Você deve ter notado algumas mudanças na indústria dos cosméticos e produtos de beleza e bem-estar. Opções veganas, orgânicas ou até mesmo mais “limpas” têm ocupado as prateleiras das farmácias e de outros pontos de vendas. Sim, estamos na era dos consumidores exigentes e mais “naturebas”.

Hoje, por exemplo, as marcas estão muito mais focadas em anunciar o que não está em seus produtos do que no que está — visto que os compradores já estão cientes de alguns componentes nada amigáveis para a pele ou para o organismo.

Um quesito que deve ser levado em conta na hora de “estudar” os rótulos dos cosméticos são as fragrâncias. Algumas pessoas precisam procurar por alternativas sem perfume, por serem sensíveis ao cheiro, ou por possuírem uma pele delicada ou facilmente inflamada, como também sofrerem com fortes dores de cabeça fortes em razão dessas essências.

Se aprofundar um pouco mais e entender de vez o universo das fragrâncias nos cuidados com a cútis é o primeiro passo que você deve tomar, caso se sinta parte desses grupos de pessoas listados acima. Esclareça, a seguir, algumas dúvidas a respeito do tema:

Fragrâncias: por que tão temidas?

Podemos segmentar as fragrâncias em duas categorias: sintéticas e naturais. Como é de se esperar, a fragrância sintética é desenvolvida em laboratório. No entanto, a química cosmética Shuting Hu afirmou ao portal Byrdie que essa última pode ser totalmente ou semi-sintética, o que significa que apenas uma parte dos ingredientes é sintética, enquanto o restante é natural.

Segundo a profissional, a fragrância natural pode durar apenas um a dois anos, enquanto a fragrância sintética pode durar até cinco anos. “Uma das principais razões pelas quais uma marca pode optar por usar uma fragrância sintética é que ela durará muito mais do que uma fragrância natural”, explicou a especialista.

Portanto, visto que os produtos com fragrâncias sintéticas podem cheirar “mais frescos” por longos períodos de tempo, é importante sempre verificar as datas de validade dos itens de skincare antes de aplicá-los.

Conforme a enfermeira dermatológica Natalie Aguilar ensinou ao portal, as fragrâncias naturais são aquelas que se originam de uma fonte natural, como lavanda ou limão. E, ao contrário do sintético, existe apenas um tipo de fragrância natural, e isso é totalmente natural.

Entretanto, a química cosmética Shuting Hu destacou que o maior problema com fragrâncias nos cuidados com a pele é a falta de transparência. “Devido à falta de regulamentação, as marcas podem se safar ao listar ‘fragrância’ como ingrediente sem revelar quais ingredientes compõem essa fragrância”, alertou.

Mas por que, então, os produtos para pele são perfumados? De acordo com a esteticista Karen Fernandez, não há razão clínica para isso. “Normalmente, uma fragrância serve para encobrir o cheiro de outros ingredientes, ou para tentar fazer o produto cheirar melhor e ser comercializado de acordo”, falou ao site. Afinal, itens de cheiro bom são mais atraentes, não é mesmo?

“Se houvesse um produto que funcionasse incrivelmente bem para sua pele, mas cheirasse mal, você provavelmente acabaria nunca usando”, acrescentou Shuting Hu. “As marcas colocam fragrâncias em seus produtos para mascarar um cheiro desagradável que pode ocorrer naturalmente com certos ingredientes. Usar um produto que cheira bem pode tornar a experiência geral mais agradável”, concluiu, em concordância com Karen Fernandez.

Natalie Aguilar conta que, para alguns indivíduos, os aromas podem ser nostálgicos, calmantes ou até mesmo nos fazer sentir mais limpos. “Eles são usados ​​para combinar todos os sentidos e nos dar aquele bom humor”, opinou.

Devo trocar meus itens por produtos “sem perfume”?

A resposta é “depende”. Segundo Natalie, itens sem perfume podem ser melhores para quem acha que fragrâncias, sejam naturais ou sintéticas, são ofensivas. “Alguns com narizes sensíveis facilmente têm dores de cabeça com os aromas mais leves”, ressaltou a enfermeira dermatológica. Logo, se você normalmente evita perfume (ou colônia), velas e outros itens aromatizados devido à sensibilidade, optar por cuidados com a pele com pouco ou nenhum perfume é uma maneira fácil de evitar esses problemas.

Para Shuting Hu, a transparência é a “chave para navegar pelas fragrâncias nos cuidados com a pele”. “Se a fragrância estiver listada como ingrediente, deve ser seguida por uma lista de ingredientes entre parênteses”, comentou. Para indivíduos com derme sensível, isso pode ser motivo de preocupação, pois você pode sentir irritação ou reação alérgica aos componentes desconhecidos.

De acordo com a química cosmética, se o indivíduo é alérgico a qualquer forma de fragrância (seja sintética ou natural), deve evitar fragrâncias em sua rotina de skincare. “Se você suspeitar que tem uma alergia, agende uma consulta com um alergista que possa identificar a fragrância específica que está causando a reação”, sugeriu ela.

A profissional também afirma que, caso a pessoa tenha algum problema inflamatório de cuidados com a pele, como eczema ou rosácea, usar um produto que contenha fragrância pode causar mais irritação na cútis. “Se você tem hiperpigmentação ou manchas escuras e sente irritação pela fragrância, também recomendo adotar uma rotina sem perfume”, indicou.

O mesmo ocorre com aqueles que sofrem de enxaqueca. Normalmente, eles devem evitar essas fragrâncias. Estudos mostram que a hipersensibilidade ao odor é uma característica comum em mulheres, especialmente aquelas que sofrem de enxaquecas.

Dicas dos experts

Anote algumas dicas que podem te auxiliar na hora de escolher o produto ideal: Primeiramente, para a esteticista Karen Fernandez, qualquer item destinado ao rosto, pescoço ou área dos olhos deve ser o mais livre de fragrância possível. “Não é tão ruim ter fragrâncias em seus produtos corporais que são aplicados em peles geralmente menos sensíveis. A pele do pescoço e dos olhos é mais fina e pode ser mais vulnerável a essas fragrâncias”, disse.

Shuting Hu ressaltou que há ingredientes-chave que foram identificados pelos órgãos científicos da União Europeia como os ingredientes de fragrâncias mais comuns que têm o potencial de causar irritação na pele, sensibilidade ou outros problemas relacionados. Álcool benzílico, salicilato de benzila e álcool cinamílico estão entre os alérgenos de consumo mais frequentemente relatados.

Por fim, a especialista dá um conselho geral: “Se você perceber que sua pele está reagindo negativamente a um produto e achar que pode ser por causa da fragrância, é melhor consultar um alergista ou dermatologista que possa ajudar a identificar a causa”, reitera.

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