Endócrino responde: vale a pena comprar uma balança de bioimpedância?
A médica Daniela de Paiva explica tudo sobre o equipamento que virou febre nos últimos anos. Confira as recomendações
atualizado
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Você já fez bioimpedância? Esse exame costuma ser solicitado por médicos, como endocrinologistas e nutrólogos, profissionais de educação física nas academias, nutricionistas, entre outros especialistas. A análise é uma das mais utilizadas e indicadas atualmente para avaliação da composição corporal, de fácil execução, não invasivo e que independe da habilidade do examinador.
Segundo a endocrinologista brasiliense Daniela de Paiva, a máquina de bioimpedância é uma balança capaz de avaliar a massa de gordura e a massa livre de gordura do organismo por meio de uma corrente elétrica gerada no corpo, e detectar as diferenças na condução da corrente elétrica nos tecidos biológicos. Para a análise, o equipamento considera que o tecido muscular é altamente condutor e a gordura é de baixa condutividade.
A bioimpedância é capaz de avaliar o percentual de gordura, a quantidade de massa magra (que engloba a massa muscular e água corporal total) e de massa óssea, o índice de massa corporal (IMC), e a relação da cintura/quadril.
A depender da tecnologia do aparelho, outros parâmetros também podem ser avaliados, conforme afirma Daniela. São eles: a gordura visceral (nos órgãos), a distribuição segmentar (nos membros superiores, inferiores e no tronco) da massa magra e da massa gorda, a quantidade de água intracelular e extracelular, eventuais edemas (retenção de líquido) e até a estimativa da taxa metabólica basal (gasto de calorias do indivíduo por dia, em repouso).
Posso ter a minha própria balança de bioimpedância?
De acordo com a endocrinologista, a bioimpedância deve ser realizada em academias, e consultórios médicos e nutricionais. Além disso, precisa ser analisada e interpretada por profissionais habilitados que saibam orientar adequadamente o paciente com base nos resultados. Entretanto, ao acessarmos o Google, conseguiremos encontrar opções à venda, com preços em torno de R$ 200 a R$ 6 mil. Afinal, é seguro ou não ter o próprio equipamento em casa?
Para Daniela, o que diferencia os modelos disponíveis no mercado são as frequências de correntes elétricas geradas e a quantidade de eletrodos. “Quanto maior a quantidade de frequências e de eletrodos, maior a acurácia do aparelho, ou seja, mais fiel à realidade ele é. E isso explica a diferença tão grande de preços dos aparelhos de bioimpedância no mercado”, instrui.
Conforme a médica diz, não existe uma recomendação formal de se ter um aparelho de bioimpedância em casa, por terem baixa precisão na avaliação, especialmente quando se tem acesso a equipamentos mais tecnológicos na academia ou na clínica do profissional que acompanha o indivíduo. “Mas também não vejo como um problema, desde que a pessoa saiba que não se trata de um aparelho com boa precisão”, opina.
Contudo, a recomendação mais importante, na opinião da especialista, é a de ter uma balança em casa para pesagens e utilizá-la de uma a duas vezes por semana, “pois isso auxilia o indivíduo a ter um controle melhor sobre o peso”. Ainda, ela sugere se pesar pela manhã, em jejum e sem vestimentas. “Essa é a forma mais adequada”, destaca.
Quais são as melhores marcas?
Segundo a médica, a densitometria de corpo inteiro (DEXA) é considerada o exame-padrão para avaliação da composição corporal, como procedimento que possui maior precisão na medição da gordura corporal. Ela, porém, é de mais difícil acesso e possui radiação, embora muito baixa. A bioimpedância, por sua vez, não tem radiação. E, de acordo com Daniela, existem aparelhos no mercado bastante confiáveis e com efetividade muito semelhante à DEXA.
“A marca mais recomendada do Brasil é a InBody, sendo os modelos InBody 720 e InBody 780 os melhores e mais tecnológicos disponíveis. A precisão deles é de 97 a 98% comparados à DEXA.”
Daniela de Paiva
Daniela de Paiva acredita no potencial das balanças de bioimpedância. “É um exame de ótima acurácia, a depender da tecnologia do aparelho, simples e prático, que auxilia bastante na orientação individualizada do paciente quanto às mudanças de estilo de vida”, diz. “Também ajuda na elaboração do plano alimentar, bem como na indicação do tipo de atividade física mais adequada para o paciente e, em alguns casos, é de extrema importância na decisão da prescrição de um tratamento medicamentoso complementar”, completa.
Quando fazer?
A profissional de saúde esclarece que não existe um recomendação formal, baseada em evidências científicas, quanto à periodicidade a ser realizada. “Mas, na minha avaliação como especialista, é importante que seja feita no início do acompanhamento profissional e, se possível, no mínimo a cada seis meses desse acompanhamento”, frisa.
“Na prática clínica, percebo que os pacientes, em geral, gostam de fazer em todas as consultas e quase sempre é realmente útil, pois norteia a conduta do profissional. Ele analisa se as estratégias traçadas estão adequadas, bem como se o que foi executado pelo paciente foi ou não eficaz, orientando o que deve ser mantido ou modificado”, afirma.
Contraindicação
As restrições da bioimpedância são em pacientes com amputação de membro(s), uso de marca-passo ou desfibrilador. Daniela acrescenta que o exame também não é indicado para gestantes.
Preparos
Ao realizar a pesagem, há uma lista de condições para um resultado mais eficaz. São elas: ingerir uma média de 2 litros de água no dia anterior ao exame; evitar o uso de medicação diurética no dia anterior ao exame; não realizar atividade física pelo menos nas 12 horas que precedem o teste; não ingerir bebidas alcoólicas ou que contenham cafeína nas oito horas que antecedem o exame; não estar gestante ou no período menstrual.
A médica acrescenta que, no dia da avaliação, é necessário remover acessórios ou peças que contenham metal. É preciso fazer jejum de pelo menos quatro horas. “Porém, devido à dificuldade de adesão dos pacientes a todas essas restrições, pode ser feito em condições subótimas, e o ideal é que os exames feitos posteriormente também sejam realizados em condições subótimas para adequadas comparações”, ressalta.
Metas
Existem resultados ideais para os indivíduos que se submeteram à avaliação? De acordo com a endocrinologista, isso varia de acordo com a marca de bioimpedância. “Nos modelos da InBody, que são os mais encontrados em clínicas e academias, o percentual de gordura adequado é de 18 a 28% para mulheres e de 10 a 20% para homens”, ilustra.
Já os valores de referência de massa de gordura e de massa livre de gordura são variáveis de acordo com sexo, altura e faixa etária, conforme diz a médica.
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