Entenda a câmara de oxigênio que Marc Jacobs usou após lifting facial
A modalidade terapêutica é responsável por auxiliar na cicatrização e prevenir infecções. A técnica já chegou ao Brasil
atualizado
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Recentemente, o famoso designer Marc Jacobs realizou um procedimento cirúrgico de lifting facial, com o intuito de eliminar as rugas no rosto e no pescoço. A notícia que vem circulando nos jornais internacionais é sobre uma ferramenta adotada por ele para acelerar o processo de recuperação. Trata-se da oxigenoterapia hiperbárica, composta por oxigênio 100% puro, responsável por auxiliar na cicatrização e prevenir infecções.
Afinal, o que é exatamente essa técnica? Qualquer pessoa pode realizar? Para que tipos de plásticas ela é indicada? A coluna Claudia Meireles conversou com o cirurgião plástico André Maranhão, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e ex-presidente da regional do Rio de Janeiro, para saber tudo sobre o procedimento que tem despertado a atenção de muitos profissionais e pacientes.
Confira:
A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma terapia que se baseia na oferta de oxigênio puro (FiO2 = 100%) em um ambiente pressurizado e a um nível acima da pressão atmosférica, habitualmente entre duas e três atmosferas (lembrando que o ar ambiente tem, em média, 20%). “Em geral, as clínicas de terapia hiperbárica possuem câmaras com capacidade para um paciente ou para diversos pacientes sob supervisão médica”, explica o médico.
De acordo com o cirurgião, em relação à cicatrização, a técnica é recomendada porque aumenta a oferta de oxigênio nos tecidos que estão sob estresse circulatório ou infeccioso.
Entretanto, outras indicações também são estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina. São elas:
- Síndrome de Fournier: doença rara causada pela proliferação de bactérias na região genital que promove a morte das células do local e leva ao surgimento de sintomas de gangrena, como dor intensa, cheiro fétido e inchaço da região.
- Celulites, fasceítes (infecção bacteriana grave que destrói o tecido debaixo da pele) e miosites (doenças autoimunes raras, que afetam os músculos).
- Vasculites agudas, ou seja, inflamação de vasos sanguíneos.
- Lesões por radiação, como radiodermite, osteorradionecrose e lesões actínicas de mucosas.
- Anemia aguda, nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea.
- Isquemias traumáticas agudas (presença de um fluxo de sangue e oxigênio inadequado a uma parte específica do organismo), lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplante de extremidade amputada, entre outros.
- Queimaduras térmicas ou elétricas.
- Lesões refratárias: úlceras de pele, pé diabético, escaras de decúbito, úlceras por vasculites autoimunes e deiscências de sutura (complicação grave na qual os bordos da ferida, que estão unidos por uma sutura, acabam abrindo e se afastando).
- Osteomielite: infecção do osso, geralmente causada por bactérias, mas que também pode ser provocada por fungos ou vírus.
- Retalhos ou enxertos comprometidos, em caso de cirurgias estéticas ou reparadoras.
Qual é a duração e quantas sessões são necessárias?
Segundo André Maranhão, após o paciente passar por uma avaliação médica, ele é direcionado para sessões diárias de 60 a 90 minutos. O número de sessões varia de acordo com cada caso, mas a média é de 10 aplicações.
Há contraindicações?
O médico alerta que a OHB é bastante desconfortável para os ouvidos e para as pessoas que têm fobia de permanecer em ambientes fechados ou com pouca circulação de ar, devido às câmaras. “O processo é contraindicado para quem tem problema de pressão nos ouvidos ou claustrofobia”, afirma.
André adverte, ainda, que pessoas com sinusite ou otite não devem fazer o tratamento enquanto estiverem com esses diagnósticos.
Como a oxigenoterapia hiperbárica age?
O especialista conta que a técnica nada mais faz do que aumentar a oferta de oxigênio nos tecidos vitais, o que reforça os efeitos anti-isquêmicos (que melhoram a circulação local do sangue) e anti-hipóxicos (que aumentam o oxigênio no sangue).
A modalidade terapêutica já chegou ao Brasil?
O cirurgião conta que a OHB já está bem estabelecida no Brasil em diversas clínicas, atendendo diferentes indicações, mas, predominantemente, em cirurgias reparadoras de feridas crônicas. André, por exemplo, costuma utilizar o tratamento em pacientes com dificuldades de cicatrização, como diabéticos, fumantes e pessoas com síndromes vasculares.
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Quanto eu devo investir?
De acordo com o profissional, as sessões variam entre R$ 300 e $ 1.000, dependendo da oferta de clínicas em cada região. No geral, conforme ele diz, o procedimento é coberto por planos de saúde.
Alternativa para complicações cirúrgicas
Em junho do ano passado, o Metrópoles divulgou sobre as complicações que a ex-panicat Tati Minerato teve após uma lipoaspiração. Dias depois da cirurgia, seus pontos se abriram e deram início a um processo inflamatório. Após seguir para uma clínica particular, onde recebeu tratamento com medicação oral, Tati recorreu à oxigenoterapia hiperbárica para a cicatrização e combate à infecção.
Aliado no combate à Covid-19
Outra notícia publicada pelo Metrópoles em maio deste ano abordou um estudo, iniciado no Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte (MG), que busca avaliar os benefícios da oxigenoterapia hiperbárica no tratamento de pacientes com Covid-19. O objetivo é evitar ou adiar a necessidade de intubação em pessoas com redução da oxigenação nos tecidos do corpo e falta de ar.
O uso da câmara hiperbárica poderá acontecer apenas em pacientes que atendam alguns pré-requisitos, como estar internado na enfermaria do novo coronavírus sem indicação de intubação, os que fizeram teste PCR com resultado positivo ou os que apresentem tomografia de tórax e análise clínica sugestivas para a doença e que estejam com saturação de oxigênio abaixo de 93%.
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