Conheça a planta rica em proteínas, low carb e antienvelhecimento
O nutricionista ortomolecular Alessandro Palatucci Bello esclarece todos os benefícios desse ingrediente natural tão promissor
atualizado
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Essencial para o funcionamento do organismo, a proteína vai além do ganho de massa muscular e da perda de peso. Ela traz benefícios como o aumento da saciedade, controle dos níveis de ferro, fortalecimento das unhas e do cabelo, entre muitos outros. E quando se fala em alimentos ricos nesse nutriente, no quesito vegetal, a ora-pro-nóbis se mostra promissora.
De nome científico pereskia aculeata, a ora-pro-nóbis é uma planta conhecida há muito tempo, mas que até hoje é usada como uma importante fonte alimentar. De acordo com o nutricionista ortomolecular Alessandro Palatucci Bello, o ingrediente tem uma quantidade proteica muito interessante para uma planta, levando em consideração que, em 100 gramas de ora-pro-nóbis, há 2 gramas de proteína.
Suas folhas são ricas em micronutrientes como ferro, vitamina A, vitamina C e algumas do complexo B. “Elas fornecem vários aminoácidos essenciais para o corpo, como a lisina [conhecida por suas propriedades antivirais e sua ação na produção de anticorpos] e o triptofano, que é precursor de serotonina [o hormônio da felicidade]. Ainda há muitos minerais, como fósforo, cálcio e ferro”, afirma o profissional.
Segundo o especialista, a planta pode ser consumida por várias pessoas, especialmente por quem tem anemia, devido à quantidade relevante de ferro. “O interessante é que ela também tem vitamina C na composição, o que é essencial para que o corpo absorva melhor o ferro. Geralmente, quando você faz consumo da couve, por exemplo, nós sempre sugerimos para pingar umas gotinhas de limão, pois a vitamina C, que contém ácido cítrico, faz com que você absorva o ferro de forma mais eficiente”, explica Alessandro. “No caso da ora-pro-nóbis, você não precisa complementar com a vitamina C, pois ela já tem uma boa quantidade do nutriente”, acrescenta.
A pereskia aculeata, ainda, é low carb, ou seja, é uma excelente opção para quem está em busca de emagrecimento, em razão, também, da quantidade positiva de fibras. “E o gosto amargo da planta tem uma reação neuroquímica no corpo que faz com que a pessoa tenha menos vontade de comer alimentos doces”, lembra o especialista.
No quesito antienvelhecimento, a ora-pro-nóbis não deixa a desejar! Conforme o nutricionista antecipa, a planta tem muitos antioxidantes que auxiliam na diminuição de danos causados às células, retardando o envelhecimento precoce da pele e ajudando, também, na saúde do cabelo e das unhas, devido à presença de vitaminas do complexo B.
Indivíduos com intolerância à lactose ainda podem apostar no ingrediente, pois ele é uma fonte de cálcio equivalente a pouco mais da metade do originado no leite, de acordo com o profissional.
Mal funcionamento intestinal é outro fator que pode ser beneficiado com a planta. “A quantidade de fibra vai ajudar no peristaltismo do intestino”, expõe Alessandro. Essa fibra, juntamente com as proteínas e os carboidratos presentes na pereskia aculeata, traz certa saciedade, conforme aponta o especialista. Essa característica também colabora com o processo de emagrecimento.
“A ora-pro-nóbis ainda é indicada para pessoas com desnutrição, graças à composição de micronutrientes. Ela é muito utilizada em cidades pequenas com níveis de desnutrição infantil, e é de baixo custo”, fala ele.
Por ser uma folha verde-escura, considerando que a maioria delas é rica em ácido fólico — vitamina essencial na formação do tubo neural dos bebês —, a planta é permitida para mulheres grávidas, mas com certa cautela. “Quando se fala em plantas, ingredientes naturais, muitos pensam que pode-se tomar à vontade, mas não. O ingrediente é que nem chá: se consumido em excesso, faz mal. Não pode ser em uma dose alta. Por isso, procure um especialista em fitoterapia para prescrever a quantidade ideal para você”, aconselha o farmacêutico.
Maneiras de consumir a ora-pro-nóbis
O ingrediente promissor, além de ter composição nutricional vantajosa, é de cultivo simples. Ele pode ser plantado no quintal, como uma hortaliça comum. “É uma planta rara, mas que gosta de sol. É fácil de ter em casa”, atesta o nutricionista.
Uma das maneiras de consumi-la é desidratá-la e triturá-la, transformando-a em uma farinha nutritiva. “Mas no processo de desidratação, há degradação de alguns micronutrientes, nada muito grande. Então, você não pode desidratar no forno, por exemplo, tem que ser natural”, dá a dica.
Alessandro cita a possibilidade de mandar manipular o ingrediente, visto que as farmácias de manipulação passam por várias leis que exigem uma matéria-prima de alta qualidade e o manejo controlado para que não haja nada além do ativo prescrito. “Mas pode-se usar a folha mesmo e utilizar em casa, sem agrotóxico!”, adverte.
Outra forma de ingeri-la é por meio de suco, com as folhas batidas. “No suco verde, por exemplo, tem que tomar um certo cuidado, sabendo a quantidade correta que vai colocar, pois é uma folha com um gosto um pouco forte. Pode-se, então, fazer o que chamamos de branqueamento, jogando essas folhas na água quente, deixando por uns três minutos e depois tirando e jogando na água fria para fazer o choque térmico. E tem que saber o que colocar no suco verde para ele não ficar com o sabor amargo muito forte”, ensina.
Confira uma sugestão do profissional para suco verde com ora-pro-nóbis:
Rasgue cerca de seis folhinhas da planta, faça o branqueamento e, em seguida, acrescente-as a 200 ml de água ou de água de coco, quatro maçãs e uma colher de café de gengibre fresco picado. Bata tudo no liquidificador, penere e beba a mistura uma vez ao dia.
Sim, o ingrediente é ótimo para acrescentar, também, em saladas, molhos ou tortas.
Veja como preparar um molho pesto “fake” com ora-pro-nóbis, por Alessandro Palatucci Bello:
Rasgue 100 g de ora-pro-nóbis e junte a meio dente de alho, meia xícara de chá de queijo parmesão (ou Minas curado) e um terço de xícara de castanha de caju, castanha do Pará, nozes ou pinoli (esse último em menos quantidade). “Eu gosto de esquentar a castanha sem óleo na frigideira para ela soltar os óleos essenciais”, compartilha ele.
Em seguida, triture tudo e vá adicionando, aos poucos, o azeite de oliva com acidez entre 0,2% e 0,5%.
A planta pode substituir as proteínas animais?
De acordo com o profissional, a pereskia aculeata não é tão rica em proteínas quanto a proteína animal, que é de alto valor biológico e absorvida muito bem pelo corpo. Em 100 g de ora-pro-nóbis, há 2 g de proteína, seis vezes menos que um ovo médio, por exemplo.
“Então, para ingerir as mesmas proteínas presentes em um ovo, uma pessoa teria de comer 600 g da planta, o que seria um consumo muito maior. E aí que mora o perigo. Para ingerir essa quantidade, vai depender de alguns fatores, como idade, sexo, patologia (se há problema renal, no fígado ou no intestino), objetivo e estilo de vida”, exemplifica o especialista.
O farmacêutico complementa que, em 100 g de frango, há 30 g de proteína.
“A ora-pro-nóbis é uma excelente planta, mas, em relação à proteína de origem animal, que é de muita qualidade também e bem absorvível, ela não contém todos os aminoácidos essenciais. Por isso, é importante procurar um nutricionista, ou outro profissional que entenda dessa parte, para orientar o paciente. O ingrediente é um excelente complemento, mas ele, sozinho, não traz todos os benefícios que o nosso corpo precisa”
Alessandro Palatucci Bello
Quantidade ideal por dia
Conforme Alessandro esclarece, a quantidade ideal de ora-pro-nóbis por dia é a de 100 g, o que seria cerca de uma xícara de chá preenchida pelas folhas cruas. “Em 100 g, já bate uma quantidade necessária diária para aquelas pessoas que não estão em deficiência dos nutrientes que eu citei lá em cima”, comenta.
Há contraindicações?
O especialista afirma que não há contraindicações, para adultos, quanto ao consumo de ora-pro-nóbis, a não ser o caso de reações alérgicas ao ativo. “Alguns efeitos podem ser dor de cabeça, diarreia, vômito, tontura ou erupção cutânea. Deve-se ter todo o cuidado para saber se a pessoa tem hipersensibilidade ou alergia”, alega.
Sobre o especialista
Alessandro Palatucci Bello é nutricionista clínico ortomolecular biofuncional e fitoterápico, além de farmacêutico bioquímico clínico e esteta. Também é ozonioterapeuta habilitado, com mestrado em fitoterápicos.
O profissional ainda é especialista em inflamação subclínica, dor crônica, emagrecimento, alta performance e fertilidade. Tem especialidade em doenças intestinais, regulação hormonal, análise metabólica e estética avançada.
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