Descubra 3 suplementos de ervas populares que podem “detonar” o fígado
Uma pesquisa analisou o consumo de suplementos naturais. A nutricionista Priscila Reis explicou sobre o efeito das fórmulas no fígado
atualizado
Compartilhar notícia
As ervas são usadas para fins medicinais há milhares de anos. Em busca de se manter saudável, algumas pessoas adotaram o hábito de tomar suplementos de plantas por terem o selo de “natural”. Entretanto, não é porque uma fórmula é orgânica que não oferece riscos para a saúde, conforme analisaram pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA.
Publicado pela revista acadêmica JAMA Network Open, um estudo da universidade estadunidense trouxe que 15 milhões de adultos nos EUA tomaram pelo menos um suplemento de ervas no período de 30 dias, e as fórmulas poderiam gerar danos ao fígado. O estudo verificou os dados médicos de mais de 9,5 mil pessoas com idade média de 47,5 anos.
Danos potenciais ao fígado
As informações desses participantes incluíram o uso de suplementos de ervas com propriedades hepatotóxicas. “Produtos botânicos potencialmente hepatotóxicos são aqueles que contêm ingredientes de origem vegetal que foram implicados como causas potenciais de danos ao fígado”, enfatizou Alisa Likhitsup, autora da pesquisa.
“Ainda não se sabe como esses produtos causam danos ao fígado, mas é provável que seja devido ao metabolismo que ocorreu no órgão após os produtos serem consumidos”, explicou Alisa. Ela acrescentou: “Como hepatologista, vi pacientes que tiveram lesão hepática por tomar suplementos alimentares e alguns foram fatais.”
“Dados da Drug Induced Liver Injury Network relataram que as taxas de lesão hepática devido a suplementos botânicos aumentaram de 7% em 2004-2005 para 20% em 2013-2014. Portanto, eu tinha um interesse em analisar a prevalência e ver quantos americanos estavam consumindo esses produtos”, confessou a autora do estudo ao portal Medical News Today.
Ao tomar conhecimento do estudo e dos suplementos de ervas citados na pesquisa — entre eles, estão o de ashwagandha, chá verde e cúrcuma ou curcumina —, a coluna Claudia Meireles conversou com a nutricionista Priscila Reis, de Belém (PA), para saber como essas fórmulas naturais afetam o funcionamento do fígado.
1. Ashwagandha
Priscila detalha que a ashwagandha é uma erva adaptogênica com componentes capazes de ajudar a reduzir o estresse e a melhorar a função imunológica. A planta também dispõe de propriedades anti-inflamatórias.
A nutricionista salienta quanto a ashwagandha ser “considerada segura” para o fígado, mas ela faz um adendo em relação a ingestão em excesso de suplementos à base da erva. “Em doses muito altas, pode potencialmente causar danos hepáticos em indivíduos sensíveis ou com problemas pré-existentes”, frisa.
2. Chá verde
A especialista em nutrição clínica menciona sobre o chá verde trazer na composição alto teor de catequinas, especialmente a epigalocatequina galato (EGCG), que apresenta efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. O consumo exagerado da erva e de fórmulas derivadas pode ocasionar a toxidade hepática, ou seja, prejudicar o fígado.
“O consumo de grandes quantidades de extrato de chá verde tende a causar toxicidade hepática. O EGCG em doses elevadas pode induzir o estresse oxidativo no fígado”, argumenta Priscila Reis.
Não é só o fígado que tende a sofrer com as consequências do uso excessivo do extrato de chá verde. A nutricionista elucida que elevadas doses tendem a causar danos aos rins. “Os metabólitos da infusão são excretados pelo sistema urinário. Pode ter efeitos benéficos, como redução da pressão”, pondera.
3. Cúrcuma ou curcumina
“A cúrcuma contém curcumina, um composto com fortes propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes”, sustenta a nutricionista. Ela complementa sobre essa raiz ser segura quando usada como tempero por ter uma concentração “muito menor” do ativo em comparação com o suplemento.
“A curcumina em altas doses, especialmente em forma de suplemento, pode sobrecarregar o fígado, levando a toxicidade hepática em casos raros”, esclarece a expert.
Priscila aponta que os suplementos de curcumina são frequentemente combinados com outras substâncias, a exemplo da piperina, ativo derivado da pimenta-preta. A adição visa melhorar a absorção, o que pode levar a concentrações mais altas no fígado, conforme garante a especialista.
Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.