Conheça Eduardo Foz, fundador do projeto ZooFoz e “pai de 100 filhos”
O ativista divide o lar com lobo, jacaré, flamingo, arara, entre outros. Com a iniciativa, Foz conscientiza sobre a preservação da natureza
atualizado
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“O vício da minha vida é ajudar.” Com essas palavras, Eduardo Foz descreveu a satisfação em dirigir o ZooFoz, projeto social firmado em quatro pilares: amor, cuidado, educação e respeito. Sem fins lucrativos, a iniciativa trabalha a educação ambiental e a zooterapia em crianças com necessidades especiais. Para conseguir concretizar a missão de conscientizar e transformar vidas, o empresário conta com a colaboração de seus 100 filhos. É assim que ele considera os animais, ou melhor, os seres com os quais mora em uma casa em São Paulo.
Em visita a Brasília, Foz conversou com a coluna Claudia Meireles sobre o projeto. Devido ao nome, algumas pessoas acreditam ser um zoológico. Mas longe disso, explica o ativista em missão no Ministério do Meio Ambiente (MMA). A alcunha surgiu por causa dos filhos de seus amigos: “A única referência que tinham de diversos animais juntos em um mesmo lugar era de um zoológico. Eles falavam que queriam ir no zoo do tio Foz. Eu tirei o ‘do tio’, virou o ZooFoz”.
No lar não existem grades para separar os “seres”. Todos convivem juntos e soltos. “Não há brigas e eles se entendem”, assegura o empresário. Lobo convive com arara; jacaré com cachorro; rã com cateto. Inclusive, constam até romances entre eles. Chamado de Supla, o grou-coroado, pássaro típico da África do Sul, namora a Maria Eduarda, uma cervo-dama. Um é ave, enquanto o outro é um mamífero. De acordo com Foz, a harmonia entre seus 100 filhos serve de lição aos humanos por mostrar o respeito à diversidade.
“Para o animal, não importa se tem pena ou pelo e o outro bico ou focinho. Cada um não está preocupado com o que o outro é por fora e por dentro. Eu digo: se eles conseguem conviver com as diferenças, por que nós, seres humanos, não conseguimos fazer o mesmo?”, questiona. Os seres acolhidos tornam-se filhos do fundador do ZooFoz. O empresário ensina que todos são iguais. Ele credita a boa harmonia entre “os irmãos” à base forte de amor e educação.
Formigueiro
Apaixonado pelo reino animal desde a infância, Eduardo Foz teve muitos filhos ao longo da vida. “Falo para todos: ‘Meu primeiro animal foi uma bactéria quando eu nasci e saí do hospital'”, argumenta. Depois vieram um peixe e um passarinho. Atualmente, a arara severa Anita pode ser considerada a primogênita da casa. Jovem, ela está com o paizão há 22 anos. Vale lembrar que a ave vive entre 60 e 80 anos. Ao mostrar e falar da relação com a ave aos visitantes, o ativista frisa a importância da educação ambiental.
“Quando a gente fala de um ser, ele vai ficar doente e envelhecer igual a nós. Por isso, é importante a conscientização das pessoas quando pensam em criar um cachorrinho ou outro animal. Elas devem raciocinar: ‘Eu estou preparado para ter uma história e uma vida com ele?’. Por exemplo, minha arara vive 60 anos”, avisa. A família do ZooFoz engloba mais integrantes, no caso, “outras formigas”, como Foz define os colaboradores do projeto social.
Ao todo, 26 pessoas integram a equipe de colaboradores da iniciativa, desde diretor, assessor, neuropediatras, psicólogos a veterinários. “Cada um em sua especialidade, mas todos em prol de um objetivo: transformar o mundo por meio da educação ambiental e do trabalho de zooterapia, mostrando que os animais podem transformar qualquer criança”, destaca. Dividido em dois braços, o ZooFoz funciona como empresa, na ocasião, licencia o nome para produtos e os valores obtidos são revertidos ao projeto social.
“Quando eu comecei a escrever meu projeto, eu era uma formiga de 1 centímetro levando uma folha de 1 metro nas costas. Você já viu elas desistirem? Não, elas vão longe! Eu digo que tenho um formigueiro e sou uma formiga. O formigueiro é composto por todas as pessoas incríveis que apareceram na minha vida e começaram a participar do meu objetivo de vida. Gosto de dar esse exemplo, porque elas estão trabalhando em prol de algo. Formiga não fala, ela vai lá e faz acontecer”, frisa Eduardo Foz a respeito dos colaboradores.
Zooterapia
“É a primeira vez que faço algo na vida por amor. Cada vez que tenho de ir em uma fundação fazer zooterapia, eu volto pleno. A minha vida é uma satisfação”, sustenta o ativista. Intitulado como um centro de integração entre pessoas e animais, o ZooFoz promove sessões de terapia assistida a crianças e jovens com necessidades especiais. Dentre as instituições contempladas com a iniciativa, estão o Centro Lumi e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Autista, mais conhecida como FADA.
Se puder, a equipe do ZooFoz faz a zooterapia todos os dias. A técnica consiste em levar alguns dos filhos de Eduardo Foz às fundações: “Costumo dizer que uns seres nasceram para ajudar, outros não. Na minha casa, há alguns capazes de transformar vidas”. Companheira canina do ativista, a border collie Isabela faz um “trabalho maravilhoso” com crianças com espectro autista. A mesma definição é usada para a rã-touro Bianca. “Existem crianças que não se conectam com cachorro, coelho, furão, mas ao entrar uma rã, é como se o mundo delas se transformasse ao redor e tudo guardado se abrisse”, conta.
Embora possua a fama de causar mais medo que onça, a queixada Alice é muito dócil e corre com Foz diariamente pelas ruas da capital paulista. “A chamamos de princesa Fiona, pois tem um cheiro horrível. Em crianças que perderam a visão, trabalhamos com ela o tato devido ao pelo diferente”, esclarece o ativista. Doado pelo cantor César Menotti, o mini horse Menottinho em breve fará a alegria da garotada. Diretora da FADA, Viviane Atuati é mãe de um menino com autismo. Na zooterapia, ele se encantou com a cachorra Isabela.
O garoto pediu a Eduardo Foz um cão. Atendendo ao pedido, o empresário doou um border collie (mesma raça de Isabela). A criança o batizou como Jimmy. “Meu filho fala que o cachorro é o seu amigo. Ele passeia com ele e, também, o alimenta”, lembra Viviane. Segundo a diretora da FADA, alguns autistas não são verbais, entretanto, ao ficar em contato com os animais na zooterapia, abrem um sorrisão: “No início, alguns tinham muito medo, principalmente, de cachorro. Hoje, eles adoram levá-los para passear!”.
Na avaliação de Viviane, o método contribui de diversas formas no tratamento de crianças autistas. “Ajuda na interação social, aspecto sensorial e comportamento. Desenvolve ainda o amor, carinho e respeito aos animais. O ZooFoz realiza um trabalho exemplar com os alunos da Fada”, ressalta a diretora. Atualmente, são feitos mais de 400 atendimentos gratuitos por mês. Ao saberem dos benefícios da zooterapia, profissionais de outros países foram conhecer a técnica ao vivo, tornando-a referência nos tratamentos de crianças com necessidades especiais.
Na galeria abaixo, conheça alguns dos “seres” do ZooFoz:
“Espalhar a semente”
Eduardo reitera ter nascido apaixonado pelos “seres”. Mas, acredita que herdou esse amor incondicional da criação dos pais, Luiz Roberto Foz e Ana Foz. Desde a infância, ele está engajado em trabalhos sociais. “Estudei no Colégio Santa Cruz. Lá, aos 15 anos, os alunos iam visitar a casa de idosos. Eu era um dos voluntários”, rememora. Ao decidir transformar o mundo, o ativista em missão no Ministério do Meio Ambiente não mediu esforços e colocou em prática a máxima: “Você precisa começar”.
De acordo com Eduardo Foz, dá para transformar a educação ambiental por meio de uma criança, razão para investir no vínculo entre seus filhos e meninos e meninas com 1 a 3 anos de idade. “Os dois não trazem preconceitos. Acredito que quando existe uma conexão desde cedo entre eles podemos transformar o mundo. Os meus filhos ensinam o significado da palavra amor, carinho e respeito. Ao saberem desses conceitos, aprenderão a preservar o meio ambiente”, defende.
Quem deseja conhecer o ZooFoz participa de uma experiência, batizada de programa antiestresse. Com duração de 2 horas, a atividade está aberta a crianças e adultos. Aos mais velhos, o fundador do projeto social pede que esqueçam as vivências após passarem pela porta de entrada: “Venham de coração aberto. Ao término, todos me falam obrigado”, lembra. Eduardo Foz avalia que os visitantes ficam fascinados com o projeto. A eles, o ativista ressalta o amor como base para transformar o mundo em um lugar melhor.
Ao fundar o ZooFoz, o empresário viu a necessidade de espalhar a semente da conscientização sobre o meio ambiente nos arredores do próprio lar. “Hoje, faço parte de um grupo de 77 casas do meu bairro e todos participam, desde plantar e conservar árvores frutíferas. Colocamos as famílias em prol desse objetivo”, argumenta Eduardo Foz. Alguns dos vizinhos usam suas expertises profissionais para atuar no projeto social. Por exemplo, uma veterinária e, também, uma neuropediatra.
Além das experiências e da zooterapia, o centro de integração entre pessoas e animais desenvolve ações sociais. Durante a pandemia, arrecadaram alimentos para serem doados a igrejas que auxiliam pessoas em situação de vulnerabilidade social. Anualmente na temporada de fim de ano, são dados presentes a crianças internadas no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo. Neste ano, uma instituição social da Cracolândia também foi contemplada com a entrega de brinquedos (veja no vídeo abaixo).
ZooFoz
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