Conheça 4 “rainhas” do Oriente Médio com poderosas histórias de vida
As integrantes da realeza estão engajadas em causas sociais e atuam como fortes opositoras dos regimes opressores contra as mulheres
atualizado
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Quando as palavras “majestade” e “alteza” são ditas, na maioria das vezes, vem à mente algum integrante da família real britânica. Embora os termos estejam um tanto quanto atrelados às dinastias europeias, outros países um pouco distantes do continente também têm a monarquia como sistema de governo. É o caso de Dubai, cidade dos Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Catar e Marrocos. Esses quatro lugares compartilham um tópico em comum, no caso, têm poderosas mulheres que transformaram a realeza.
No Mês da Mulher, vale mostrar a trajetória desses ícones femininos que fazem história nos locais em que vivem. Uma delas foi a primeira esposa de um rei a aparecer publicamente sem cobrir o rosto. Do quarteto, outra se tornou pioneira ao ser a primeira rainha a ter um perfil no Twitter. Mais do que rostos bonitos, elas estão engajadas em causas sociais e atuam como fortes opositoras dos regimes opressores contra as mulheres. A partir de agora, a Coluna Claudia Meireles te conta quem são elas.
Rainha Rania
Nesta semana, a rainha Rania da Jordânia protagonizou os holofotes em razão do casamento de sua filha, a princesa Iman, no último domingo (12/3). Ela ocupa as primeiras posições do rol de mulheres mais conhecidas do mundo árabe, além de ser constantemente comparada com Lady Di por trabalhar em projetos de ajuda humanitária. Com 52 anos, a personalidade é esposa do rei Abdullah II, mãe do herdeiro do trono, Hussein, e de mais três filhos.
A família da rainha tem origem palestina e precisou fugir das tropas israelitas de Tulkarem, cidade da Cisjordânia, estabelecendo-se no Kuwait, onde Rania nasceu. Filha de um médico, ela estudou em escolas com educação aberta ao mundo. Formada em gestão pela Universidade Americana do Cairo, no Egito, a majestade chegou a trabalhar na administração da Apple em Amã, capital da Jordânia.
O rei Abdullah se apaixonou por Rania à primeira vista em uma festa, entretanto, ela não correspondeu às investidas com facilidade. Após um convite para jantar, o romance entre os dois engatou de vez e, cinco meses depois, eles trocaram alianças, em 1993. A princípio, o casal não iria ficar à frente do comando do trono da Jordânia. Houve uma reviravolta e o ascenderam ao posto.
Ao longo da trajetória como majestade, Rania detém o título de primeira rainha a ter uma conta no Twitter e já foi nomeada como a terceira mulher mais bonita do mundo pela revista Vanity Fair, em 2005. Potente voz em defesa da educação, saúde e direitos femininos no Oriente Médio, ela também costuma participar do Fórum Econômico Mundial e trabalha em projetos dedicados à proteção ambiental.
Sheik Moza bint Nasser
Jornais definem a sheik Moza como “a rainha do século 21”, “o rosto do modernismo do Catar” e “uma das mulheres mais poderosas do mundo árabe que tem o palácio de Doha a seus pés”. Com 63 anos, ela é a mãe do atual rei do país do Oriente Médio, Tamim bin Hamad, e esposa do ex-emir Hamad bin Khalifa Al-Thani. A história de vida dela poderia muito bem ser o enredo de um filme de Hollywood.
Moza nasceu no Catar. Como o seu pai, Nasser Abdullah Al-Missned, era um forte crítico do governo do país, ela precisou fugir e se refugiar por anos no Egito e no Kuwait. A sheik viveu longe das origens dos 5 aos 18 anos, quando retornou à terra natal para estudar sociologia, em 1977. Mas, eis que a vida deu uma reviravolta. O filho do inimigo de seu pai ficou apaixonado pela jovem a ponto de pedi-la em casamento. Ela e Hamad tiveram sete filhos
A “rainha do Catar” terminou a licenciatura em sociologia 11 anos depois de ter iniciado. E não parou por aí: fez um mestrado em artes e políticas públicas do islã na Universidade Hamad bin Khalifa e, também, recebeu doutoramentos honorários, conforme publicou o portal português Flash!. Segundo noticia a imprensa, Moza rompeu tabus ao acompanhar o marido em eventos públicos.
Nos últimos 15 anos, a sheik tem trabalhado para melhorar a educação e fazer uma reforma social na nação do Oriente Médio. Ao lado de Hamad, ela fundou a Qatar Foundation for Education, instituição da qual é presidente. A personalidade levanta a bandeira de iniciativas de combate à violência doméstica e familiar. Em 2010, Moza estampou o ranking das 100 mulheres mais poderosas do mundo, feito pela Forbes.
Embaixadora para educação da Unesco, a atuação de Moza em prol das mulheres não tem sido em vão. As universidades catarenses já estão com mais estudantes do sexo feminino do que masculino. “Desde o momento que ela chegou à família real, foi capaz de entrar em todos os níveis econômicos, políticos e sociais do país, ao contrário do que seria esperado”, publicou a revista Egypt Today.
Princesa Lalla Salma
Três anos depois de Mohammed VI se tornar rei do Marrocos, ele se casou com Salma Bennani. Após a troca de alianças, a esposa passou a se chamar Lalla Salma e ainda ganhou o título de princesa consorte. Do matrimônio, eles tiveram dois filhos, Lalla Khadija e Moulay Hassan, o príncipe herdeiro. Apesar da Casa Real nunca ter confirmado, sabe-se que o casal se divorciou em 2018. Atualmente, ela está com 44 anos.
Depois da separação, Salma desapareceu do mapa a ponto de ser caracterizada como “princesa fantasma”. Formada em informática e análise de sistemas, com licenciatura em engenharia da computação, costumava acompanhar o marido em compromissos oficiais e a atuar em projetos filantrópicos. Descrita pela imprensa como “superculta”, ela detém o título de primeira cônjuge dos reis marroquinos a deixar de cobrir o rosto, desfilando os belos fios cacheados ruivos.
Princesa Haya
Ex-esposa do emir de Dubai, Mohammed Al-Maktoum, a princesa Haya optou por colocar um ponto-final em uma relação conjugal marcada por medo e constantes ameaças. Os dois selaram a união matrimonial em 2004 e, em 2019, se separaram. Ela foi a sexta mulher do soberano, em caráter oficial. São frutos do casamento Jalila e Zayed. Em busca de se livrar da opressão do marido, a mulher de 48 anos e os filhos se exilaram em Londres, na Inglaterra.
Haya resolveu fugir após descobrir que o marido mantinha uma das filhas em cárcere privado, no caso, a princesa Latifa. Ela teve acesso a “informações preocupantes”, segundo a BBC. O sheik Mohammed tem 23 herdeiros da relação com seis esposas. Como estudou em renomadas instituições do Reino Unido, a exemplo da Universidade de Oxford, a integrante da realeza de Dubai optou por buscar asilo no país, mas antes foi para a Alemanha.
Formada em filosofia, política e economia, Haya é cunhada da rainha Rania da Jordânia por ser meia-irmã do rei Abdullah. A batalha judicial do divórcio dela terminou em dezembro de 2021. O emir de Dubai teve de desembolsar US$ 728 milhões, o equivalente a R$ 3,8 bilhões, para a ex-esposa, conforme determinação da Justiça britânica. Mesmo em exílio, a princesa e os filhos vivem sob um forte esquema de segurança.
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