Estudo aponta que a felicidade tem relação com a saúde do intestino
Uma pesquisa publicada da revista Psychological Medicine sugere que a saúde do intestino pode afetar nossas emoções, como a felicidade
atualizado
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Uma tese recente divulgada pela Brigham and Women’s Hospital e pela Harvard TH Chan School of Public Health, publicada na revista Psychological Medicine, sugere que a forma como nos sentimos pode influenciar na saúde do intestino, assim como o órgão saudável é capaz de afetar nossas emoções, a exemplo da felicidade.
“Nosso estudo é um dos maiores até o momento para avaliar associações do microbioma intestinal com emoções positivas e negativas”, disse o coautor do estudo, Yang-Yu Liu, ao site Everyday Health.
A pesquisa contou com a participação de 206 mulheres, que responderam a um questionário perguntando sobre seus sentimentos durante um mês, incluindo sensações positivas (felicidade e esperança) e negativas (tristeza, medo e preocupação). Algumas perguntas avaliavam o quão bem os participantes processavam esses sentimentos.
Três meses após responderem à pesquisa, elas forneceram amostras de fezes e os microrganismos presentes foram analisados por meio de um tipo de teste genético.
Os resultados mostraram que quem reprimia as emoções tinha um microbioma intestinal menos diversificado. As pessoas que relataram maiores sentimentos de felicidade apresentaram níveis mais baixos das bactérias Firmicutes CAG 94 e Ruminococcaceae D16. As que descreveram mais emoções negativas tinham mais desses microrganismos.
“Essas bactérias contribuem desde processos da digestão, até fortalecer nosso sistema imunológico. Nos últimos anos têm-se estudado a conexão do cérebro com o intestino, o que chamamos de eixo intestino-cérebro, também no contexto da saúde mental, obtendo-se resultados promissores”, expressou Talles Borges, gastroenterologista do Hospital Santa Marta, à Coluna Claudia Meireles.
Os autores do estudo não especularam sobre por que a Firmicutes e a Ruminococcaceae, em particular, eram mais baixas naqueles que eram mais felizes, mas disseram que pesquisas anteriores apoiavam a descoberta.
Embora o estudo aponte resultados promissores, mais pesquisas são necessárias para, de fato, provar a relação da felicidade com a saúde intestinal.
“Acredito que, futuramente, poderemos correlacioná-los, tendo-se em vista que a microbiota e a saúde intestinal comunicam-se por meio de várias vias com o sistema nervoso, endócrino e imunológico, contribuindo para um funcionamento equilibrado do corpo”, afirma Talles.
A importância do intestino
Tese publicada na revista Frontiers in Microbiology de 2022 explica que trilhões de micróbios que vivem no trato gastrointestinal compõem o microbioma do nosso corpo. Quando saudável, ele tem uma ampla gama de bactérias, fungos e outros microrganismos.
A pesquisa ainda encontrou ligação entre um microbioma não saudável com doenças, como obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, inflamação e fragilidade.
Alguns especialistas costumam definir o intestino como “segundo cérebro”. Borges explica que essa denominação ocorre pela grande quantidade de neurônios presente no órgão, sendo a segunda maior coleção do corpo humano.
“Nesse sentido, há uma grande conexão entre esses dois órgãos pelas terminações neurais. Dessa forma, contribui para o equilíbrio das funções do corpo como o endócrino, o imunológico e até mesmo nervoso, uma vez que haverá melhor absorção dos nutrientes, fornecendo elementos importantes para o funcionamento do organismo”, pontua o gastroenterologista.
Ele acrescenta: “Toda essa via de boa absorção intestinal e sinalização de equilíbrio entre os componentes do corpo humano, contribuem para sensação de bem-estar, o que está intimamente ligada à felicidade.”
Saúde intestinal
Um dos assuntos do momento é a luta de Preta Gil contra o câncer no intestino, descoberto no início do ano. Em junho, durante uma entrevista à apresentadora Ana Maria Braga, a cantora contou que começou a desconfiar que não estava bem de saúde por conta de uma intensa constipação intestinal.
Mesmo sendo um órgão com grande importância para o funcionamento do organismo, Talles Borges explica que esse tipo de tumor é inicialmente silencioso e pode não apresentar sintomas por anos.
Quando aparece, geralmente vem acompanhado de sangue nas fezes, perda de peso sem correlação com dieta e/ou exercícios físicos, dor abdominal, alteração do hábito intestinal (padrão de constipação) ou da forma das fezes (achatadas ou em fita).
“Por isso, é importante que, além dos hábitos de vida, seja realizado a colonoscopia, principal exame para o seu diagnóstico, a partir dos 45 anos na população geral, independente de sintomas; e a partir dos 40 anos se houver história desse tipo de câncer entre pais, tios ou irmãos”, alerta.
Além disso, priorizar hábitos saudáveis, evitando álcool em excesso e o tabagismo, e adotar uma boa alimentação, se mostram como medidas fundamentais. “Busque a distribuição adequada de carboidratos, proteínas e gorduras. A boa ingestão de fibras encontrados nas folhas, frutas e verduras contribuirão, junto com a água, para o bom funcionamento intestinal”, recomenda.
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