Coquetel marca abertura da 35ª Bienal de São Paulo no Museu Nacional
A oitava exposição realizada fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera chegou ao Museu Nacional da República na quinta (13/6)
atualizado
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Brasília deu as boas-vindas, na última quinta-feira (13/6), a uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível. Com coquetel de pré-abertura para convidados, a oitava exposição realizada fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera chegou ao Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios.
Parte do programa de mostras itinerantes, que alcança 14 cidades em 2024 — sendo três no exterior —, a iniciativa recebe curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, e estará aberta para visitação de 14 de junho a 25 de agosto, com entrada gratuita.
Participam do projeto recém-chegado na capital 13 artistas, sendo eles Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Katherine Dunham, MAHKU, Manuel Chavajay, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Zumví Arquivo Afro Fotográfico.
“O que é muito interessante é que o Denilson Baniwa é a única itinerância que nós estamos reproduzindo uma situação que aconteceu lá na Bienal de São Paulo. A obra dele que está aqui é composta por três elementos: um painel, uma pedra e, também, uma plantação de milho crioulo. Lá na Bienal, essa plantação foi feita em uma praça. Aqui, foi feita em uma rotatória em frente ao Museu Nacional”, conta Caroline Carrion, superintendente de comunicação da Fundação Bienal de São Paulo.
“O milho foi semeado agora, durante a montagem, e vai crescer junto com a exposição”, acrescenta.
A 35ª Bienal realizada no fim de 2023 na capital paulista foi a primeira experiência com coletivo curatorial horizontal. Dois dos curadores são brasileiros e dois são europeus; todos representados pela baiana Diane Lima, presente no evento em Brasília.
Segundo ela, o recorte de Brasília levou em consideração a preocupação com a representação de uma arte global, mas que também valorize os talentos do Brasil. “Aqui, nós temos, provavelmente, menos de 10% do número de artistas que tivemos na versão do pavilhão da Bienal, mas eles são muito representativos e muito potentes no conjunto de o que significam as coreografias do impossível”, diz à Coluna Claudia Meireles.
“Eu tenho pensado muito sobre o que significa nós estarmos na sede dos Três Poderes. Quando pensamos sobre as ausências de artistas negros, curadores negros e indígenas na arte contemporânea brasileira, eu acho que essa é a oportunidade de pensarmos como nós investimos, desenvolvemos e fomentamos todos os ciclos produtivos que tornam o artista ser possível e que o permitem chegar no lugar de visibilidade e de possibilidade de circulação do seu trabalho”
Diane Lima
A curadora ainda enfatiza que a exposição é uma oportunidade de olhar para o momento de ascensão, desenvolvimento e visibilidade da arte, além de desmistificar um pouco o “lugar elitista que as artes visuais, as artes plásticas ou arte contemporânea construíram ao longo do tempo”. “Eu acho que nós temos mudado essa perspectiva. Nós, eu me refiro a artistas e curadores indígenas. Acho que a prova disso é o sucesso da Bienal”, completa.
Para Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, a missão da exposição é a democratização da arte, a educação e a produção cultural. “O projeto de itinerâncias visa levar arte para mais gente. Nem todo mundo pode ir a São Paulo, na Bienal, que é uma grande exposição, sem contar que nós também fazemos um projeto educacional em todas as itinerâncias. Eu acho muito importante estarmos em Brasília, a nossa capital”, afirma.
Em discurso, o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, mencionou que a capital da República recebeu a Bienal de São Paulo pela última vez em 2019, e que é uma satisfação para a Secretaria poder trazê-la novamente. “Para nós, ter a Bienal, essa exposição Coreografias do Impossível, é um motivo de honra muito grande. Brasília coloca a sua arte, a cultura do povo brasileiro, numa semiesfera [Museu Nacional] para receber a maior exposição do nosso país”, declarou.
Em momento de fala, Felipe Ramón, subsecretário do Patrimônio Cultural do Distrito Federal, abordou a relevância do Museu Nacional para o cenário artístico-cultural brasileiro. “O museu se encontra na Esplanada dos Ministérios, exatamente porque os gênios que planejaram esta cidade pensaram que a arte tinha que ter a mesma relevância do que um ministério. Ou seja, é um reconhecimento de que, para o processo formativo do povo brasileiro, as artes são fundamentais”, destacou.
“Eu acho que é o mesmo recorte que a Bienal trouxe: identidade brasileira, o que significa ser brasileiro, qual é o significado das nossas raízes e como elas conversam com o nosso mundo de hoje”
Felipe Ramón, subsecretário do Patrimônio Cultural do Distrito Federal
À coluna, Sara Seilert, diretora do Museu Nacional da República, conta que a vinda da 35ª Bienal à cidade vem sendo planejada já há algum tempo. “O museu tem essa vocação para a diplomacia cultural. Então, receber a Bienal é uma forma de nacionalizar e internacionalizar o museu. Estou sentindo que estamos cumprindo a vocação do espaço para as artes visuais”, frisa.
“Essa troca é muito interessante, de não só a gente conhecer a Bienal de São Paulo, mas a Bienal de São Paulo conhecer Brasília”, observa ela.
A capital federal é a oitava cidade a receber a itinerância da 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível. A estreia ocorreu em janeiro deste ano, no Rio de Janeiro, — e destinos como Salvador e Buenos Aires também foram contemplados com a iniciativa. Na próxima semana, será a vez de Belo Horizonte sediar a exposição.
Veja como foi o evento de pré-abertura, pelas lentes de Luh Fiuza:
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