Se Brasília é a capital do automobilismo? Claro que sim. Não à toa que, em sua brilhante festa de inauguração, que durou três dias, a nova capital federal hospedou o Grande Prêmio Juscelino Kubitschek, em 1960.

Com direito à cobertura da imprensa nacional e internacional, a corrida ocupou o longo asfalto do Eixão Sul. O vencedor da competição foi o saudoso piloto paulista Jean-Louis Lacerda Soares, falecido em 2020, em decorrência da Covid-19. À época, ele se aventurou com sua Ferrari Testa Rossa, e recebeu o troféu das mãos do pentacampeão de Fórmula 1, o argentino Juan Manuel Fangio, um dos convidados do evento.

Em 2020, o governador Ibaneis Rocha já demonstrou interesse em retomar com as monumentais corridas. Em janeiro, ele se reuniu com representantes da Fórmula 1 interessados em trazer o grande prêmio para o Distrito Federal, a partir de 2021.

Entretanto, caso a Fórmula 1 se confirmasse em Brasília, o autódromo teria de se adaptar aos padrões mundiais. Ibaneis, então, começou a tomar previdências, afirmando que cancelaria a parceria público-privada (PPP) do Autódromo Internacional Nelson Piquet, sem uso desde o fim de 2014. Segundo o governador, o edital elaborado na gestão de Rodrigo Rollemberg apresentava erros.

“É claro que toda a cidade quer receber uma a Fórmula 1, mas temos ainda São Paulo e Rio de Janeiro nessa disputa. Não decidi reformar o autódromo para o evento em si, mas quero deixá-lo em condições de receber qualquer categoria de corrida e devolver o espaço para o DF”, disse ao Metrópoles.

Contudo, logo veio a pandemia de coronavírus, e a pista recebeu uma nova função. O espaço serve de alojamento provisório para a população de rua, e assim deve permanecer até 1º de janeiro de 2021, de acordo com o GDF.

Apesar dos impasses e da tentativa de estreitar a relação da cidade com o automobilismo, Brasília é terra-mãe de pilotos que são verdadeiras estrelas. Nascidos ou criados aqui, alguns competidores famosos mundialmente podem ser vistos, hora ou outra, pelas ruas da capital. Felipe Nasr, Lucas Foresti, Pedro Cardoso, e os irmãos Pedro e Nelsinho Piquet são exemplos disso.

Saiba de quem estamos falando:

Felipe Nasr

Nascido em agosto de 1992, Felipe Nasr iniciou sua trajetória nas pistas no kart, com 7 anos. Ele foi cinco vezes campeão brasiliense, chegando a conquistar títulos importantes. Mais tarde, entrou para a Fórmula BMW europeia, e sagrou-se campeão em 2009. Já em 2011, destacou-se no pódio da Fórmula 3 inglesa. No ano seguinte, disputou a GP2, garantindo a terceira colocação em 2013.

Por três anos, o Brasil contou com apenas um piloto na Fórmula 1, Felipe Massa. Até que, em 2014, Nasr foi contratado para ser piloto de testes da Williams. Após alguns treinos livres, assumiu como titular da Sauber em 2015, tornando-se o brasileiro com melhor estreia de todos os tempos na competição internacional. Ele conseguiu a quinta colocação no GP da Austrália.

Lamentavelmente, em 2016, com a saída do Banco do Brasil como patrocinador da Sauber, a situação do piloto brasiliense ficou insustentável. Nasr deixou o time e a Fórmula 1. O passo seguinte foi entrar para a IMSA, categoria que lhe rendeu vitória em 2018. Para 2021, Nasr pretende conciliar a atual corrida com a Fórmula Indy.

Lucas Foresti

A aspiração pela velocidade está no DNA de Lucas Foresti, que herdou a paixão pelas pistas do pai, Victor, ex-campeão de Marcas e Pilotos, e um dos grandes nomes do enduro nos anos 1990. Nascido em maio de 1992, foi aos 4  anos que o piloto esteve cara a cara com uma CR50, que ganhou de presente para disputar provas de motocross. Porém, em uma de suas várias corridas em diferentes categorias, Lucas se acidentou e fraturou as costelas, a clavícula e o ombro. Foi o fim de sua atuação em duas rodas.

Em 2006, o brasiliense ficou sabendo que seu tio Constantino Jr. (piloto da Porsche Cup e da F-3000, atual GP2) possuía um kart parado na oficina. Ele o convenceu de acelerar e garantiu a quarta colocação da categoria Novatos, em uma corrida no Kartódromo de Brasília. Em dois anos, alcançou oito títulos.

Em 2009, ficou em terceiro lugar na Fórmula 3 Sul-Americana (atual F3 Brasil). No ano seguinte, dividiu-se entre a F3 sul-americana, a Toyota Racing Series, a F3 Inglesa e GP3. Já em 2010, participou da prova de F3 em Macau.

Passando pela F3 Brasil Open e pela F3 Inglesa em 2011, foi a vez de sonhar mais alto e testar a GP2, em 2012, embora tendo seguido em duas temporadas na World Series.

Por fim, chegou a vez da Stock Car, corrida que o classificou como um dos principais talentos da nova geração.

Em 2020, o piloto embarcou em um novo desafio, na categoria Império Endurance Brasil. Correndo na McLaren da Autlog Racing Team, Foresti integra o time de Flávio Abrunhoza e Leandro Ferrari.

Nelsinho e Pedro Piquet

Nascido em julho de 1985, em Hildelberg, na Alemanha, Nelsinho é filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet. Aos oito anos, ele deixou de morar com sua mãe, Sylvia Tamsma, em Mônaco, e mudou-se para Brasília, para ficar com o pai.

Nelsinho pilotou kart dos 8 aos 15 anos, tornando-se campeão brasileiro em 1997, 1999 e 2000. Em 2002, ele foi campeão sul-americano de F3 e, em 2004, levou a melhor na Fórmula 3 Inglesa.

Nos dois anos seguintes, participou de duas temporadas pela GP2, sendo que, em 2006, assumiu o segundo lugar, perdendo apenas para Lewis Hamilton. Piquet Jr. se tornou piloto de testes da Renault na Fórmula 1 em 2007, virando titular em 2008, juntamente com Fernando Alonso.

Todavia, durante a GP de Cingapura, em 2008, Nelsinho bateu o carro intencionalmente, para que safety-car ingressasse na pista e beneficiasse Alonso. O ato, portanto, interrompeu a carreira do piloto.

Em 2010, o filho do tricampeão mundial deu início às disputas da Camping World Truck Series (Nascar). Em 2012, venceu a Nationwide Series. Desde então, ele compete no Global Rallycross Championship (GRC), e também no circuito brasileiro da Stock Car.

Nelsinho ainda foi campeão da Fórmula E, entre 2014 e 2015. No ano seguinte, participou do Campeonato Mundial de Endurance e da Porsche GT3 Cup Challenge, em Interlagos. Também renovou com a equipe China para correr na Fórmula E.

Depois de subir ao pódio na Stock Car em 2018, em Goiânia, tornou-se o novo piloto da Jaguar Racing na F-E, chegando a participar de seis etapas.

Pedro Piquet

Em 1998, nascia outro herdeiro de Nelson Piquet que seguiu os passos do pai e do irmão mais velho, Nelsinho. Pedro Piquet também se encontrou com o kart, aos 8 anos. Em 2013, participou de seis provas da Toyota Racing Series, na Nova Zelândia, terminando em 13º lugar.

Em 2014, entrou para a Fórmula 3 Brasil, pela equipe Cesário Fórmula. Ele venceu 11 das 16 corridas. Também teve vitória na Porsche GT3 Cup Challenge Brasileiro, e participou de uma corrida no Campeonato Global de Rallycross (com um pódio) e na Copa Brasileira Mercedes-Benz Challenge C250.

Pedro Piquet largou na Porsche Mobil 1 Supercup e no Brazilian Porsche GT3 Cup Challenge, em 2015, garantindo dois pódios (de seis corridas).

Em 2016, ingressou no campeonato europeu de Fórmula 3, o qual disputou por duas temporadas. Dois anos depois, Pedro Piquet fechou com a Trident Racing para pilotar na Série GP3, vencendo em Silverstone e Monza.

No ano passado, Pedro começou no Campeonato FIA de Fórmula 3, garantindo uma vitória. Hoje, o piloto compete na Fórmula 2.

Pedro Cardoso

Aos 21 anos, Pedro Cardoso acumula uma jornada triunfante nas pistas e um futuro promissor. Assim como a maioria dos pilotos citados nesta reportagem, ele também estreou no kart. Logo na primeira corrida, marcou pole.

Pedro é a aposta de seu pai, Sergio Cardoso, que sempre esteve por dentro dos esportes, nas pistas ou no yachting. Em 2010, o jovem alcançou importantes troféus no kart: Copa Paulista, Copa São Paulo, Copa Brasiliense e Copa Brasil. Em 2012, venceu a minimax do Winter Tour dos Estados Unidos. Já em 2014, ganhou a juniormax.

O brasiliense entrou para a Fórmula Júnior, categoria pela qual foi campeão. Disputou quatro etapas da Fórmula 4 Sul-Americana, premiado em 2015, e também participou da F3 Brasil Light.

Após uma temporada vitoriosa na Stock Light, em 2019, Pedro Cardoso assumiu posição na categoria principal, a Stock Car. Atualmente, ele integra a equipe RMattheis, ao lado de Gabriel Casagrande.

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