Especialista lista cinco erros comuns na hora de consumir chá
Quem alerta para os cuidados com o preparo da bebida é o farmacêutico homeopata Jamar Tejada, de São Paulo
atualizado
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Seja para emagrecer, cuidar da saúde ou simplesmente saborear uma bebida quente, o chá está presente no dia a dia de muitos e prepará-lo não é tão simples quanto parece. Na verdade, se consumido ou armazenado de maneira errada, além não trazer nenhum benefício para a saúde, pode carregar uma leva de bactérias desencadeadoras de doenças.
Quem faz o alerta é o farmacêutico homeopata e proprietário da Anjo da Guarda Farmácia de Manipulação e Homeopatia de São Paulo, Jamar Tejada. Mas antes, o especialista explica que os chás e infusões são excelentes alternativas e devem entrar na dieta. A questão é que cada erva contém bioativos específicos e cada pessoa pode responder de maneira diferente a cada um deles. Por isso, é importante prepará-los da maneira correta.
Em entrevista à coluna Claudia Meireles, o pós-graduado em Medicina Esportiva pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPES) explica algumas regras básicas para aproveitar os benefícios das ervas.
1- Cuidado com a temperatura da água
Ao esquentar a água, nada de deixar ferver. Ou seja, coloque no fogo até que ela chegue perto do ponto de ebulição. Quando as primeiras bolinhas começarem a surgir, antes de borbulhar, já é hora de tirar das chamas.
Jamar esclarece que, tanto os chás quanto as infusões, exigem temperatura elevada para que os compostos bioativos sejam extraídos de maneira eficiente, mas essa temperatura não pode ser extrema, pois acabam se degradando.
“Dependendo o tipo de planta utilizada para a preparação do chá ou da infusão, será diferente o tempo de preparo e isso não tem a ver com o tipo de propriedade medicinal da erva, e, sim, com o tipo de planta. Ou seja, quanto mais frágil é a parte utilizada, como a folha e a flor, menos tempo precisa de infusão”, afirma o especialista. E acrescenta: “Se forem usadas partes mais duras, como caules e raízes, o tempo precisa ser maior para que os compostos sejam extraídos”.
De modo geral, ele recomenda de 3 a 5 minutos de infusão para flores e folhas e 10 minutos para os chás feitos com as partes mais rígidas, como raízes.
E não aqueça a água no micro-ondas, pois é impossível controlar a temperatura da água e isso será determinante no resultado final. Caso use o líquido da torneira e não mineral, deixe ferver por dois minutos para remover o cloro.
2 – Conservação
O armazenamento correto é o que vai assegurar o frescor, aroma, paladar e garantir todos os benefícios. Cada erva possui características específicas, por isso, não é possível estabelecer um período de validade para os chás. Depois de feita, nenhuma bebida deve ser consumida após 12 horas. E, neste período, deve ficar armazenada em recipiente de vidro e com tampa.
“As bebidas tendem a perder as propriedades medicinais através do processo de fermentação causada pelo ar. Sendo assim, quanto menos ar o recipiente possuir, melhor. E sempre guardá-los dentro da geladeira, caso contrário, as chances de ingerir bactérias é bem maior do que as chances de conseguir colher os benefícios dos chás”, fala Tejard.
O perigo da proliferação de bactérias está relacionado ao fato de grande parte das plantas usadas pela população ser comercializada, na forma seca e fragmentada, sem controle de qualidade. Ou seja, fora do padrão de qualidade da ANVISA.
“As plantas, devido as suas características, podem representar um local propício para crescimento de muitos fungos e bactérias, que poderão ser provenientes do solo, até mesmo pertencerem à microflora natural de certas plantas ou, ainda, serem introduzidas de forma inadequada durante a manipulação”.
Jamar Tejada, farmacêutico homeopata
3 – Não exagere no consumo
Para tudo existe limite e com o chá não deve ser diferente. As ervas também podem fazer mal se consumidas fora de controle. Algumas podem desencadear doenças. Para saber a quantidade certa, é preciso consultar um especialista.
Exagerar na hora do preparo e deixar a bebida muito forte também pode causar problemas. Seja qual for a erva e o objetivo escolhido, o consumo do chá não deve ultrapassar a dose de três xícaras diárias. Afinal, tudo o que ingerimos, precisa ser metabolizado e eliminado pelo fígado e rins. Se consumido em excesso, o fígado pode não ter condições de eliminar totalmente as toxinas, levando à sobrecarga e intoxicação do organismo.
“O fato de ser natural, nem sempre é sinônimo de ser seguro. Qualquer substância em excesso pode ser prejudicial, mesmo as naturais, e algumas são diretamente contraindicadas para algumas pessoas. Cada caso é um caso, cada organismo responde de forma diferente a determinado bioativo. Na dúvida, opte por tomar, no máximo, uma xícara de manhã, outra à tarde e uma terceira à noite”, alerta o farmacêutico.
4 – Não compre pronto
Sempre dê preferência ao chá caseiro, pela confiança em relação à origem dos ingredientes. As versões de saquinho, por exemplo, não têm a mesma qualidade de uma erva cultivada no seu jardim. Sendo assim, a preparação feita a partir de folhas, caule ou raízes naturais conserva mais as propriedades originais da planta.
“O fato do chá ter que passar por uma inspeção fiscal [ANVISA] garante maior segurança. Mas apesar de preservar alguns nutrientes — como os minerais — no processo de fabricação do chá industrializado, são perdidos polifenóis e vitaminas, como a vitamina C, que é altamente volátil, além de diversos óleos essenciais, aromas e sabores”, explica Tejada, pós-graduado em Formação para Dirigentes Industriais com ênfase em Qualidade Total pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
5 – Saber escolher bem as ervas
O poder das plantas medicinais que os chás proporcionam se dá graças à extração do princípio ativo que se dissolve na água quente, e, assim, pode aliviar, tratar e até curar algumas doenças.
Sejam folhas, raízes ou ervas, os ingredientes naturais possuem ações antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas e ainda auxiliam no processo metabólico, mas existem algumas contraindicações. Por isso, devem ser consumidos com orientação.
“São incontáveis as propriedades do chá, mas desde que utilizado com indicação e dose correta. Não faça uso de chás e infusões sem antes questionar um profissional de saúde da área que tenha especialização em fitoterapia”, finaliza Jamar Tejada.
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