Dermatologista explica por que a queda de cabelo é maior no inverno
Como o inverno chegou com tudo no Brasil, nada melhor que esclarecer dúvidas sobre o assunto com o dermatologista Breno Marques
atualizado
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Pentear ou passar a mão no cabelo e vários fios caírem. A princípio, vem o susto e o questionamento: o que está acontecendo? Oleosidade, uso de prendedores em excesso e aplicação exagerada de produtos químicos podem impulsionar a queda capilar. Para quem não sabe, as estações frias também tendem a dar um “empurrãozinho” nesse problema. Como o inverno chegou com tudo no Brasil, nada melhor que esclarecer dúvidas sobre o assunto com o dermatologista Breno Marques.
À coluna Claudia Meireles Breno explicou que as madeixas costumam cair mais na temporada de frio devido à lavagem do cabelo com a água quente. O hábito provoca a descamação do couro cabeludo e, consequentemente, há a queda dos fios. O médico alerta ser necessário identificar com um profissional se a perda de cabelo está relacionada à estação ou a algum problema de saúde: “É preciso fazer uma tricoscopia, exame do couro cabeludo. Na avaliação, conseguimos ver a descamação ou inflação ao redor do pelo”.
Caso tente analisar o couro cabeludo em casa, o tricologista deixa avisado: “Sem esse exame, será difícil diferenciar, pois a queda é a mesma”. Para quem passa pela situação, não será surpresa ter de evitar tomar banho com água “pelando”, conforme instrui Breno: “Água morna já ajuda, não precisa ser fria”. Outra recomendação do expert está relacionada a não ficar horas no chuveiro com a água quente no couro cabeludo. “Quanto mais rápido for, melhor”, endossa.
Problemas
Não são só os banhos em água quente que prejudicam a saúde capilar, mas também a falta de sono, descamação e oleosidade. Os quadros fazem com que os fios caiam antes do tempo correto e, assim, podem até não crescer como antes, segundo salienta o médico. “Em longo prazo, o paciente vê o afinamento do cabelo, o aumento da queda e o problema piorar mais”, salienta. Ao notar a condição, Breno aconselha recorrer a um dermatologista o quanto antes a fim de saber em que patamar está a disfunção e o que pode ser feito para ser atenuada.
De acordo com o especialista, o paciente geralmente só se dá conta do problema quando a quantidade de cabelo caindo é enorme ou o fio está bem ralo. Nas estações frias, outras condições capilares tendem a aparecer, como vermelhidão, coceira, descamação e pontinhos vermelhos, como se fossem feridas. Breno reforçou que as lesões incomodam e causam inflamação, principalmente na região em que a cabeça fica encostada no travesseiro na hora de dormir.
“Vira um ciclo vicioso, mais oleosidade, vermelhidão, descamação e coceira”, adverte o tricologista. Ele recomenda manter as madeixas limpas e, se persistirem os sintomas, procurar um profissional para tratar o problema com medicação. Por conta do frio, há quem opte por deixar de higienizar os fios. Questionado se a atitude é um erro ou acerto, Breno afirma não ser incorreto. “Pode lavar todos os dias sim, muitas mulheres não gostam por terem de secar o cabelo. Nesses casos, tente higienizar de duas a três vezes na semana”, sugere.
Limpeza
A periodicidade de lavar as madeixas depende do couro cabeludo. “Se apresentar descamação ou oleosidade, não vai poder higienizá-lo de três em três dias. Nesse quadro, é recomendado lavar todos os dias”, reforça o dermatologista. O expert enfatiza a respeito de escolher o xampu de acordo com o tipo de couro cabeludo e de fio. Em relação ao uso do condicionador, Breno indica adotar o leave-in, por oferecer o efeito semelhante e dispor de carga lipídica menor.
“Pode lavar o couro cabeludo e passar um pouco de leave-in. Lembrando que quantidade pequena para os fios ficarem hidratados e sem deixar o couro cabeludo com oleosidade excessiva, aspecto provocado pelo condicionador. Se usar um xampu de uso diário, pode lavar diariamente os fios”, aconselha o médico Breno Marques.
Secador
Por vezes, é comum ouvir e ler a respeito do secador prejudicar o cabelo por causa da alta temperatura do jato quente. Para não ficar com os fios molhados por um longo período, há quem utilize o aparelho com maior constância ao longo das estações frias. Perguntado sobre como usar o equipamento sem prejudicar as madeixas, Breno Marques frisa para não colocar na potência mais alta nem passar rente aos fios. “Mantenha 30 centímetros de distância”, ensina.
Para o bem das madeixas, Breno propõe abolir a chapinha, em especial, as que não têm controle de temperatura. Quem tem o hábito de lavar o cabelo antes de dormir, o secador está como opção mais viável, pois dormir com os fios molhados gera doenças. É o caso da dermatite seborreica, mais conhecida como caspa. O dermatologista aconselha ficar de olho em roupas e travesseiros para ver se tem os “pontinhos brancos”. Se houver, deve comunicar ao dermatologista.
De olho!
Consenso na medicina, a falta de vitamina D no organismo está associada à queda das madeixas. Segundo o tricologista, a insuficiência da substância pode causar o caimento dos fios. “O ciclo folicular, que é o ciclo do cabelo, tem de durar de dois a oito anos. Entretanto, o tempo reduz se a vitamina D estiver baixa. Quando os níveis estão pequenos, há perda dos fios. Estoque de ferro no organismo, a ferritina inferior ao ideal também causa o problema capilar”, explica Breno.
Breno alerta que mulheres diagnosticadas com a Covid-19 estão com níveis de ferritina baixos. Assim, é necessário repor o ferro por meio da alimentação ou com a suplementação de comprimidos. Já quem apresenta insuficiência de vitamina D precisa recorrer à ingestão de medicamentos. Se o aporte estiver bem abaixo do ideal, os especialistas recomendam a injeção intramuscular.
Sobre o expert
O dermatologista Breno Marques atua como especialista em transplante de cabelo (FUE) e em doenças do couro cabeludo. Ele é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O profissional atende em sua clínica homônima, no Piauí, e na Clínica Giovana Moraes, em São Paulo. No rol de pacientes do médico, estão o cabeleireiro Rodrigo Cintra e o ator Raul Gazolla.
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