Endocrinologista revela seis sinais que indicam que você tem lipedema
Caracterizada pelo depósito de gordura e inchaço localizado nas pernas e braços, a doença crônica acomete principalmente as mulheres
atualizado
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De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), o lipedema é uma doença crônica que acomete principalmente as mulheres. Frequentemente confundido com varizes ou retenção de líquidos, o quadro é caracterizado pelo depósito de gordura e inchaço localizado nas pernas e nos braços, além de dor nas áreas afetadas.
Para a endocrinologista Paula Pires, muitas pessoas acreditam que o lipedema é uma doença causada por acúmulo de gordura, mas, na verdade, consiste em uma condição do tecido conjuntivo frouxo. “Esse é um tecido que tem muitas estruturas, tem gordura, mas também vasos, células da imunidade, células inflamatórias e fibroblastos”, explica a médica.
Em quem tem o diagnóstico, o tecido em questão tem um aspecto mais “duro”, ou fibrosado, conforme diz a profissional. “Então, no meio dessa gordura, além de ter várias outras substâncias, há uma grande inflamação, uma gordura inflamada”, afirma.
Algumas celebridades brasileiras já se pronunciaram sobre o assunto e revelaram ter a doença, como Yasmin Brunet, Juliane Massaoka e a ex-paquita Tatiana Maranhão.
Causas
Segundo Paula Pires, ainda não se sabe, ao certo, as causas do lipedema. “Tem um componente genético muito grande, tanto que costumamos observar a presença da doença em vários membros da mesma família. Já existem estudos genéticos evidenciando algumas mutações e polimorfismos”, analisa.
“Também sabemos que a condição tem muita relação com o estrógeno [um dos principais hormônios sexuais da mulher, sendo responsável pelo desenvolvimento das características físicas e órgãos sexuais femininos], tanto que o lipedema aparece ou piora em fases específicas da mulher, como puberdade, gestação e menopausa”, acrescenta.
“Pessoas que têm essa tendência genética acabam com uma predisposição a ter uma resposta celular ao estrógeno um pouco diferente, e aí esse tecido costuma inflamar e proliferar com flutuações hormonais, por isso, acontece muito do lipedema piorar na gestação, na puberdade ou na menopausa”
Paula Pires, endocrinologista.
Tratamentos
O primeiro passo ao desconfiar ou identificar o lipedema é procurar um médico. As especialidades que tratam e ajudam no quadro, segundo Paula, são endocrinologista, cirurgião-vascular, nutricionista, fisioterapeuta e cirurgião-plástico.
Ela conta que ainda não há cura para a doença, mas há tratamento. “Ele consiste na mudança do estilo de vida, perda de peso, alimentação saudável e exercícios físicos. Mas, um tratamento específico para o lipedema ainda não existe”, pontua.
A endocrinologista comenta que a cirurgia plástica com lipoaspiração é uma das soluções mais efetivas. “No entanto, tem que ter uma indicação, um acompanhamento médico”, frisa.
“Dieta, emagrecimento e mudança do estilo de vida melhoram os sintomas, como dor, roxos, sensação de peso e mobilidade, mas não reduzem o volume”, esclarece Paula.
Existem, também, ferramentas aliadas, conforme lista a médica, a exemplo da drenagem linfática, da fisioterapia, das meias elásticas e das bombas pneumáticas de compressão (BCP).
Por outro lado, a especialista faz um alerta importante: “Há muitas informações duvidosas por aí e muita gente vendendo fórmulas milagrosas, manipuladas ou produtos sem evidências científicas que, na verdade, não ajudam em nada e podem ser até perigosas.”
Impactos
Falar em lipedema sem abordar os impactos psicológicos que o quadro traz à vida de uma pessoa é como fechar os olhos para uma realidade que atinge, aproximadamente, 11% das mulheres, de acordo com a SBACV. Paula Pires destaca que 85% delas sentem que a doença afeta a saúde mental e a autoestima, e 35% acreditam que a condição desencadeia depressão ou ansiedade.
Entretanto, ela lembra que o diagnóstico precoce pode diminuir o impacto na saúde mental.
Seis sinais que indicam que você tem lipedema, segundo a endocrinologista Paula Pires
1 – Acúmulo de gordura simétrico
Geralmente, a doença causa um acúmulo de gordura de forma simétrica, especialmente nas pernas, que pode parecer desproporcional em relação ao tronco. “Mesmo emagrecendo a barriga, as pernas com lipedema não reduzem o volume”, afirma a médica.
2 – Dor e sensibilidade
Conforme a profissional ressalta, as áreas afetadas pelo lipedema podem ser dolorosas ao toque e podem apresentar uma sensação de peso ou desconforto.
3 – Alterações na pele
A pele sobre as áreas afetadas também sofre com sintomas, podendo parecer mais fina ou apresentar hematomas com mais facilidade ou regiões de nódulos dolorosos.
4 – Dificuldade em perder peso
Apesar de dietas e exercícios, a gordura associada ao lipedema não tende a responder facilmente à perda de peso, segundo Paula Pires.
5 – Desproporção corporal
Muitos indivíduos diagnosticados com o quadro notam uma desproporção entre a parte inferior do corpo (em que a gordura se acumula) e a parte superior.
6 – Sensação de calor
Algumas pessoas relatam sensação de calor ou ardor nas áreas afetadas.
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