Se você preza pelo bem-estar do corpo e da mente e por manter um estilo de vida saudável, precisa conhecer o Grounding. A prática nos permite o contato com a natureza e ajuda a combater o estresse, a ansiedade e a depressão, como também colabora no controle da pressão arterial, além de muitos outros quadros.

Do inglês, grounding significa “aterrar”. Trata-se de buscar o contato direto ou indireto do corpo com a superfície terrestre, deitando-se, ficando descalço, permanecendo sentado ou tocando a terra com as mãos.

Médico e fundador do Instituto Dr. Barakat de Medicina Integrativa, Mohamad Barakat é um dos defensores dessa prática. Ele conta à Coluna Claudia Meireles que a primeira vez que leu a respeito do tema foi durante seus estudos sobre biohacking, na busca pelo equilíbrio entre corpo, mente e espírito.

“Foi aí que notei que todo mundo já se beneficiou do hacking em algum momento da vida”, fala ele.

Biohacking é uma prática que permite encontrar meios de otimizar todo o funcionamento do corpo humano.

“É mais ou menos como ocorreu com o estoicismo [harmonia do homem com a natureza]. Ao longo da minha caminhada, passei por momentos muitos difíceis que me exigiram adotar uma postura estoica para sobreviver às adversidades — mesmo sem conhecer o estoicismo. Depois que li sobre ele, entendi que eu já era estoico! Assim, o mesmo ocorreu com o Grounding. Eu já praticava, só não sabia que tinha esse nome!”, compartilha Barakat.

“Apesar de muitos tentarem, ao máximo, se afastar disso, nós somos parte da natureza. O ser humano não é um organismo vivo especial sem ligação alguma com ela, tanto é que nosso ciclo circadiano, o ‘relógio biológico’, é regido, justamente, pela iluminação natural”

Dr. Barakat

O médico acredita que, de alguma forma, todos os indivíduos já sabem que o contato com a natureza faz bem. “Quando você entra em um espaço com uma decoração oriental, com aquelas fontes de água, provavelmente já sente uma paz que não sabe explicar. Isso ocorre porque o barulho da água gera uma frequência melhor, nos remetendo à natureza”, exemplifica.

A sensação é muito diferente, por exemplo, de quando a pessoa se depara com um centro metropolitano, repleto de antenas que emitem íons positivos, gerando mau humor e ansiedade, segundo o especialista.

“Quando vibramos com a natureza, mesmo que seja ouvindo uma concha marinha, por exemplo, experimentamos os íons negativos, que geram sensação de bem-estar”, ressalta.

Frequência ideal

O profissional recomenda executar o Grounding ao menos 15 minutos por dia. “Seu corpo não nasceu para ficar trancado em um ambiente escuro ou com luz artificial, sentado, sedentário e comendo comida de laboratório. Então, sempre que for possível, caminhe ao ar livre, coloque os pés na terra, cheire uma flor, abrace uma árvore ou fique no sol para produzir vitamina D!”, instrui.

“Eu tenho o privilégio de ter conseguido montar uma rotina para que, em todos os dias da semana, meu treino de tênis fosse numa quadra inserida num local bem arborizado. Assim, diariamente, treino sob o sol, sem camisa, ficando em contato com a natureza. Essa é uma maneira que me ajuda a produzir vitamina D, ajustar meu ciclo circadiano e ainda a vibrar em uma frequência positiva pela manhã — lembrando que essa frequência tende a reger o dia todo!”, comenta Barakat.

Benefícios

Acredita-se que a prática de Grounding de forma regular pode diminuir sintomas como ansiedade, depressão, medos e frustrações. De acordo com o fundador do Instituto Dr. Barakat de Medicina Integrativa, isso ocorre porque “o homem foi feito para estar em conexão com o mundo natural”.

O médico explica que o contato com a natureza está associado à diminuição da pressão arterial e dos hormônios do estresse, além do aumento da atividade do sistema nervoso simpático, o que promove um estado de relaxamento.

O hábito ainda pode aumentar os níveis de serotonina, um neurotransmissor associado à felicidade e ao bem-estar. “O Grounding é uma forma de mindfulness (atenção plena), uma estratégia que tem sido cada vez mais utilizada e foca em técnicas de meditação, respiração e pensamentos voltados ao momento presente. Isso, sem dúvidas, ajuda a aliviar sentimentos de ansiedade e estresse; já que a pessoa para de pensar em coisas que já aconteceram ou ainda vão acontecer e/ou em coisas que ela não pode mudar e foca toda a sua atenção naquilo que está vivenciando no momento presente”, afirma.

Barakat também lembra que estar ao ar livre é um estímulo para praticar atividade física, seja uma caminhada, ciclismo, entre outras. “Isso pode contribuir para a melhora cardiovascular, força muscular e a saúde física e mental como um todo”, destaca.

Para completar, a natureza é rica em estímulos sensoriais, ajudando a despertar a criatividade e melhorando a concentração e a clareza mental, conforme frisa o médico.

“O Grounding ainda ajuda você a ficar presente no momento com atenção plena. Quando você caminha e sente a terra, a grama, a areia, o calor ou o frio, você começa a entrar nesse ecossistema e a se conectar com a natureza, te conectando com o presente. Isso, por sua vez, alivia o estresse e a ansiedade, um dos grandes males dos tempos modernos”, diz o especialista.

A falta da natureza pode estar nos deixando doentes

Ao defender a importância do contato com a natureza para o ser humano, Barakat menciona o conceito Primal, que explica que o nosso genoma não mudou nos últimos anos, mas os nossos hábitos, sim. “Fomos feitos para executar atividade física (caçando, buscando alimentos), comer comida de verdade (ou seja, comida natural), dormir à noite e ter contato com o sol”, argumenta.

Entretanto, o profissional questiona que o que se vê hoje é o homem tentando se distanciar da natureza, ficando sedentário, comendo ultraprocessados, com privação de sono e de luz solar. “O resultado? Um aumento drástico de doenças e distúrbios!”, reitera.

Dr Barakat reconhece que, antes da luz elétrica, o mundo vivia com o ciclo circadiano ajustado. No entanto, após o advento da luz, somado à TV, computadores e celulares, mais recentemente, “passamos a enganar o cérebro com relação ao horário de dormir ou não, já que a luz branca gera um sinal de alerta e atenção”.

“Por isso, juntamente com outros hábitos saudáveis, como uma alimentação saudável, sono restaurador e exercício físico, o Grounding pode ser muito benéfico, ajudando na diminuição de dores crônicas, aumento da imunidade, melhor saúde cardiovascular e até mesmo redução do estresse, menos distúrbios do sono e melhor humor”, lista o expert.

Novo hábito

A empresária brasiliense e influenciadora de estilo de vida saudável Gabi Muniz também é adepta da prática. “Eu amo o Grounding, porque me relaxa, me conecta com coisas leves e me ensina a parar para apreciar as coisas mais simples, como apenas andar descalço na grama ou na praia e aproveitar o sol. Sinto que me tira do automático e da aceleração”, compartilha com a coluna.

Gabi conta que ouviu a respeito do assunto pela primeira vez em uma aula de Biohacking com a nutricionista Rita Castro. “Daí, então, eu incluí em minha rotina. Sempre que possível, fico descalça andando na grama apreciando o sol e o simples som dos pássaros… É impressionante o quanto você se conecta com o momento presente”, fala.

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