Expert explica quais máscaras de alimentos podem ser perigosas à pele
Será que as máscaras preparadas com alimentos fazem bem para a cútis? O dermatologista Gabriel Monteiro de Castro responde
atualizado
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Ter um momento livre e dedicar um tempinho para cuidar da pele. Nesse intervalo, aproveitar para procurar na internet receitas de máscaras caseiras, capazes de hidratar, aliviar a vermelhidão ou amenizar manchas. Cinco minutos depois de ver o passo a passo, a mistura com ingredientes disponíveis na cozinha se encontra aplicada no rosto. Mas, de fato, será que as soluções rápidas, simples e milagrosas funcionam ou causam o efeito contrário, prejudicando a saúde da cútis?
Para desvendar mitos e verdades das receitas feitas com alimentos disponíveis na geladeira e nos armários, a coluna Claudia Meireles acionou Gabriel Monteiro de Castro, dermatologista especializado em medicina estética e membro da Doctoralia.
De acordo com o expert, o barato pode sair bem caro e provocar sérios danos à pele. Na entrevista, o profissional listou alguns ingredientes considerados comuns no tratamento da cútis. No rol, ele explicou quais atuam como amigo e inimigo da derme. Confira!
Aveia
Considerado um superalimento, há quem aplique pastas feitas com o cereal no rosto. Eis a questão: essas máscaras ajudam ou prejudicam a pele? Gabriel afirma ser mentira quando dizem que o ingrediente age no clareamento da derme e minimiza manchas, além de estimular a produção de colágeno. “Seria maravilhoso se incentivasse, mas não é uma realidade. Existem produtos à base de aveia que podem oferecer uma ação hidratante e um pouco clareadora”, salienta o dermatologista.
Por dentro das alquimias preparadas com o cereal, o médico ressalta que quem utiliza a aveia em pó ou macerada em receitas de máscaras caseiras. Com a mistura, o objetivo é adquirir uma hidratação prática, entretanto o especialista não recomenda usar o ingrediente em pastas faciais. “Por ser um alimento muito bruto para a pele, pode acabar machucando”, sustenta Gabriel. Da família dos grãos, a aveia engloba as vitaminas B1, B2 e B5.
Mel
Produzido pelas abelhas, o mel integra a lista dos superalimentos. Ao contrário da aveia, Gabriel indica a aplicação do ingrediente na face, porém fica a ressalva a um determinado tipo de cútis: “Sendo um pouco espesso, eu não recomendaria para quem tem pele oleosa”. O fluido viscoso tem ação antialérgica, anti-inflamatória e até antioxidante. As duas últimas propriedades derivam dos flavonoides, compostos que agem diretamente na célula. “Pode ser usado para hidratar a derme”, enfatiza o expert.
Pó de café
Gabriel garante que o pó de café transita na lista de itens benéficos e maléficos à derme. Caso tenha se questionado como essa divisão corre, o dermatologista esclareceu: “O que muitos procuram na cafeína é a ação estimuladora que, na circulação, de certa forma, pode melhorar um pouco a qualidade da pele e reduzir as olheiras, por exemplo”. Entretanto, ao passar no rosto uma receita caseira preparada com o ingrediente, a substância não agirá da forma desejada.
“Como há resíduos irregulares dos grãos no pó de café, uma esfoliação com o alimento pode ser bruta e causar sérias irritações no rosto. Por isso, se você procura um produto para esfoliação ou que atue na regeneração da face, opte por produtos industrializados e testados dermatologicamente, à base de cafeína”, enfatiza Gabriel Monteiro de Castro.
Água de coco
Já ouviu falar a respeito da água de coco amenizar rugas e marcas de expressão da cútis? Independentemente da resposta, fica o lembrete do especialista em medicina estética: “Infelizmente, é um mito”. A bebida apresenta potencial antioxidante, ou seja, capacidade de proteger as células contra os efeitos dos radicais livres. Se sugerida para inibir a oxidação da derme, vale o uso. Entretanto, o ingrediente não dispõe do poder de minimizar o surgimento de linhas decorrentes do envelhecimento precoce.
Babosa
O dermatologista se considera “absolutamente fã” da aloe vera, ou melhor, babosa, como é popularmente conhecida. “Tem muitos benefícios para a pele. O hidratante in natura, proveniente do interior da planta, possui ação comprovada e eu super-recomendo o uso”, indica o médico. Em relação a misturar o ingrediente com outros compostos, Gabriel alerta não ser interessante, pois há perda de propriedades.
“A planta por si só já tem elementos suficientes para hidratar bastante a pele, sem precisar fazer qualquer outro tipo de mistura”, esclarece o expert.
Azeite
Na lista das adeptas de passar azeite no rosto, está Jennifer Lopez. Aos 52 anos, a atriz e cantora esbanja uma cútis impecável. Não só o óleo extraído da azeitona, mas também os essenciais oferecem inúmeras vantagens à derme, conforme endossa Gabriel. Quem tiver a derme oleosa, o médico orienta se precaver quanto à utilização do ingrediente no rosto. “Nesse caso, seria melhor apostar em um hidratante oil-free, ou seja, sem óleo”, reforça.
De acordo com o dermatologista, spas renomados passaram a incluir o azeite de oliva nas terapias oferecidas devido ao ingrediente contribuir com a saúde da pele e do cabelo.
Água de arroz
Integra o grupo que utiliza a água de arroz como tônico ou para aliviar a vermelhidão facial? Segundo o expert, o hábito se enquadra como um mito: “Como hidratação, tanto para o rosto quanto para o cabelo, não se ganha benefícios de fato, só há perda de tempo”. Embora o cereal tenha efeitos anti-inflamatórios, o líquido não possui concentração mínima para ter o efeito necessário e gerar diferenças positivas na pele.
Mamão
Rico em cálcio, ferro, fósforo e potássio, o mamão é um alimento maravilhoso para o organismo. Mas aplicar a máscara da fruta na face não oferece grandes proveitos. “Por ter bastante vitaminas, o extrato de produtos manipulados pode ajudar, mas in natura não beneficia tanto quanto o aloe vera, por exemplo”, explica Gabriel Monteiro de Castro.
Limão
O limão dispõe de uma série de pontos positivos, por exemplo, melhora da digestão, aumento da imunidade e absorção de ferro. Usar receitas preparadas com a fruta na cútis pode apresentar um perigo grave, sustenta o médico. Há quem utilize misturas com o alimento a fim de obter o efeito de clareamento, porém pode ocorrer o inverso. “Os ácidos contidos na fruta tendem a queimar a pele e causar fitofotodermatose, condição em que a derme fica extremamente manchada com a exposição solar”, pontua o dermatologista.
Vinagre
Pertencente ao grupo dos ácidos, o vinagre tem capacidade de controlar a oleosidade do cabelo por equilibrar o pH. O ingrediente deixa os fios mais sedosos e bonitos ao selar a cutícula das madeixas. “Digamos que, na pele, eu não aconselho o uso por ser um produto bruto e, atualmente, temos opções industrializadas que são menos agressivas, tornando a fórmula culinária desnecessária”, conclui o especialista em medicina estética.
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