Dorme demais? Dermatologista Otávio Macedo fala sobre as rugas do sono
Em algumas pessoas, as rugas do sono somem após algumas horas, em outras podem se tornar permanentes ao longo do tempo, explica o médico
atualizado
Compartilhar notícia
Após dias exaustivos, descansar o máximo que puder surge como um alento. Ter uma “soneca” de mais de 10 horas funciona como uma fórmula revigorante ao corpo, mente, alma e até para a pele. Mas como tudo o que bom também seu lado negativo, o dermatologista Otávio Macedo faz um alerta quanto às rugas do sono. Essas linhas aparecem quando se dorme demais, explica o médico à frente de uma clínica homônima em São Paulo.
Em entrevista à Coluna Claudia Meireles, o membro da Academia Americana e Europeia de Dermatologia pontuou que essas rugas (também conhecidas como sleep lines) são marcas ou linhas que “nascem” no rosto e na região do colo após uma noite de sono. Em algumas pessoas, os traços somem após algumas horas, em outras podem se tornar permanentes ao longo do tempo, garante Otávio.
Dorminhoco
Segundo o especialista, a área em que esse tipo de ruga se forma depende bastante da posição ao dormir. Na face, aparece em decorrência da pressão constante da região contra o travesseiro durante o sono. Na parte do colo, as marcas surgem em quem adormece de lado ou de bruços. “Isso pode causar essas dobras que geram a formação de linhas”, comenta o médico com 40 anos de carreira.
Aos dorminhocos, Otávio Macedo detalha o processo de surgimento das rugas do sono na região facial: “Quando se dorme demais, a pressão contínua do rosto contra o travesseiro aumenta, consequentemente, esse período maior contribui para causar essas marcas”. Em quem costuma adormecer de lado a área mais afetada pelas linhas são as bochechas.
As pessoas, que dormem de bruços, acabam por “apertar” o rosto contra a almofada, dessa forma, as marquinhas tendem a dar às caras na testa e nos olhos. De acordo com o dermatologista, há macetes para identificar se a ruga é derivada de dormir sempre na mesma posição ou um efeito do envelhecimento cutâneo. “Alguns fatores podem ajudar, como a localização, o horário de aparecimento e a profundidade”, considera.
Sono x envelhecimento
Rugas de sono aparecem em áreas mais específicas, enquanto as de envelhecimento são comuns em regiões faciais que se movimentam muito, como ao redor da boca, dos olhos e da testa, diferencia o expert: “As linhas resultantes de dormir demais costumam ser mais superficiais e surgem ao acordar, desaparecendo após algumas horas, já as advindas do processo de envelhecer são profundas e visíveis a qualquer momento do dia”.
“As rugas do sono costumam desaparecer após algumas horas, dormir sempre na mesma posição pode ‘transformar’ essas rugas em permanentes”, frisa Otávio Macedo, membro-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia a Laser.
Como dormir?
Quer fugir das temíveis ruguinhas do sono? O dermatologista aconselha a dormir de costas: “É a melhor posição para evitar as marcas, já que não faz pressão sobre o rosto”. Ele orienta a adquirir um travesseiro anatômico, com superfície macia, para também amenizar a pressão do rosto na almofada. O médico recomenda ficar de olho nas roupas de cama, ou seja, optar por itens de seda em vez de algodão como forma de diminuir o atrito do tecido com a pele.
As rugas do sono podem aparecer em pessoas de qualquer faixa etária, mas é mais comum a partir dos 30 anos. “Nessa idade, a produção de colágeno, que dá sustentação à pele, diminui. Assim, a cútis perde sua elasticidade e a capacidade de recuperar rapidamente da pressão exercida no travesseiro ou na roupa de cama durante a hora de dormir. Com maior flacidez, a região cutânea fica marcada com maior facilidade”, salienta o expert.
Vilões
As almofadas e os lençóis não são os únicos vilões capazes de causar as rugas do sono, enfatiza Otávio: “Outros fatores também impactam no aparecimento das linhas, por exemplo, genética, estilo de vida e cuidados gerais com a pele”. Ele indica aplicar um bom hidratante e adequado para o tipo de pele. O hábito ajuda a amenizar o aparecimento das marcas.
Pela avaliação do dermatologista, a rotina de skincare noturna pode servir como um “espanta rugas do sono”, ou melhor, reduz o surgimento das linhas: “A limpeza para remover a maquiagem e as impurezas da pele antes de dormir evita a obstrução dos poros. Hidratante adequado ao seu tipo de cútis auxilia na hidratação e produtos anti-idade, como séruns com retinol, ácido glicólico ou vitamina C, devem ser aplicados a fim de complementar os cuidados”.
Segundo o especialista, uma rotina de skincare ideal precisa incluir limpeza, hidratação e proteção solar, caso o objetivo seja livrar-se das rugas. Aliado aos cuidados com dermocosméticos, a alimentação saudável e os tratamentos com peelings químicos, microagulhamento, bioestimuladores de colágeno e lasers contribuem para evitar as marquinhas e outros sinais de envelhecimento.
Qualidade de vida
O médico lista ainda a qualidade de vida como um tópico preventivo contra rugas do sono e de envelhecimento: “Um fator que colabora para a saúde física, mental e cutânea”. Otávio instrui beber bastante água e dispor de uma alimentação saudável e equilibrada. Ambos os hábitos dificultam o aparecimento das linhas faciais. Ele lembra que se expor ao sol excessivamente requer o uso de filtro solar, óculos e chapéus como proteção contra os raios ultravioletas.
Embora grande parte das pessoas saibam, bebidas alcóolicas e cigarros aceleram o processo de envelhecimento e formação de rugas. Em relação aos tratamentos estéticos indicados a pacientes com linhas resultantes do período do sono, Otávio sugere consultar um dermatologista para que o especialista avalia e indique o melhor protocolo. “Depende da gravidade e da profundidade das rugas, do tipo de pele, entre outros fatores”, sustenta.
Sobre o especialista
Graduado em medicina pela Universidade de Taubaté, em São Paulo, Otávio Macedo fez residência no centro hospitalar da Universidade Vaudois, na cidade suíça de Lausanne, e também na Universidade de Buenos Aires, na Argentina. Com quatro décadas de profissionalismo, ele é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana e Europeia de Dermatologia. Atualmente, o expert atende em um clínica homônima na capital paulista.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.