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Conheça Antonio Sena, piloto que sobreviveu a queda de avião no Brasil

Em passagem por Brasília, o autor de 36 Dias participou de um encontro de livros e conversou com o Metrópoles. Confira!

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Nina Quintana/Especial Metrópoles
Antonio Sena
1 de 1 Antonio Sena - Foto: Nina Quintana/Especial Metrópoles

Antonio Serra viveu uma experiência fora do comum. Algo que transformou sua vida por completo. Hoje, aos 39 anos, conta um testemunho de sobrevivência mundo afora. O piloto de avião, nascido em Santarém, no Pará, teve uma segunda chance de vida depois que sofreu um acidente ao pilotar um Cessna 210, que sofreu uma pane no motor no dia 28 de janeiro de 2021.

Após a queda da aeronave em uma área próxima ao rio Paru, perto da divisa do Amapá com o Pará, Antonio passou 36 dias desaparecido, isso — lembrando —, em meio à gigantesca Floresta Amazônica. O piloto — que estava sozinho no voo — lutou bravamente pela sobrevivência, até avistar coletores de castanha na mata que o ajudaram.

Mesmo com as equipes de resgate tendo desistido de procurar pelo paraense, Antonio foi encontrado, finalmente, após 36 dias perdido na floresta — e aí está o motivo da escolha do nome do livro que, futuramente, Antonio lançaria.

Em maio do mesmo ano, a obra literária 36 Dias, publicada pela Buzz Editora, conquistou o público brasileiro e estrangeiro pela história extraordinária.

Antonio Sena é autor de 36 Dias

No livro, o autor conta detalhes do acontecimento que mudou sua vida, desde os segundos decisivos antes da queda da aeronave até o momento em que finalmente reencontrou sua família. “Ele compartilha com o leitor as estratégias físicas, mentais e emocionais que o ajudaram a voltar para casa são e salvo”, descreve a sinopse.

“Ao se dar conta de que estava vivo, Antonio começou uma corrida contra o tempo: precisava sair do avião e pegar alguns mantimentos antes que a aeronave explodisse. Sozinho na maior floresta do mundo, precisou andar dezenas de quilômetros e manter a calma, pensar racionalmente e lidar com a incerteza e o medo enquanto lutava para sobreviver na mata. Abrigo, água potável e comida eram meros detalhes perto de onças, sucuris, jacarés e todo tipo de inseto que existe na Amazônia”, diz o resumo da obra.

Atualmente, Antonio não é mais um piloto comum. Ao contrário. Ele deixou essa função um pouco de lado e se entregou a uma incrível missão de contar seu testemunho de vida a outras pessoas (por meio de palestras, mentorias e publicações nas redes sociais) e ajudar empresas a alcançarem resultados por meio da gestão de equipes. Todo o conhecimento compartilhado por ele, é claro, vem (e muito) da experiência transformadora que viveu na floresta.

Antonio Sena

“Hoje, tento auxiliar as empresas a terem uma liderança humanista, que olhe para as pessoas. Não existe falar em desenvolver empresas sem desenvolver pessoas”, diz Antonio ao Metrópoles.

O foco do trabalho atual do paraense é nas lideranças. “O dono da empresa, por exemplo, é o primeiro que precisa entender que cada pessoa vem com uma história, com comportamentos, com hábitos e traumas”, frisa.

Método Delta

Antonio é criador do Método Delta, um projeto desenvolvido por ele que aplica todo o aprendizado obtido na aviação nas realidades empresariais dos dias de hoje. Ele assegura: “Não estou aqui para ensinar, porque esse é o papel do professor. Eu sou, na verdade, facilitador. Faço a pessoa enxergar e chegar na resposta.”

“Delta é a diferença entre uma coisa e outra. Delta, para mim, foi a diferença de quem eu era lá, perdido na floresta, e de quem eu sou hoje. Pode ser, também, a diferença do que é uma empresa e, quando eu chego lá e coloco o método, sai outra coisa”

Antonio Sena, piloto e autor do livro 36 Dias
Piloto sobrevivente conversa com o Metrópoles

O piloto de formação com 15 anos de experiência na área explica que a aviação tem uma cultura muito específica, que aplica nos pilotos um certo modelo mental. “Isso foi fundamental para sair de dentro do avião no momento da queda. É saber fazer o planejamento, a análise de risco, de se colocar à frente do que pode acontecer e tomar boas decisões. Isso é o treinamento do piloto o tempo inteiro”, diz ele.

Antonio decidiu, então, juntar todo esse know-how, além de tudo o que aprendeu com o acidente na Amazônia, para levar para dentro das empresas. “É uma forma de elevar essa eficiência da aviação para qualquer segmento”, complementa.

Corpo, alma e espírito

Basta ler as páginas de 36 Dias para notar o quanto a área espiritual foi importante para Antonio no ocorrido relatado no livro. Segundo ele, durante a experiência, ele se reconectou com o Deus e “voltou a falar com Ele”. “Antonio renasceu e, hoje, compartilha os milagres que recebeu. “Também ensina as pessoas a enxergar as bênçãos e, sobretudo, a acreditar”, diz o resumo da obra.

“Eu costumo dizer que essa experiência me transformou em todos os aspectos que alguém pode ser transformado. Fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Que é o que nos compõe como ser humano. Nós somos corpo, mente e espírito. Não tem como fugir disso”, fala.

Das três esferas mencionadas pelo paraense, no entanto, a maior de todas, para ele, foi a espiritual. “Estar no meio da floresta, em contato com a natureza, fez tudo ser potencializado, porque onde está Deus mais do que naquele ambiente onde você vê vida para todo lado? Imagina ficar 36 dias só ouvindo a sua própria voz, sozinho. Então, ali, eu tinha a natureza, eu tinha tudo aquilo. Eu entendi que nós somos só parte disso também”, afirma.

Piloto também é mentor, autor de livro e palestrante

“O presente que Deus me deu para me tirar de lá [da floresta após o acidente aéreo] era exatamente que eu não guardasse isso [essa história] para mim”

Antonio Sena

Testemunho contado em páginas

Ao receber o convite da Buzz Editora, o piloto confessa que teve dificuldades em aceitar, mas foi convencido de que essa seria uma ferramenta para que a história dele chegasse em mais lugares. “A obra não tem conhecimento técnico de sobrevivência, até porque eu escrevi um mês e meio depois que fui resgatado. Eu relatei tudo o que eu senti no momento”, destaca.

Surpreendentemente, a história de Antonio chamou atenção em outros países, especialmente a França.

Por lá, ele lançou outro livro, totalmente novo. “Ele tem outro nome e um enfoque diferente, porque é para o público francês. Eu falo da relação da floresta com o ser humano”, comenta.

“Quando eu fui para lá lançar o livro, consegui fazer várias entrevistas abordando exatamente a nossa relação com a Floresta Amazônica. Ser de lá, para mim, é uma coisa que traz um orgulho muito grande”, acrescenta o morador de Santarém.

“Rasante” em Brasília

Na última terça-feira (26/3), Antonio Sena desembarcou em Brasília especialmente para um encontro de um clube de livros idealizado por empresários e advogados brasilienses que se reúnem uma vez ao mês para debater uma obra literária. A reunião ocorreu na Aliar, no Setor de Hangares do Aeroporto Internacional de Brasília.

“Receber esse convite para estar aqui foi muito bacana, ainda mais porque, até três anos atrás, eu não era autor. Poder participar de eventos como esse me aproximou muito da leitura, mas também das pessoas que são impactadas pela minha história. Ainda, Brasília é como uma segunda casa pra mim”, declara.

Veja os cliques do encontro:

Ricardo Bittar e Fabio Fialho
Werner e Alline Rech
Marcelo Brasiel, Antonio Sena e Bernardo Fenelon
Éder Pinheiro e Antonio Sena
Werner Rech, Alline Rech e Éder Pinheiro
Antonio Sena conversa com os membros do clube do livro
Bruno Azambuja, Werner Rech, Marcelo Brasiel e Éder Pinheiro
Conversa com o autor
Integrantes do clube do livro com o autor de 36 Dias

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