Epigenética: entenda a ciência que revolucionou a esfera do bem-estar
O cientista e biólogo Bruce Lipton diz que são as nossas crenças que controlam a biologia humana, e não o DNA (ou gene)
atualizado
Compartilhar notícia
Dando seguimento à série de conteúdos voltados à saúde e ao bem-estar – na qual a coluna apresenta nomes que se destacam mundo afora por suas ideias, teorias e fórmulas revolucionárias – o personagem da semana, Bruce Harold Lipton, levanta opiniões notáveis sobre epigenética, um dos campos de estudo mais importantes da atualidade.
Traduzido como aquilo que está “por cima da genética”, o conceito é um estudo da hereditariedade, como a análise de cargas genéticas com o intuito de promover a saúde. Lipton é um dos nomes mais lembrados quando o assunto vem à tona. O cientista e biólogo de células-tronco norte-americano é autor de obras literárias de muito êxito, como The Biology of Belief (traduzido no português como A Biologia da Crença).
O que o escritor quer ensinar?
A publicação, considerada um dos melhores livros científicos lançados, traz a alegação de que são as nossas crenças que controlam a biologia humana, e não o DNA (ou gene). Ele prega que o que condiciona um organismo vivo é seu ambiente físico e energético (dieta, comportamentos, idade e telômeros), e não sua carga genética, como defende a síntese evolutiva moderna. Portanto, para ele, os seres humanos, como organismos vivos, não são determinados por seus genes e, sim, condicionados pelo meio ambiente e, acima de tudo, por suas crenças, o que os faz donos absolutos de seu destino.
“Fizeram-nos crer que o corpo é uma máquina bioquímica controlada por genes sobre os quais não se pode exercer qualquer autoridade. Isso implica que somos vítimas de uma situação. Nós não escolhemos esses genes, nós os recebemos no nascimento e eles programam o que vai acontecer”, defende o autor, após concluir um estudo no qual organizou três grupos de células e alterou seus meios de crescimento e componentes ambientais, verificando que cada placa formou um conteúdo diferente.
“Em uma das placas se formou o osso, em outro, músculo, e, em outro, células liposas. O que controlava o destino de cada uma delas se fossem geneticamente idênticas? Isso mostra que os genes não controlam tudo, é o ambiente. O ser humano é quem controla, dependendo de como ele lê o ambiente, como sua mente o percebe. A conclusão é que não somos limitados pelos nossos genes, mas pela nossa percepção e nossas crenças”, garante o cientista.
“Quando você acredita que os genes controlam sua vida, você tem uma desculpa para se considerar uma vítima. Existem doenças que, de fato, são causadas por um gene, mas essas doenças equivalem a menos de 2% do desconforto sofrido pela população mundial”
Bruce Lipton
Doutor em biologia do desenvolvimento e professor, Lipton rejeitou o ateísmo e passou a acreditar que a maneira como as células funcionam demonstra a existência de Deus, ainda na década de 1980. Ele ainda esteve envolvido em estudos importantes. “Minha pesquisa irritou muitas pessoas”, disse o especialista.
Por destoarem dos entendimentos clássicos, que indicam que os genes governam nossa saúde, as declarações do biólogo foram ignoradas pela ciência convencional.
No momento em que almejou escrever uma obra literária, Lipton desejava abordar, principalmente, a espiritualidade, o que era inaceitável pelas tradições e o marginalizaria. “Meu subconsciente estava me protegendo, dizendo: ‘Se você terminar este livro, estará comprometendo sua credibilidade’. Até que mudei minha abordagem e incorporei um programa sobre como eu queria que o livro fosse escrito. Foi a experiência mais incrível da minha vida!”, contou o biólogo ao veículo francês FemininBio.
Ganhador do prêmio Goi Peace 2009, o pesquisador também escreveu os livros Spontaneous Evolution: Our Positive Future and a Way to Get There from Here (2010) e The Honeymoon Effect: The Science of Creating Heaven on Earth (2013).
“Pensamentos curam mais que remédios”
Para o pesquisador, as doenças mais comuns atualmente, como diabetes, problemas cardíacos e câncer, são o resultado da interação entre múltiplos genes e, especialmente, fatores ambientais. Segundo o portal Pensar Contemporâneo, o trabalho de Bruce Lipton também envolve conscientizar os indivíduos sobre os malefícios dos remédios de farmácia. De acordo com o estudioso, eles são prescritos para a doença, mas, na maioria das vezes, causam mais problemas do que benefícios.
Por outro lado, a mente é energia, ou seja, quando você pensa, você logo transmite energia. E os pensamentos são mais poderosos que a química, segundo o cientista, convidado com frequência para programas de TV e rádio, além de apresentar conferências nacionais e internacionais. Segundo o expert, mudando os pensamentos, podemos mudar nossa realidade. “Uma vez que aceitamos que nós somos responsáveis por tudo o que nos acontece, temos o poder de retomar o controle de nossas vidas”, explica Lipton em seu site oficial.
O poder do pensamento é algo que o cientista reverencia. De acordo com ele, se as crenças sobre o mundo e sobre nós mesmos forem negativas, o resultado será inevitavelmente angústia, desarmonia e doenças. “Se acordarmos todas as manhãs sentindo-nos ansiosos ou pensando que a vida é uma luta, nosso cérebro iniciará a produção de hormônios do estresse [cortisol, norepinefrina e adrenalina], que inevitavelmente desligam nosso sistema imunológico, nosso crescimento, e nossa capacidade de pensar”, diz o guru em sua página.
O segredo para a harmonia
Afinal, como fazer com que a mente, o corpo e o espírito trabalhem juntos? “Essa é uma luta para muitos, porque essas crenças costumam estar tão profundamente arraigadas em nosso subconsciente que nem mesmo temos consciência delas. Elas controlam nossos pensamentos, comportamentos, atitudes e reações”, filosofa Bruce Lipton.
Segundo o pesquisador, ao olharmos para o quadro geral, devemos reconhecer que somos todos participantes ativos não apenas em nossas próprias vidas, mas também no futuro da civilização humana. “A verdade é que a civilização está passando por uma convulsão evolutiva ou metamorfose. Estamos passando de um estado de competição e sobrevivência para comportamentos mais conscientes”, afirma. “Reconhecer a importância da mente, do corpo e da alma nos traz um passo mais perto de criar um futuro mais sustentável com base na comunidade e na cooperação”, acrescenta.
“Quem é o químico que decide a composição do sangue? O cérebro! Graças aos hormônios, neurotransmissores e outras neurossecreções que ele emite por meio de seus neurônios”, defendeu Lipton à FemininBio.
Na entrevista, o autor enfatizou que o cérebro traduz as imagens em nossa mente em química complementar. “Se estou apaixonado, produzo dopamina, o hormônio do prazer. Essa química sanguínea específica libera o hormônio do crescimento, que estimula a vitalidade. Pelo contrário, se tenho medo, libero os hormônios do estresse e crio um meio de cultura diferente que direciona a ação do hormônio do crescimento para a proteção do corpo. Isso ‘desliga’ o sistema imunológico, a fim de mobilizar toda a energia da ‘fuga’, para nos libertar do problema encontrado”, ponderou.
Na mesma reportagem, Bruce Lipton complementou que vivemos em um mundo no qual “se acreditamos nas notícias, temos medo, e só isso pode nos matar”. “Você pode morrer de pensamentos negativos da mesma forma que pode salvar sua vida com pensamentos positivos. No contexto atual, o medo nos tornou candidatos potenciais ao contágio. Quanto mais medo você tiver, mais graves serão os sintomas se você for afetado”, despertou.
As teses de Lipton serviram de inspiração para outros estudos e publicações importantes do ramo. Muitos artigos subsequentes de outros pesquisadores validaram seus conceitos e ideias. O cientista está convencido de que a aplicação dessa “ciência” à sua biologia pessoal promoveu uma melhora considerável em seu bem-estar físico como também na sua qualidade de vida e caráter. Para ele, isso também foi passado a outras pessoas que aplicaram os princípios ministrados por Lipton em palestras.
Assista, a seguir, a uma seleção de vídeos em português com ensinamentos de Bruce Lipton:
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.