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Esqueça a visão VR do metaverso: os gêmeos digitais estão chegando

Os óculos VR estão longe de ter uma adoção do público em geral. Mas talvez possamos acessar o metaverso por meio de outras ferramentas

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Homem de costas analisando projeto digital de edifícios de uma cidade - Metrópoles
1 de 1 Homem de costas analisando projeto digital de edifícios de uma cidade - Metrópoles - Foto: Getty Images

Quando Mark Zuckerberg anunciou no final de 2021 que o Facebook estava investindo no conceito do metaverso, através de uma nova marca como a Meta, talvez ele tenha escolhido o modelo errado para demonstrar todo o potencial da ferramenta.

Em menos de dois anos, a Meta já mudou a abordagem e anunciou uma reestruturação que incluiu demissões e a retirada de colecionáveis digitais. A divisão Reality Labs da empresa continua a sofrer perdas de bilhões de dólares anualmente. Em fevereiro, Zuckerberg revelou o congelamento de contratações para seus planos de metaverso e, ao invés disso, está se concentrando na IA generativa.

A aposta da Meta em uma experiência metaversal completa pode valer a pena no futuro, mas nos próximos dois anos, é mais provável que as empresas percebam valor a partir de um modelo mais operacional chamado “gêmeos digitais”.

Michael MacKenzie, gerente geral da IoT Edge Services, explica que um gêmeo digital não tenta simular todos os cenários possíveis, pois ele fornece uma representação do mundo real, ou, pelo menos, a parte do mundo real que pode ser detectada usando sensores e dispositivos conectados, mapeados para um modelo que representa o edifício ou objeto onde eles são colocados.

Projeção de prédios digitais em fundo - Metrópoles
Um gêmeo digital é uma representação de um ativo real

“Um gêmeo digital reduz o tempo para resolver problemas”, diz MacKenzie sobre os benefícios. “É sobre diagnóstico e solução de problemas. E pode incluir a ativação de feeds de vídeo ao vivo”, continua.

Em resumo, os gêmeos digitais são uma cópia virtual de uma peça, de um equipamento ou mesmo de um processo já existente, e servem para testar o uso do produto em diferentes condições além de prever possíveis problemas.

Além disso, eles são capazes de usar vários recursos tecnológicos para interpretar os comportamentos reais no ambiente digital. Assim, as fases de testes, seja de um projeto de máquinas, ou de uma peça automotiva, se tornam muito mais eficazes na medida em que se torna facilmente possível simular variáveis ou alterações no projeto.

Engenheiro operando equipamento virtual - Metrópoles
Os gêmeos digitais servem para testar o uso do produto em diferentes condições além de prever possíveis problemas

A empresa de tecnologia Arcalogix, com sede em Toronto, está usando IA generativa para converter plantas baixas de escritórios em 2D para modelos 3D editáveis que transmitem informações em tempo real sobre a presença e status do dispositivo.

A Procore Technologies Inc., com sede em Carpinteria, na Califórnia, está criando gêmeos digitais para a indústria da construção que farão a transição da construção padrão com uma série de riscos envolvidos para a operação de uma estrutura sem problemas.

“O modelo 3D é preciso e criado em segundos”, diz Graham, CEO da Arcalogix. “Levaria semanas para um arquiteto criar esse espaço e seria muito mais caro fazer isso de forma padrão”, acrescenta.

Na indústria da construção, os sistemas de modelagem de informações de construção (BIMS) têm sido usados há muito tempo para planejar projetos neste setor. A empresa Procore já se adiantou e está inovando através dos modelos em formato 3D. Entre os benefícios da nova tecnologia, estão o auxílio aos construtores no rastreamento da cadeia de suprimentos e otimização dos materiais que utilizados.

À esquerda, homem de costas usando óculos digital. À direita, homem digitando em tablet. Ao meio, projeto digital de edifício em construção - Metrópoles
O segmento da construção será beneficiado com a tecnologia

ArcaLogix e Procore são apenas dois exemplos de como os gêmeos digitais estão se tornando mais acessíveis em novas indústrias com sua facilidade de criação e gerenciamento. É um sinal de que o valor de curto prazo do conceito de “metaverso” não está na construção de ambientes de fantasia a serem explorados por meio de um fone de ouvido de realidade virtual, mas sim em uma camada adicional de contexto digital em cima do espaço físico real em que vivemos e trabalhamos.

A verdade é que o metaverso não deixou de existir, só está sendo reformulado com o auxílio das tecnologias que já usamos hoje, integrando interfaces de usuário tão acessíveis quanto qualquer página da web ou aplicativo de smartphone.

(*) Caroline Kalil é consultora de direito digital, investidora de criptomoedas, colecionadora de NFTs com certificação em KYC Blockchain Professional pela Blockchain Council, e blockchain development pela Consensys, além de autora do e-book O Metaverso Simplificado

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