Médicas revelam a destruição causada na pele de quem fuma vape
As médicas Amanda Todt e Clarissa Rittes detalharam como fica destruída a pele do fumante de vape. Confira o que elas disseram
atualizado
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Embora seja proibida no Brasil a comercialização, a importação e a propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar, não é difícil ver alguém na rua com um vape na mão. Em uma rápida pesquisa na internet, encontra-se em um estalar de dedos relatos de fumantes que ficaram com “buracos” nos pulmões em consequência do uso. Além de afetar o funcionamento do principal órgão do sistema respiratório, esses cigarros destroem a pele.
Para entender melhor como o uso do dispositivo prejudica a derme, a coluna Claudia Meireles acionou duas médicas: Amanda Todt, de Brasília; e Clarissa Rittes, de São Paulo. As especialistas são categóricas ao afirmar sobre os cigarros eletrônicos acentuarem tanto o envelhecimento da cútis a ponto de a comunidade médica criar o termo “vapeface”, ou seja, “rosto de vape”.
Envelhecimento
“Os usuários de vape que têm 20 anos apresentam sinais de envelhecimento da pele de pacientes com a idade de 40”, enfatiza Clarissa. De acordo com Amanda, fumar cigarro eletrônico não envolve “simplesmente inalar vapor d’água”. “É consumir um aerossol composto por milhares de substâncias, algumas tóxicas e a maioria ainda não identificada, com os efeitos na saúde não totalmente conhecidos”, salienta a profissional atuante na capital federal.
Segundo Amanda, a intensidade do envelhecimento da pele de um tabagista está diretamente relacionada ao número de cigarros diários e ao tempo como fumante. “Hoje, sabe-se que, pela carga de nicotina, um vape equivale a cerca de um maço com 20 cigarros convencionais”, esclarece. As médicas destacaram como esse componente do tabaco acelera a degradação da cútis.
“Existem dois processos que regem o envelhecimento da pele: um intrínseco, que consiste em um processo degenerativo celular gradual de todos os tecidos, e um extrínseco, causado pela exposição a diversos agentes, como a exposição solar e o tabagismo”, evidencia Amanda.
Danos da nicotina
Clarissa Rittes pontua quanto à nicotina “causar erupções cutâneas, como a acne e a psoríase”. Substância de maior relevância tanto no cigarro comum quanto no eletrônico, a nicotina tem atividade vasoconstritora, isto é, causa diminuição da espessura dos vasos sanguíneo e, por conseguinte, reduz a concentração de oxigênio nos tecidos, aumenta a agregação plaquetária e a produção de radicais livres, conforme detalha Amanda Todt.
Ela acrescenta que a atividade vasoconstritora também “diminui a proliferação de macrófagos e fibroblastos, células responsáveis pela produção de colágeno”. Em relação à proteína fibrosa que confere elasticidade aos tecidos da pele, Clarissa Rittes frisa que os cigarros eletrônicos, a exemplo do vape, acumulam várias substâncias químicas, além da nicotina, capazes de aumentar a produção de radicais livres.
“Esses radicais livres fazem com que se perca colágeno, que oferece estrutura para a pele”, garante a especialista de São Paulo. Por sua vez, Amanda acrescenta sobre a síntese dessa proteína na cútis ser significativamente impedida em fumantes e, consequentemente, ocorre a diminuição da elasticidade, hidratação e resistência. “Fumar prejudica a capacidade de renovação celular, o que acelera o processo de envelhecimento”, reforça.
A médica de São Paulo aponta quanto à questão da fumaça quente da nicotina e dos tóxicos do produto afetarem a passagem de sangue. “Quando a circulação piora, você receberá menos oxigenação. Assim, há o aumento da perda de colágeno e o ressecamento da pele, que tende a ficar amarelada”, endossa Clarissa. Conforme a especialista de Brasília, o tabagismo favorece um maior risco de complicações no processo de cicatrização.
Efeitos “irreversíveis” na pele
Clarissa Rittes aponta que o movimento repetitivo de tragar o vape propicia o surgimento de “muitas rugas em volta dos lábios”. Já a médica atuante em Brasília complementa sobre os tabagistas trabalharem bastante o músculo orbicular da boca. Amanda menciona que essas linhas de expressão em torno da boca são popularmente conhecidas como “código de barras”.
“A pele do tabagista, em geral, se mostra mais ressecada, opaca, com aumento de rugas superficiais, com alterações de coloração (aspecto acinzentado) e proeminências ósseas”, considera Amanda. Profissional de São Paulo, Clarissa Rittes cita um trabalho recente da Academia Americana de Dermatologia (AAD) que relaciona o uso de vape ao aparecimento de câncer de pele.
Para quem é adepto do uso do vape, Amanda salienta que “os efeitos do tabagismo na pele infelizmente são irreversíveis”. Ao argumentar, a médica dá um conselho: “Ao parar de fumar, previne-se a piora dos danos.”
Ela recomenda recorrer aos cuidados dermatológicos, tanto o skincare quanto os procedimentos em consultório, a fim de amenizar as consequências na cútis provenientes do consumo de cigarros convencionais e eletrônicos.
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