Família real é acusada de racismo em seleção de funcionários. Entenda
Documentos do Arquivo Nacional mostram que o Palácio de Buckingham limitava a contratação de minorias para as funções administrativas
atualizado
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Em meio às comemorações pelos 68 anos da coroação ao trono britânico, a rainha Elizabeth II teve que lidar com mais uma polêmica. Nessa quarta-feira (2/6), o jornal The Guardian publicou documentos que mostram como o Palácio de Buckingham usava uma política discriminatória para contratar seus funcionários.
Os documentos indicam que, até o fim da década de 1960, o palácio limitava a contratação de “imigrantes de cor ou estrangeiros” para funções administrativas na casa real, embora eles tivessem permissão para trabalhar como empregados domésticos.
A informação está em um documento de 1968 do principal gerente financeiro da rainha enviado a funcionários públicos. Os papéis foram encontrados no Arquivo Nacional, durante uma investigação do jornal sobre a influência da monarca no conteúdo das leis britânicas.
Eles mostram também como o palácio negociou cláusulas polêmicas, em vigor até hoje, que isentam a rainha e os integrantes da família real de leis que evitam a discriminação racial e sexual.
Na mesma década, os ministros do governo criaram leis que tornariam ilegal a recusa de empregar pessoas com base em sua raça ou etnia, mas a soberana permaneceu pessoalmente isenta das leis de igualdade por mais de quatro décadas.
A isenção tornou impossível que mulheres ou pessoas de minorias étnicas que trabalhassem para a família real pudessem levá-la para os tribunais se acreditassem ter sofrido discriminação em algum momento.
À publicação, o Palácio de Buckingham não contestou que a rainha havia sido isenta das leis, mas afirmou que existia um processo separado para ouvir queixas relacionadas à discriminação.
Sobre as práticas de seleção de funcionários, o porta-voz do palácio se limitou a dizer que os registros mostram pessoas de minorias étnicas contratadas na década de 1990 e que, antes disso, os registros não continham as origens raciais dos funcionários.
Posteriormente, em um comunicado ao site E! News, o palácio afirmou que as alegações do jornal britânico são baseada em “conversas de segunda mão” ocorridas há mais de 50 anos e que “não devem ser usadas para tirar ou inferir exercícios sobre eventos ou operações (em relação) aos tempos modernos”.
Ainda segundo o porta-voz, “os princípios do Crown Application e Crown Consent (programas de seleção para cargos reais) são estabelecidos há muito tempo e amplamente conhecidos”.
A descoberta caiu como uma bomba para a coroa britânica que, em março, precisou lidar com a entrevista de Meghan Markle à Oprah Winfrey. A duquesa de Sussex afirmou que teve pensamentos suicidas enquanto morava com o príncipe Harry na Inglaterra, e alegou que um membro da família real demonstrou preocupação sobre a cor da pele do filho do casal. Archie nunca recebeu o título de príncipe.
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