Embaixada do Líbano recebe autoridades para lançar fundo humanitário
Orquestrado pela embaixadora Carla Jazzar, o evento foi prestigiado por personalidades como Michel Temer e Carlos França
atualizado
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Na última quarta-feira (3/8), a embaixadora do Líbano no Brasil, Carla Jazzar, e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, lançaram o Fundo Humanitário em Ajuda ao Povo do Líbano. Tendo como presidente de honra do fundo o ex-presidente da República Michel Temer, a iniciativa foi anunciada durante um evento na sede da Embaixada do Líbano, em Brasília.
A ocasião marcou os dois anos da grave explosão que atingiu o Porto de Beirute. O ocorrido protagonizou as manchetes com cenas chocantes das megaexplosões que devastaram a capital em 4 de agosto de 2020. O fundo humanitário foi lançado com a premissa de ajudar o país da Ásia Ocidental em sua reconstrução.
“Me sinto muito honrado, de um lado, e exposto, do outro, embora eu seja presidente de honra, a exercer uma função também, vamos dizer, executiva, na medida em que eu tentarei sensibilizar não só os descendentes de libaneses árabes, mas também a comunidade brasileira, para que entendam a situação dramática pela qual o Líbano passa. Portanto, nós, por um princípio humanitário, devemos todos colaborar. Farei todo o esforço para isso”, declarou Michel Temer à Coluna Claudia Meireles.
De acordo com a Unicef, a explosão em Beirute é a última parcela de uma terrível crise no Líbano, onde o colapso econômico e o aumento nos casos de Covid-19 deixaram famílias necessitadas de assistência emergencial. Conforme noticiou a emissora Al Jazeera, a nação registrou recorde de casos de coronavírus após a tragédia.
Atualmente, o país enfrenta uma das piores crises dos últimos 150 anos, de acordo com relatório lançado pelo Banco Mundial. A libra libanesa, por exemplo, atingiu uma desvalorização histórica, perdendo mais de 100% do seu valor frente ao dólar. Já a inflação chegou a 300%. Os depósitos pessoais estão congelados nos bancos. A falta de reservas de moeda estrangeira ainda limitou as importações de itens essenciais, como gás e óleo diesel.
Como consequência, há blecautes que chegam a 23 horas por dia, além da falta de remédios, alimentos e outros insumos básicos. Tudo isso foi agravado pela presença de mais de um milhão de refugiados sírios, fora a pandemia, a explosão no porto de Beirute e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
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Durante discurso no evento, a embaixadora do Líbano no Brasil, Carla Jazzar, enfatizou que a presença de cada convidado é um “testemunho da solidariedade dos brasileiros com o Líbano”.
Segundo ela, essa é uma solidariedade que nunca falhou. Ela citou o dia seguinte à tragédia de 4 de agosto, data em que o presidente Bolsonaro enviou uma delegação oficial para oferecer ajuda humanitária e moral ao povo libanês.
“Essa generosidade fortalece minha convicção de que o Brasil e sua comunidade de descendentes libaneses são e serão, sempre, um pilar de amizade e carinho”, disse a diplomata.
Em conversa com a coluna, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, frisou que o lançamento do fundo é uma iniciativa “embasada na tradição brasileira de cooperação e nos laços históricos intensos e fortes que a comunidade libanesa tem com o povo brasileiro”.
“Nós, no Brasil, temos, hoje, a maior colônia libanesa fora do Líbano. Eles contribuíram para a nossa matriz cultural com os livros de Jorge Amado e tantas outras expressões da cultura, além do comércio, da indústria e do desenvolvimento econômico”, contou Carlos França.
Anthony Moussa, adido econômico do Líbano no Brasil, destacou que há mais libaneses no continente brasileiro do que no próprio país de origem, um número em torno de 12 milhões de descendentes. “Esse apoio é o que deixa o país se sustentar”, disse o encarregado, agradecendo à Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ao Itamaraty e a todos os demais parceiros do fundo.
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