimento de Belo Horizonte surgiu de uma proposta feita pelo sócio de Rogério, Constantino Bittencourt. Abordado por uma construtora local sobre a possibilidade de abrir em BH, o empresário topou o desafio. “O hotel ficou lindo, e o projeto do Thiago Bernardes foi muito bem-sucedido”, relatou.
O Hotel Fasano Salvador foi o primeiro a ocupar um prédio histórico, onde funcionava o jornal A Tarde, um dos principais da Bahia. Assim como no Rio de Janeiro, um dos maiores atrativos é a piscina na cobertura do prédio. No lugar do mármore branco foi usado o Azul Bahia, que se mistura com uma das vistas mais bonitas da capital baiana.
Outros três hotéis estão a caminho: um em Trancoso, na Bahia, e outros dois na capital paulista. “O projeto de minha maior expectativa é o de Trancoso. Ele deveria ficar pronto para o final deste ano, mas só vai ser inaugurado em abril de 2020. Fica a 1,5 km do icônico Quadrado”, adiantou.
O projeto de Isay Winfeld foi concebido respeitando a essência do lugar e de sua comunidade. Cada um de seus detalhes foi pensado para garantir a redução de impactos e uma integração harmônica com a natureza.
As duas novas unidades de São Paulo têm lançamento previsto para os próximos dois anos e serão nos bairros Itaim Bibi e Cidade Jardim, este conectado ao shopping de mesmo nome. “SP é uma cidade em constante mudança”.
Outra novidade a caminho é o Fasano Fifth, na 5ª Avenida – entre as ruas 62 e 63 –, em frente ao Central Park, em Nova York.
Família Fasano
A história da família Fasano começa com Vittorio Fasano, o bisavô, que deixou Milão e abriu um restaurante em São Paulo, em 1902, chamado Brasserie Paulista. Mais tarde, o nome mudou para Fasano, e o estabelecimento durou até os anos 1930.
Rogério recorda que o gosto pelos negócios no ramo da gastronomia “pulou uma geração”. Seu pai, Fabrizio Fasano, nunca teve restaurante, por acreditar ser um trabalho muito desgastante. O patriarca até tentou, sem sucesso, o desencorajar.
“Meu pai foi radicalmente contra, disse que era trabalho escravo e me lembrou por diversas vezes que foi filho de um dono de restaurante e não via o pai nos finais de semana e feriados. Mas eu insisti, porque era muito ligado ao meu avô”, relembra.
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