Dia das Mães: como a princesa Diana redefiniu a maternidade real?
Ela “burlou” regras da realeza e instalou uma nova maneira de educar. Sua influência continua viva na paternidade de William e Harry
atualizado
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Se você assistiu à quarta temporada de The Crown, na Netflix, viu como a princesa Diana (interpretada por Emma Corrin) ocupou o centro das atenções pela primeira vez no drama de Peter Morgan. Enquanto a temporada de 10 episódios buscou apresentar ao público as polêmicas e extensas relações internas da realeza britânica, os telespectadores puderam captar alguns pressentimentos do que verdadeiramente motivou a princesa de Gales a viver a vida de uma forma diferente: a maternidade.
Mas, afinal, como ser mãe moldou Diana e como impactou, de forma duradoura, na criação de seus filhos reais? Vale lembrar que, dos seus rebentos, um se tornará rei da Inglaterra e o outro abandonou o cargo sênior e foi viver uma vida “comum” com sua mulher, Meghan, e seus filhos nos Estados Unidos.
“Diana não era apenas uma pioneira. Ela rasgou o livro de regras real. Ela é famosa por seu trabalho humanitário inovador, mas seus filhos queridos sempre tiveram prioridade em sua vida”, escreveu a especialista em realeza Carolyn Durand para a revista Elle. Segundo a expert, que cobriu a realeza por mais de 15 anos, a influência da princesa continua viva na paternidade do príncipe William e da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, e do príncipe Harry e da duquesa de Sussex, Meghan Markle.
Se assistirmos ao sexto episódio da série, podemos observar uma primeira demonstração da “rebelião’ de Diana, enquanto acompanhava Charles em uma excursão histórica pela Austrália e Nova Zelândia. Enquanto, no passado, as crianças reais eram deixadas em casa com as babás, ato comum na vida da rainha Elizabeth e de Philip durante suas longas viagens ao exterior, Diana mudou de rumo ao entender que não precisava deixar seu recém-nascido William em Londres.
Assim, o bebê de nove meses foi levado com ela na turnê de seis semanas em 1983. “A viagem de Diana com o príncipe bebê pavimentou o caminho para o que se tornou um direito de passagem real”, disse Carolyn Durand.
A atitude da princesa de Gales se repetiu décadas depois, quando o príncipe William e Kate Middleton viajaram à Austrália e à Nova Zelândia com o filho George. Anos depois, foi a vez da pequena Charlotte, que se divertiu ao lado do irmão em uma festa infantil para famílias de militares na Casa do Governo em Victoria, no Canadá. Harry e Meghan, por sua vez, seguiram o exemplo em 2019, levando o bebê de quatro meses, Archie, para a África do Sul em sua segunda grande turnê como um casal.
“A rainha Elizabeth manteve um relacionamento mais distante e formal com seus filhos pequenos, assumindo as imensas responsabilidades da monarquia em uma idade tão precoce. Seus filhos, o príncipe Charles, com apenas 4 anos, e a princesa Anne, com quase 2 anos, passaram grande parte de sua infância na companhia de babás”, relatou a especialista em realeza, justificando o caminho de Elizabeth com o fato de que ela assumiu o posto de rainha ainda muito jovem, aos 25 anos.
Depois que seu tio, o rei Eduardo VIII, abdicou do trono para se casar com a divorciada Wallis Simpson, a princesa Elizabeth e a princesa Margaret foram lançadas aos holofotes quando seu pai “Bertie” se tornou o rei Jorge VI, e Lilibet, como era chamada, tornou-se sua herdeira presuntiva. Aos 25 anos, a então princesa Elizabeth e o príncipe Philip visitaram o Quênia a caminho da Austrália, e a princesa Elizabeth subiu ao trono quando seu pai sucumbiu ao câncer”, explicou Carolyn.
A dinâmica de Diana foi diferente, conforme observa a expert em realeza. Em vez de contar com babás e guarda-costas, a própria princesa levava as crianças para a escola, participava de eventos escolares e garantia que viviam as mesmas atividades que crianças menos privilegiadas. “Ela também os regou com amor e carinho. Seja escondendo seus filhos amados no cinema ou contrabandeando Starburst [balinhas] dentro de suas meias em jogos de futebol, a princesa de Gales colocava a família em primeiro lugar”, defendeu.
No documentário Diana, nossa mãe: sua vida e seu legado, o príncipe Harry a descreveu como a “melhor mãe do mundo” que “nos sufocou de amor”. “Ela simplesmente envolveria você e apertaria você o mais forte possível. E sendo tão baixinho como eu era, não havia como escapar, você estava lá e você estava lá o tempo que ela quisesse te abraçar… Tudo que eu posso ouvir é a risada dela na minha cabeça e aquele tipo de risada maluca, de pura felicidade, mostrada em seu rosto”, declarou.
Segundo Carolyn, Diana gostaria que seus filhos tivessem uma educação o mais normal possível, e William e Harry se dedicam a proporcionar o mesmo a seus filhos. “Ela sempre entendeu que havia vida fora dos muros do palácio”, disse o príncipe William no documentário. “Minha mãe apreciava aqueles momentos de privacidade e de ser aquela mãe, ao invés da princesa de Gales”, completou.
Como era de se esperar, William e Harry abraçaram a paternidade moderna, como Diana fez com eles. “Seja lendo uma história ou tomando banho, William e Harry são parceiros iguais na paternidade e compartilham as responsabilidades de criar seus filhos. Enquanto Diana acompanhava William e Harry no primeiro dia de aula, William e Kate seguiram o exemplo de George e Charlotte. Como Diana, eles isolaram seus filhos dos olhares curiosos dos paparazzi e garantiram que sua privacidade fosse fundamental — sem sacrificar as alegrias da infância”, revelou Carolyn Durand.
Na opinião da especialista, a decisão de Harry e Meghan de deixar a família real, em março de 2020, foi motivada, em grande parte, por uma busca para fornecer a seu filho e família mais privacidade. “O casal priorizou Archie e estar presente em todos os seus marcos”, comentou Carolyn. Isso foi confirmado por Meghan Markle em outubro de 2020. “Nós dois estávamos lá para seus primeiros passos, sua primeira corrida, sua primeira queda…”, falou a ex-atriz em entrevista para Malala Yousafzai.
“Nosso homenzinho é nossa prioridade número um, mas nosso trabalho depois disso é a segunda prioridade e estamos apenas tentando fazer tudo que podemos para tornar o mundo um lugar melhor”, completou Harry. Para Carolyn Durand, portanto, essa “mensagem sobre dever e serviço” foi herdada, em grande parte, de Diana.
Caridade
Sempre que era possível, a princesa Diana apresentava a William e Harry o “verdadeiro mundo”, levando-os a um abrigo de sem-tetos, em visitas privadas de caridade e alertando-os sobre seu trabalho humanitário. “Eu quero que eles entendam as emoções, as inseguranças, a angústia, as esperanças e os sonhos das pessoas. Eu gostaria de uma monarquia que tivesse mais contato com seu povo”, disse Diana.
O legado da princesa de Gales permaneceu. Enquanto Archie ainda é muito jovem, William e Kate já estão apresentando esses valores para seus próprios filhos. “No início de 2020, o príncipe George e a princesa Charlotte entregaram massa caseira para os idosos em confinamento devido à pandemia Covid-19 perto de sua casa”, argumentou Carolyn.
De acordo com ela, o casal está empenhado em fazer com que seus filhos conheçam a mulher que cativou o mundo. William disse à ITV em 2017 que eles estão “falando constantemente sobre a vovó Diana”. “Então, agora temos mais fotos dela em volta da casa e conversamos um pouco sobre ela e outras coisas. E é difícil porque obviamente Kate não a conhecia, ela não pode realmente fornecer esse nível de detalhe. Eu o faço regularmente, colocando George ou Charlotte para dormir, converso sobre ela e apenas tento lembrá-los de que há duas avós, havia duas avós em suas vidas, e por isso é importante que eles saibam quem ela foi e que existiu”, afirmou William.
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