Especialista explica como escolher sem erros os produtos de beleza
Karina Soeiro atua como farmacêutica e consultora de dermocosméticos de marcas brasileiras, alemãs e norte-americanas
atualizado
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Quem nunca ficou minutos em frente a uma prateleira física ou virtual a fim de escolher o melhor produto de beleza? Nos corredores de farmácias, supermercados e lojas de cosméticos, é comum encontrar algum cliente em dúvida sobre qual item adquirir. Por vezes, a coluna Claudia Meireles compartilha desse sentimento. Em busca de sanar alguns questionamentos a respeito das fórmulas, conversamos com a farmacêutica Karina Soeiro.
Fundadora da Apotheka Farmácia de Manipulação, fixada no interior paulista, a especialista atua como consultora em desenvolvimento de dermocosméticos de marcas brasileiras, alemãs e norte-americanas. Em um clique ou a poucos passos de casa, está à disposição uma variedade de produtos voltados ao cuidado da pele. Mas, para a farmacêutica, deve-se ficar atento a alguns tópicos na hora da compra. Primeiro, se a fórmula é feita ao tipo específico de cútis: mista, oleosa, seca ou normal.
Karina explica que o segundo ponto é mais difícil das pessoas identificarem por não terem um conhecimento técnico. Realmente essa composição será eficaz e me ajudará? De acordo com a expert, as fórmulas disponíveis em prateleiras de supermercados, lojas e até em farmácias não trazem uma concentração efetiva. “Na legislação, produtos vendidos dessa maneira, geralmente, apresentam classificação de grau 1. Para serem registrados, precisam dispor de concentrações limitadas de matéria-prima”, alega.
Diferenças
“Muitas vezes, é complicado ter uma expectativa de um bom resultado”, frisa a farmacêutica a respeito dos produtos obtidos em lojas ou sessão de beleza. O assunto abordado por Karina Soeiro abre espaço para a pergunta: qual a diferença entre cosméticos e dermocosméticos? Ao definir a primeira opção, a profissional caracteriza como uma fórmula dedicada a embelezar: “Mais fantasioso, no sentido de não entregar tanto resultado”.
Mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade São Paulo (USP), Karina Soeiro descreve o dermocosmético como um produto elaborado para fazer um tratamento efetivo, com concentrações mais expressivas de insumos e, por isso, apresenta maior eficácia. “Não serve para mascarar e sim agir em algum problema específico. Normalmente, é indicado por um profissional de saúde”, afirma.
Indeciso sobre qual alternativa recorrer: cosmético ou dermocosmético? A expert defende que depende do objetivo. “Se pensa só em lavar o cabelo e deixá-lo bonito, pode utilizar um cosmético capilar. Agora, se deseja um tratamento, já sabe que deverá partir para a fórmula mais potente”, orienta a professora e pesquisadora. Como forma de intensificar os efeitos, há a opção de manipular os itens. Karina considera mais benéfico.
“A vantagem das fórmulas manipuladas é a possibilidade de personalização. Dispor de um produto realmente específico de acordo com as suas demandas, além das necessidades da pele e do cabelo. Também a possibilidade de aumentar a concentração dos insumos para que tenha um resultado muito mais rápido e efetivo”, esclarece a consultora de marcas de beleza brasileiras e estrangeiras. Karina instrui procurar um farmacêutico ou dermatologista, caso queira se informar sobre a composição de determinada fórmula.
Skincare
Por saber tintim por tintim do desenvolvimento e propriedades dos produtos, Karina sabe bem o que é indispensável ter na rotina de cuidados com a cútis. Assim como os dermatologistas, a farmacêutica bate na tecla acerca do uso do protetor solar. “A maioria dos problemas de pele é causada pela exposição exagerada ao sol. O envelhecimento, melasma e até a acne podem ser agravados devido aos raios UVA e UVB. Ou seja, o primeiro produto da lista se chama filtro solar”.
A especialista recomenda adquirir um bom agente de limpeza, como um sabonete líquido ou em barra com a composição correta. Em seguida, deverá integrar a sessão de cuidados o produto para remediar ou prevenir o foco dermatológico. Por exemplo, acne, melasma ou sinais de envelhecimento. “O mais importante é ter uma terapêutica geral que conseguirá tratar todo o rosto, pescoço e colo na maioria das situações. Subprodutos dessas classificações, como creme específico para a área dos olhos, podem ser colocados em segundo plano”, aconselha.
Qual o melhor?
Eis a questão: líquido ou em barra? Na análise de Karina, ambos os produtos podem ser bons nos dois formatos. O que dita a eficácia é a composição. Por preferência, a profissional opta pela segunda opção devido à sustentabilidade e praticidade no uso, transporte e hora de guardar. A expert explica que um sabonete em barra, se feito pelo processo de saponificação normal e com pH extremamente alto, não será eudérmico, ou seja, é melhor evitar utilizar, por não apresentar um cuidado específico com a pele.
Para identificar se um sabonete em barra pode ser utilizado sem riscos é preciso que ele tenha o pH normal, isto é, em torno de 5,5. “Uma dica importante para saber se o produto foi feito pela saponificação e tem o pH muito alto é olhar a composição e observar se há a presença de hidróxido de sódio. Se o ingrediente estiver em inglês, certeza de que o produto foi feito pelo processo e não deve ser utilizado na rotina de skincare”, avisa a farmacêutica. Coloque também a técnica de Karina em ação ao adquirir um xampu em barra.
Perigos
Mestre em ciências farmacêuticas, Karina entende da composição química dos produtos e sabe bem quais ingredientes podem causar danos ao organismo. “O primeiro fator prejudicial é se não for indicado ao seu tipo específico de pele ou cabelo. Segundo, alguns ativos são nocivos ao seu corpo”, sustenta. Como exemplo, a expert cita a utilização do formaldeído, conhecido por formol e aplicado no procedimento de alisar as madeixas. “Não só pode deteriorar os fios, mas também ter um efeito sistémico e levar a intoxicações graves”, avisa.
Em relação aos produtos voltados à pele, a especialista exemplifica com o protetor solar. Segundo a farmacêutica, alguns componentes das fórmulas podem ser absorvidos pelo organismo e, se de fato ocorrer, tendem a gerar uma ação estrogênica, conforme foi mostrado em estudos. “Com o passar do tempo, como têm efeito bioacumulativo, é considerado perigoso. Existem algumas pesquisas que relacionam o problema a determinados cânceres”, salienta a fundadora da Apotheka Farmácia de Manipulação.
Para evitar quaisquer consequências e efeitos adversos, Karina orienta consultar com um profissional especializado que conheça a composição do produto.
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