Crianças mimadas? Psicóloga aponta problemas de uma criação inadequada
Após alguns casos de atitudes mimadas no BBB, psicóloga expõe os problemas de uma criação muito condescendente
atualizado
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Na última segunda-feira (26/2), a cantora Wanessa Camargo foi chamada de mimada por um participante do BBB 24 e demonstrou chateação. “Eu não gosto de brincadeira com isso, porque é brincadeira que fazem de estereótipo, não gosto. Eu não sou nada mimada”, justificou ela com indignação.
De acordo com o dicionário, o termo faz referência àquela pessoa tratada com facilidades, recebendo o que desejava sem esforço – seja para ser, simplesmente, agradada, seja por fraqueza de quem oferece essas facilidades para não magoar.
A resposta para tal comportamento está, muitas vezes, relacionada ao processo de criação daquele indivíduo. De acordo com Juliana Gebrim, psicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), crianças criadas de formas inadequadas podem desenvolver uma falta de habilidades sociais e emocionais. Além disso, muitas vezes elas sentem dificuldade em lidar com a frustração, a negação de desejos e também não se sentem preparadas para enfrentar desafios do mundo real.
“As crianças mimadas podem ter dificuldade em construir relacionamentos saudáveis, pois podem ter uma expectativa constante de gratificação imediata. A falta de independência pode resultar em uma autoestima frágil, já que essas crianças podem se tornar inseguras e dependentes da aprovação externa. A vida adulta pode apresentar desafios, pois enfrentarão dificuldades em lidar com adversidades e responsabilidades”, explica.
Identificando crianças mimadas
Segundo Gebrim, a dificuldade de adaptação e as exigências das pessoas mimadas podem ser percebidas na infância e solucionadas. “Sinais como dificuldade em lidar com a frustração, falta de empatia, comportamento exigente, recusa em ajudar nas tarefas e falta de apreciação indicam a possibilidade da criança estar mimada. Essas atitudes podem influenciar negativamente o desenvolvimento, prejudicando a capacidade da criança de enfrentar desafios, compreender as necessidades dos outros e desenvolver um senso de responsabilidade”, destaca a profissional.
A psicóloga é a favor de usar estratégias para evitar que as crianças tenham um mau comportamento quando adultas, como estabelecer regras consistentes e promover a responsabilidade desde cedo. “Além disso, os pais devem modelar comportamentos positivos, demonstrar empatia e ensinar sobre gratidão, promovendo uma abordagem equilibrada para ajudar as crianças a se tornarem adultos independentes, responsáveis e conscientes das necessidades dos outros”, diz.
Em programas como o BBB, um dos principais motivos de confusões é a dificuldade das pessoas mimadas em aceitar as normas de convivência do ambiente e precisar cooperar com os demais indivíduos. “Estabelecer limites desde cedo também contribui para a formação de valores e normas sociais, pois a criança internaliza princípios éticos e aprende sobre a importância do respeito mútuo e da cooperação”, indica Gebrim.
Estabelecendo limites claros
A psicóloga explica que estabelecer limites claros e consistentes proporciona um senso de segurança e previsibilidade, o que permite que a criança compreenda o que é esperado dela e o que pode ou não fazer. “Esses limites consistentes promovem a autonomia e a responsabilidade. Assim, ao aprender sobre consequências para suas ações, a criança desenvolve um senso de controle e compreende que suas escolhas têm impacto no ambiente ao seu redor “, ressalta.
Mesmo sendo necessário estabelecer limites claros, desenvolver a responsabilidade das crianças e desencorajar comportamentos inadequados, a psicóloga destaca que é crucial garantir que necessidades básicas, como alimentação, sono e afeto, sejam prontamente atendidas.
Além dos pais terem que ficar atentos às atitudes dos filhos, também é de extrema necessidade que eles repensem os próprios comportamentos para que as crianças não imitem atitudes inadequadas. Como na infância os pais são a principal inspiração das crianças, é importante que eles passem os valores não apenas com palavras, mas também com ações.
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