De striptease a crimes: conheça a história do clube Chippendales
Um lugar para assistir shows de striptease, Chippendales virou enredo de ganância, rivalidades, crimes e assassinatos
atualizado
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O clube norte-americano de Chippendales não protagonizou somente momentos de striptease de homens musculosos e com o peitoral definido. Enquanto não aparece nas telonas, a verdadeira história ganhou vez em uma série de podcasts produzida pela historiadora cultural e personal trainer Natalia Petrzeka. O que deveria ser um lugar para assistir a danças sensuais masculinas, virou enredo de ganância, rivalidades, crimes e assassinatos.
Para lançar o programa Welcome to Your Fantasy (Bem-vindo à sua Fantasia, em tradução do inglês), Natalia foi a fundo na apuração. Ela entrevistou mais de 60 pessoas, como ex-dançarinos, clientes e investigadores do caso. Inaugurado em 1979, o Chippendales foi fundado pelo indiano Somen “Steve” Banerjee e pelo norte-americano Bruce Nahin com o “conselho” do “cafetão judeu” Paul Snider. O último sugeriu uma noite de striptease só de homens.
O clube recebeu a alcunha como forma de homenagear móveis do século 18 e dar a ideia de elegância. O endereço viveu o apogeu nos anos 1980 tendo arrecadado milhões na época. Nos anos 1980, uma média de 900 mulheres, por noite, lotavam o clube de Chippendales e gritavam: “Queremos carne!”, segundo reportagem do jornal New York Post. Na noite de estreia, 600 mulheres fizeram fila do lado de fora.
Os homens eram descobertos por Snider em academias e praias ao redor de Los Angeles. A bordo de colarinhos, gravatas borboletas, punhos e calças de spandex, os strippers surgiam no palco ao som das súplicas femininas. Primeiramente, os musculosos e lubrificados dançarinos se despiam, antes de descerem até a plateia para distribuir beijos e recolher dólares colocados em suas tangas pela clientela.
“Chippendales não era apenas peitorais, tainhas e cuecas fio dental recheadas de notas de dólar”, destacou Natalia no podcast. Em entrevista ao New York Post, a produtora chegou a dizer que “era proibido os dançarinos aceitarem dinheiro para sexo, mas alguns o fizeram. Ouvi falar de caras que ganharam de US$ 300 a US$ 1,5 mil em encontros”. Ex-stripper do clube, Scott Marlowe revelou sobre o consumo de drogas.
A série de podcasts Welcome to Your Fantasy estreou em 10 de fevereiro. Ao todo, serão oito episódios que contam detalhes da trama de intrigas do show de striptease masculino, desde as origens de Banerjee na Índia com o sonho de se transformar em um rico empresário da vida noturna em Los Angeles. Natalia Petrzeka publicou o quarto capítulo nesta quarta-feira (3/3). O programa integra o catálogo do Spotify.
Tragédias
Quem deu a ideia dos dançarinos usar colarinho e gravata foi a mulher de Paul Snider, Dorothy Stratten. Em agosto de 1980, ele a matou com um tiro e, em seguida, apontou a arma para si mesmo. Passado um ano da tragédia, Somen Banerjee contratou o produtor vencedor do Emmy Nick De Noia para coreografar a turnê do grupo e acompanhar a rotina de shows ao vivo em clubes Chippendales nas cidades de Nova York, Dallas e Denver.
Banerjee ficou ressentido com o sucesso de De Noia ao ponto de encomendar o assassinato do coreógrafo, em 1987. O cofundador tentou incendiar e vandalizar clubes rivais, além de planejar a morte do parceiro Bruce Nahin e de outros associados. O FBI descobriu a armação do empresário e o prendeu. O indiano declarou-se culpado de uma acusação de extorsão que incluiu orquestrar o homicídio de De Noia e o incêndio criminoso.
Condenado a 26 anos de prisão, Somen Banerjee foi encontrado morto em sua cela. Os clubes fecharam as portas após a sequência de tragédias. Em 2000, novos proprietários compraram e relançaram a marca. Atualmente, os dançarinos Chippendales se apresentam em um teatro avaliado em mais de US$ 10 milhões no Rio All-Suite Hotel and Casino, em Las Vegas. Os strippers continuam a fazer turnês mundiais.
Telonas
Diante da saga de escândalos de cair o queixo, a indústria cinematográfica de Hollywood se rendeu à história dos Chippendales. O projeto está em desenvolvimento há duas décadas, mas ganhou fôlego no ano passado quando o diretor Craig Gillespie resolveu ficar à frente. Vencedor do Oscar em 2009, o ator Dev Patel irá interpretar Somen Banerjee, já os papéis de Snider e De Noia continuam sem nomes. Ben Stiller desistiu de dar vida ao coreógrafo.
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