Dores, estética e mais! Experts tiram dúvidas sobre a ozonioterapia
O tratamento é antigo, mas tem revolucionado a esfera da saúde e do bem-estar. Os benefícios são diversos, e abrangem mais de 250 doenças
atualizado
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Diante dos conturbados ataques da Primeira Guerra Mundial, médicos alemães e ingleses recorriam ao composto químico ozônio para tratar as feridas dos soldados. Na Alemanha, por exemplo, o mesmo ocorria durante o século 19, visto que a prática era feita, inicialmente, para combater a ação de bactérias e germes na pele humana.
No Brasil, a novidade chegou em 1975, quando o médico Heinz Konrad introduziu o método em sua clínica em São Paulo. Já nos anos 1990, o cardiologista Edison de Cezar Philippi levou a técnica para Santa Catarina, o que resultou em diversos cursos e congressos a respeito do assunto.
O que atualmente é chamado de ozonioterapia nada mais é que um tratamento de combate a diversas doenças inflamatórias, infecciosas e isquêmicas. O método tem ganhado cada vez mais destaque no campo da saúde e do bem-estar. Os estudos científicos voltados ao tema são bastante animadores, e a alternativa se mostrou muito eficaz no prolongamento da qualidade de vida dos indivíduos.
O rol de benefícios da ozonioterapia é amplo, sendo uma excelente alternativa para quem busca aumentar a imunidade, tratar alergias ou infecções virais, fúngicas e bacterianas; melhorar a oxigenação e o desempenho esportivo; recuperar lesões musculares e articulares; diminuir dores e inflamações; eliminar gordura localizada e flacidez da pele, rejuvenescimento; entre muitos outros.
Como funciona?
De acordo com o cirurgião-dentista e ozonioterapeuta Maurício Mochida, o método consiste na aplicação de ozônio, em sua forma gasosa ou associada à água, ao soro ou aos óleos; feita por diversas vias de administração, sistêmica ou local. O procedimento é feito por meio da indução de um estresse oxidativo moderado que desencadeia a produção de uma grande quantidade de enzimas antioxidantes.
Segundo o profissional, o tratamento é individualizado, logo, as vias de administração dependem da necessidade do paciente. Elas podem ser injetáveis (gasosa ou líquida, sendo essa última por meio do soro ozonizado) ou tópicas (com óleos, água e soro ozonizados, ou até mesmo bags para insuflação).
“As bags de ozônio são usadas nos casos de feridas, queimaduras e no pós-cirúrgico como auxiliar da cicatrização”, complementa a especialista Ana Paula Talavera Amorim. Ela também informa que há produtos ozonizados em forma de cápsulas, cremes, xampus, entre outros.
Mochida explica que a aplicação ainda pode ser realizada por ação local ou sistêmica, ou seja, por insuflação retal e vaginal, como também por hemoterapia menor (coleta de 5 ml de sangue e aplicação intramuscular após ozonização do sangue). “Por insuflação retal, por exemplo, seria para tratamento sistêmico, com modulação imunológica, melhora de desempenho esportivo, tratamento de alergias, dentre outros”, ilustra o cirurgião-dentista.
Já para tratar dores musculares ou articulares, a melhor via, de acordo com o especialista, é aplicação local, ou seja, na área da dor. Nesse caso, o ozônio age, conforme detalha o profissional, acelerando o processo de reparo tecidual e aumento de vascularização local. “Com o aumento do aporte sanguíneo e a presença de antioxidantes em abundância, o processo de reparação é acelerado”, acrescenta.
A fisioterapeuta Gisele Gomes, que também se especializou na área, complementa as informações com a via auricular, ou seja, caracterizada pela aplicação dentro do ouvido, na região condutiva.
Técnica que despertou os olhares
O primeiro contato de Maurício Mochida com o método foi durante um curso de harmonização orofacial, no qual uma colega farmacêutica compartilhou relatos sobre o uso do ozônio, tanto em estética quanto em patologias. “Isso me despertou bastante interesse e me levou a comprar o gerador de ozônio”, afirma o especialista.
Em outra ocasião, ele foi convidado por um colega dentista a fazer um curso voltado ao assunto. “Foi o primeiro de muitos”, relata. Dos processos de capacitação executados por ele, dois são relacionados à estética e patologias em geral e um à reabilitação pós-Covid-19.
Segundo Mochida, apenas profissionais habilitados podem atuar na área, o que inclui médicos, dentistas, enfermeiros, esteticistas, biomédicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e terapeutas. Ana Paula Talavera inclui outra profissão à lista de capacitados, a de médico veterinário.
Ana Paula é proprietária da Apta Ozonioterapia Integrada. Seu envolvimento com a técnica começou quando precisou tratar uma fibrose pós-cirúrgica na região do abdômen que a incomodava muito. “Eu já tinha experimentado vários tipos de tratamento, como lasers de última geração, ultrassom, drenagem… Nada resolvia. Decidi tentar a ozonioterapia e amei o resultado. Os nódulos foram desaparecendo com as aplicações”, relata a profissional.
A partir desse momento, Ana Paula descobriu o universo de benefícios do ozônio, o que abrange, segundo ela, mais de 250 doenças. “Fiquei apaixonada pelo ozônio e pela possibilidade de ajudar outras pessoas a obterem saúde e qualidade de vida”, comenta.
Gisele Gomes é fisioterapeuta e especialista em saúde integrativa. Ela possui uma clínica na cidade de Vinhedo, em São Paulo, e ministra cursos em todo o Brasil com a Reativa Cursos Internacionais, da clínica Reativa Estética Pessoal, comandada por Márcia Santos. Enquanto conclui seu doutorado em ciências da saúde, Gisele levantou como tema de tese a ozonioterapia no paciente diabético usuário de bomba de insulina.
A profissional afirma que, durante toda a sua carreira, buscou algo que tratasse o indivíduo como um todo. Foi quando uma paciente a abordou sobre o potencial do ozônio. “Como sempre gostei de estudar, iniciei uma maratona de cursos na área. Hoje, eu já somo inúmeras habilitações, artigos escritos e um doutorado em andamento”, compartilha.
Contraindicações
De acordo com Maurício Mochida e Gisele Gomes, o tratamento não é indicado para pessoas com elevado estresse oxidativo, anemias profundas ou com favismo (deficiência de G6PD).
Para Ana Paula Talavera, as contraindicações parciais são para doenças que estejam descompensadas, sem acompanhamento médico. “Por isso, antes do procedimento, o paciente responde a um questionário detalhado (anamnese), no qual avaliamos seu estado físico e doenças pregressas e atuais”, diz.
A técnica é segura?
“Extremamente segura”, garante Maurício Mochida. Segundo o profissional, há inúmeros casos de sucesso quando se trata de dor crônica, feridas abertas que não cicatrizavam, infecções que não regrediam com medicações alopáticas, melhora do desempenho de atletas, entre outros.
“Devemos apenas lembrar que a ozonioterapia não substitui nenhum tratamento. Trata-se de um sinergista, adjuvante para o sucesso das terapias empregadas”, frisa o atuante na área.
Ana Paula Talavera assegura que em sua clínica nunca houve reações adversas com a utilização do ozônio. Ainda, as respostas vantajosas vieram nas mais variadas patologias, como doenças autoimunes, ansiedade, autismo, feridas abertas e queimaduras, dores crônicas e agudas, hérnias de disco, dores na coluna e no joelho, artrite, artrose e fibromialgias.
Outras condições também obtiveram efeitos visíveis, como de complemento em quimioterapia e radioterapia, além de candidíase, endometriose, diabetes, doenças pulmonares, regulação do intestino, hemorroidas, celulite, insônia e pós-Covid-19.
No caso de Gisele, os progressos são semelhantes. “Costumo dizer que os feedbacks positivos são diários. Atualmente, tenho atuado muito em sequelas pós-Covid-19, com excelentes resultados. Temos muito sucesso também em patologias como dermatites, sinusite, enxaquecas, erisipela, doenças autoimunes, entre outras”, conclui.
Quantas sessões são necessárias?
Para Maurício Mochida, não existe mínimo ou máximo de sessões de ozonioterapia, apenas o intervalo recomendado entre elas. No caso da estética, por exemplo, a média são 10 sessões, sendo uma por semana. O tempo de aplicação varia entre 10 minutos a 1 hora.
Ana Paula afirma que, inicialmente, são necessárias entre 5 e 20 sessões, realizadas uma ou duas vezes por semana, dependendo do caso.
Já para Gisele, tudo depende da via de aplicação. “Em geral, a sessão é rápida e não ultrapassa 30 minutos quando se trata apenas da ozonioterapia. O que pode prolongar o tempo são as técnicas associadas”, declara.
Quanto eu devo investir?
Segundo Maurício Mochida, a ozonioterapia é um procedimento barato e eficaz e, por esse motivo, não desperta grande interesse comercial. “O investimento depende do objetivo da pessoa e da gravidade do problema, mas pode variar de R$ 100 até mais de R$ 3 mil. O tempo e número de sessões é que ditam o preço do tratamento”, fala.
A média relatada por Gisele Gomes é de R$ 150 a R$ 350 por sessão.
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