Descubra a história e como é o interior do trem privativo da família real
Nem todos os membros da realeza podem usar o meio de transporte. A rainha Elizabeth definiu o trem como um de seus lugares prediletos
atualizado
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Quando se trata de viagens, não faltam opções de transporte para a família liderada pela rainha Elizabeth II. As personalidades desfrutam de meios exclusivos, como o iate Britannia, desativado em 1997. Nos deslocamentos terrestres, eles contam com a rapidez do histórico British Royal Train. Nesta semana, o príncipe William e Kate Middleton fizeram um tour por todo o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) a bordo da luxuosa locomotiva.
Pais de George, Charlotte e Louis, os duques de Cambridge foram agradecer pessoalmente o esforço realizado pelos profissionais que trabalham na linha de frente do combate à pandemia. O tour durou três dias, terminando nessa terça-feira (8/12). Ao longo da viagem, o casal fez 10 paradas. Como só pode ser usada por membros da realeza, a locomotiva carrega uma história repleta de mistérios. Não à toa, foi segredo de Estado até 1946, no reinado de George VI, pai da atual monarca.
Nada de comandar o reino sentada no trono. A rainha Vitória decidiu sair em turnê pelo país, conforme explicou a historiadora real Kate Williams à revista Town and Country. Ela tornou-se o primeiro membro realeza a embarcar em um trem, em 1842, após a insistência do marido, o príncipe Albert. A monarca viajou de Slough para Paddington. “Ela tinha uma atitude completamente diferente, na qual sentia fortemente que seu trabalho era viajar o máximo possível”, disse a especialista em realeza.
Em 1869, Vitória encomendou um conjunto particular de vagões de trem. Para a aquisição, a rainha desembolsou em torno de 700 libras na época. As locomotivas foram pintadas com tinta de 23 quilates e decoradas com seda e cetim. Com o passar do tempo, o meio de transporte exclusivo ganhou tecnologia moderna. Na década de 1890, instalaram iluminação elétrica e um banheiro. A monarca se recusou a usar o toalete e optou por fazer paradas intercaladas.
Como usava o trem com frequência, a rainha Vitória adequou o transporte ao próprio estilo. Em 1897, como presente de seu Jubileu de Diamante, a alteza recebeu um novo trem, com seis carruagens. Quatro anos depois, a monarca morreu e o caixão foi transportado na locomotiva para Windsor, local do enterro. Ao ascender ao trono, o rei Eduardo VII requisitou mais vagões, sendo que um deles virou uma sala em mogno com incrustações de jacarandá e cetim. O espaço era reservado aos fumantes.
Atendendo ao pedido do soberano, os ambientes passaram por outra grande modernização. Ganharam aquecimento elétrico, por exemplo. Em 1912, mais um upgrade em razão da coroação do rei George V. Na época, adicionaram uma banheira às acomodações. O monarca usou a locomotiva para viajar pelo país durante a Primeira Guerra Mundial mas também como alojamento. O avô da rainha Elizabeth II não queria hospedar-se na casa dos súditos em tempos de escassez de recursos.
Ao assumir o posto de líder da monarquia, em 1937, o rei George VI usou o trem para visitar áreas do país bombardeadas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, substituíram os vagões de madeira com teto branco por uma versão blindada de 56 toneladas. O reforço de segurança contou até com armários para armazenar documentos secretos. Com o fim do conflito, a família real revelou ao público a existência do meio de transporte.
Embora tenham anunciado o British Royal Train, detalhes de cada viagem são guardados a sete chaves até nos dias atuais. A equipe de funcionários não sabe qual membro da realeza viajará. Eles descobrem somente na hora do embarque. No reinado da rainha Elizabeth II, o meio de transporte não passou por muitos melhoramentos. O último foi feito em 1977. Ao todo, são nove vagões que integram quartos, sala de jantar, salões privados e um escritório, cômodo predileto do príncipe Charles.
Para marcar a turnê de seu Jubileu de Prata, a rainha Elizabeth II recebeu a versão moderna do British Royal Train. Em 1980, o transporte passou por uma renovação de 320 mil libras, segundo o documentário Secrets of Royal Travel. Foi adicionada à estrutura uma proteção contra tiros de metralhadora, foguetes e bombas. Participaram do projeto a monarca e o marido, o príncipe Philip. De agrado, fixaram um espelho no banheiro para que o duque de Edimburgo possa se barbear.
O British Royal Train tornou-se um dos espaços queridinhos da rainha. O motivo? Ela acredita que a locomotiva é um dos poucos lugares onde pode relaxar com privacidade. “Todo mundo presume que o local seja extremamente luxuoso, como no livro Expresso do Oriente, mas, na prática, se destaca por ser mais funcional do que extravagante”, disse o historiador real David McClure no documentário. Atualmente, a decoração dos ambientes é discreta, com toques de dourado e detalhes escolhidos à época pela rainha Vitória.
Não basta ser da família real, o trem é privativo para os membros mais antigos, conforme revelou Emily Andrews, comentarista do jornal The Sun. Inclusive, o príncipe Harry nunca embarcou no transporte, enquanto Meghan Markle sim. A duquesa de Sussex foi convidada pela rainha para ir a um noivado em Cheshire, em 2018. Antes da recente viagem de William e Kate Middleton, a locomotiva só estava disponível à monarca e ao marido, o príncipe Philip; e ao príncipe Charles e à mulher, Camilla, duquesa de Cornualha.
A turnê dos duques de Cambridge entrou para a história da realeza britânica. Apesar de o príncipe William ter embarcado diversas vezes, foi a primeira vez de Kate a bordo do transporte. Na época da rainha Vitória, o meio de locomoção percorria 40 milhas por hora durante o dia e 30 milhas à noite. A distância equivale a 64 quilômetros por hora. No reinado de Elizabeth II, o limite aumentou para 70.
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