Anualmente, no dia 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi definida em 1914 por mulheres que se reuniram em Berlim para exigir o direito ao voto – e ainda representa a mentalidade e luta de muitas outras, em todo o mundo.

Apesar dos avanços das últimas décadas, conseguir sucesso em meio a tantos percalços ainda é um desafio para grande parte do público feminino. As dificuldades, bem se sabe, podem ser ainda maiores a depender de fatores como idade e classe social. 

Nessa data tão importante, a coluna Claudia Meireles escolheu algumas jovens brasileiras que conseguiram ir contra a corrente e fazem a diferença na comunidade onde vivem. 

Confira os nomes: 

1 – Anna Luísa Beserra

Cientista e empreendedora social brasileira, a jovem de 26 anos atua há oito anos para democratizar o acesso à água e ao saneamento no mundo por meio de tecnologias inovadoras e acessíveis. É reconhecida internacionalmente por instituições como a ONU, Unesco, LLYC, MIT e outras.

Desde os 15 anos, Anna trabalha para o desenvolvimento dessas tecnologias a fim de melhorar o cenário socioeconômico de regiões do Brasil e do mundo.

Entre seus muitos projetos, a cientista foi a responsável por criar um filtro que purifica a água usando apenas a luz solar. O projeto rendeu o prêmio Jovens Campeões da Terra, da ONU.

2  – Karen Santos

A designer Karen Santos, de 31 anos, migrou para o setor de UX (User Experience ou experiência do usuário, em português) por considerar uma área promissora. Após a mudança, ela percebeu a falta de representatividade de mulheres negras e resolveu ajudar de alguma forma.

Para deixar o mercado tecnológico mais inclusivo, Karen Santos elaborou o UX Para Minas Pretas, uma startup de educação que capacita mulheres negras para o mercado digital.

O projeto oferece capacitações, mentorias, workshops, bolsas de estudo e também impulsiona o networking, além de conectá-las com as oportunidades de trabalho.

3 – Mayara Magri

De origem humilde, Mayara Magri nasceu na zona norte do Rio de Janeiro, em 1994. Filha de taxista e secretária, quando criança, ela teve a chance de conhecer o balé por meio de um projeto social realizado na escola em que estudava.

A carioca foi eleita a melhor bailarina em concursos de dança do muito reconhecidos, como o YAGP (Nova York), o Festival de Joinville (Santa Catarina) e o Prix de Lausanne (Suíça). O último garantiu a ela uma bolsa para estudar no Royal Ballet de Londres, a primeira e mais importante companhia de balé do Reino Unido e uma das mais respeitadas do mundo.

Em 2023, Mayara Magri completou 10 anos de carreira no Royal Ballet, onde começou no corpo de baile e chegou à posição mais alta, a de Primeira Bailarina.

Atualmente, a carioca mora no norte de Londres e é uma das oito bailarinas principais da companhia britânica, as quais recebem os maiores papéis protagonistas nas montagens. O Quebra-Nozes, O Lago dos Cisnes e Romeu e Julieta foram alguns de seus destaques.

4 – Taciana Pereira

Um fenômeno na categoria Ciência e Educação, Taciana Pereira é formada em Harvard e trabalha na área de bioimpressão 3D.

A jovem de 29 anos desenvolve há três anos equipamentos que reproduzem tecidos com células humanas, como se fossem “miniórgãos”, tecnologia que permite avançar nas pesquisas de teste de medicamentos e também contribui para a medicina regenerativa.

5 – Izabella Borges

Advogada e psicanalista, Izabella Borges, de 35 anos, escolheu se tornar especialista em gênero após ver que pessoas próximas sofriam com violência doméstica. Formada em direito, ela fez a medida protetiva da mãe contra o padrasto e se conectou com o tema.

Para ajudar ainda mais mulheres, Izabella, junto à atriz Duda Reis, lançou o Survivor, instituto de apoio a mulheres vítimas de violência. O objetivo do projeto é fornecer rede de apoio e ferramentas para que as vítimas de agressão consigam se reinventar e conquistar autonomia emocional e financeira.

6 – Luana Lopes Lara

Com apenas 28 anos, Luana Lopes Lara é a única brasileira na lista Forbes 30 Under 30 dos Estados Unidos. Carioca, ela obteve essa conquista ainda aos 25, depois de trocar a renomada Escola de Teatro Bolshoi em Joinville (SC), única filial da famosa companhia russa de dança, pelas aulas de engenharia no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA. Além desse instituto, a jovem foi aprovada em Harvard, Yale e Stanford.

Com o colega de universidade Tarek Mansour, Luana cofundou, em 2018, a Kalshi, plataforma que permite que os usuários façam apostas sobre qualquer tipo de evento. Ela define o projeto como “um mercado no qual os investidores compram e vendem contratos relacionados a eventos, em vez de ações ou criptomoedas”.

A iniciativa foi a primeira desse tipo a ser aprovada pelas agências reguladoras na história dos EUA, e ganhou investimentos de US$ 40 milhões por parte da firma de capital de risco Sequoia e dos bilionários Charles Schwab e Henry Kravis, o que movimentou US$ 10 milhões em apostas desde seu lançamento, em julho de 2021.

7 – Juliana Furtado Hadad

Com apenas 30 anos, Juliana Furtado Hadad é uma das investidoras anjo mais proeminentes do Brasil. A empresária já investiu em mais de 20 empresas que trabalham com tecnologia do futuro pelo mundo. 

Juliana ainda comanda uma grande operação em uma fintech financeira, com valor estimado em mais de US$ 1 bilhão. 

Em 2023, a investidora figurou entre os nomes que se destacaram na lista da Forbes Under 30 Brasil, que elege jovens com menos de 30 anos que fazem a diferença com ideias ou negócios que impactam o cenário global. Para a coluna, Juliana falou que não foi ela quem fez a inscrição para entrar na lista dos mais ricos do país.

“O meu nome ter entrado na lista da Forbes foi uma verdadeira surpresa. Outros empresários que já estiveram na lista, em anos anteriores, que indicaram meu nome. Eu acredito que eles pensaram em mim por eu ter contribuído e investido nos negócios deles lá no início”, comentou.

Para a investidora, o que a levou a ter uma trajetória de sucesso foi a combinação de uma visão clara em relação a suas metas e a consistência de trabalhar duro por elas.

“O início não foi fácil. Na primeira tentativa de montar meu próprio negócio, eu fali. Mais tarde, aos 22 anos, eu e uma amiga abrimos um negócio de transação eletrônica, similar ao Pix. Fez muito sucesso e foi vendido para um grande banco, mas eu saí da empresa antes dessa operação”, acrescentou.

8 – Lais Souza

Lais Souza é uma ex-ginasta, palestrante e artista plástica que teve sua história marcada pela resiliência.

Aos 15 anos, já era considerada uma promessa da ginástica artística, mas as grandes expectativas em relação a sua carreira tiveram de ser contornadas por conta de um grave acidente.

Nas Olimpíadas de Inverno de Sochi de 2014, a atleta se preparava para representar o Brasil no esqui quando, em um dos treinos de salto, caiu e ficou tetraplégica.

Entre a vida e a morte, Lais Souza teve a chance de recomeçar e escolheu superar mais um desafio. Atualmente, ela se destaca em inspirar e motivar pessoas a desenvolver uma mentalidade capaz de deixar para trás as adversidades e alcançar o sucesso.

A jovem conta que falou sobre sua história em mais de 118 mil palestras. Além disso, a ex-ginasta passou a se aventurar na área de artes plásticas e, mesmo com as dificuldades de movimento, contou que usa como inspiração a força de sua alma, que salta para a tela e cria um acervo de obras únicas.

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