Especialistas desmascaram alimentos saudáveis que são ultraprocessados
A médica Lorena Cariello e a nutricionista Leticia Canelada frisaram que alguns alimentos são ultraprocessados disfarçados de saudáveis
atualizado
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Ao transitar pelos corredores de um supermercado, não é difícil encontrar produtos com o rótulo de saudável. Quem busca ter uma alimentação balanceada e que favoreça o bom funcionamento do organismo acaba por colocar algumas dessas opções no carrinho de compras. Entretanto, alguns alimentos com “selos” de que fazem bem à saúde são “venenos” disfarçados, ou melhor, entram no rol de ultraprocessados.
Para desmascarar esses ultraprocessados categorizados de “saudáveis”, a coluna Claudia Meireles contou com a expertise da médica pós-graduada em nutrologia Lorena Cariello, do Rio de Janeiro; e da nutricionista Leticia Canelada, de São Paulo. Ambas fazem parte do Instituto Nutrindo Ideais. As duas especialistas foram convocadas a listar cinco alimentos que trazem a etiqueta de que beneficiam a saúde, mas, na verdade, provocam o contrário.
Lista dos alimentos
A listagem de Lorena engloba o peito de peru, farinha láctea, sucos de caixinha e biscoitos integrais. Já Letícia elenca a barra de proteína, iogurte adoçado ou com sabor, granola e doce “fit”. Uma unanimidade entre as duas experts é a barra de cereais. De acordo com a nutricionista, incluir essas opções na rotina aumenta o consumo de açúcares e adoçantes, o que eleva o risco de resistência à insulina, obesidade, inflamação crônica e diabetes.
“Dependendo do adoçante utilizado, a saúde da sua microbiota intestinal pode ser prejudicada. Ir ao banheiro diariamente não é garantia de um intestino saudável”, defende a expert em nutrição clínica funcional. Lorena, por sua vez, complementa que os alimentos mencionados costumam também ser ricos em sódio, gorduras e carboidratos ruins, e pobres em vitaminas, minerais e fibras.
“A falta de nutrientes essenciais pode comprometer a nutrição a longo prazo”, sustenta a médica pós-graduada em nutrologia. Segundo Lorena Cariello, ingerir esses alimentos com frequência gera “consequências para a saúde”, como doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Em relação às crianças, ela pontua que o consumo desses ultraprocessados disfarçados impacta no desenvolvimento infantil.
A nutricionista Leticia Canelada destaca que alguns aditivos e conservantes presentes nos alimentos ultraprocessados com o rótulo de “saudáveis” são “potenciais disruptores endócrinos”. “Afetam o equilíbrio hormonal e aumentam o risco de doenças metabólicas”, salienta. Para evitar levar para casa essas opções, as duas especialistas recomendam ficar de olho nos rótulos.
Rótulos
“Você deve sempre ler a lista de ingredientes e deixo um aviso: produtos ultraprocessados tendem a ter uma lista extensa com ingredientes desconhecidos, como aditivos, conservantes e emulsificantes”, detalha a nutricionista. Assim, Lorena aproveita para dar a dica: “Rótulos com mais de cinco ou nomes pouco familiares e que não fazem parte do seu dia a dia na cozinha devem te deixar em alerta”.
A médica pós-graduada em nutrologia explica que o açúcar surge com nomes disfarçados nas embalagens. “Por exemplo, sacarose, maltodextrina, glicose e xarope de milho. Se um desses aparecer como o primeiro ingrediente da lista, o produto provavelmente tem muito açúcar”, elucida. Ao rol de denominações, a nutricionista com especialização genômica nutricional acrescenta “o melaço, mel, néctar e concentrado de frutas”.
“No caso dos adoçantes, não se deixe levar pela ideia de ‘não tem açúcar, portanto, é saudável’”, aconselha Leticia. Ela prossegue: “Ingredientes como aspartame, sucralose, acessulfame K, ciclamato e maltitol são frequentemente usados para adoçar alimentos sem calorias ou poucas calorias e, inclusive, ocasionam impactos negativos no metabolismo e na microbiota intestinal.”
A nutricionista indica verificar se há a presença de gorduras hidrogenadas e de óleos vegetais refinados, a exemplo do de palma, soja, algodão e canola, na lista de ingredientes. “São prejudiciais à saúde cardiovascular”, afirma. Ao finalizar, Leticia ressalta: “Atenção aos produtos que contêm glutamato monossódico, nitritos ou níveis elevados de sal, mesmo que sejam apresentados como naturais ou integrais.”
A médica Lorena Cariello frisa que alimentos titulados como “light”, “fitness” e “rico em fibras” merecem cuidado tanto na compra quanto no consumo: “Esses termos normalmente mascaram ingredientes ultraprocessados”. Ela sugere comparar a quantidade de gorduras saturadas e ver se há menção de gorduras trans na tabela de informação nutricional. Caso as orientações sejam confirmadas, a expert instrui “evitar o consumo”.
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