Como seria o reinado de Charles com Diana viva? Historiadores explicam
O rei Charles completa 76 anos nesta quinta-feira (14/11). Os historiadores fizeram uma avaliação do reinado do monarca britânico
atualizado
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Monarca do Reino Unido, o rei Charles III completa 76 anos nesta quinta-feira (14/11). Antes de ascender ao posto, ele esteve por mais sete décadas no papel de príncipe, já que a sua mãe, a falecida rainha Elizabeth II, assumiu o comando do trono quando o primogênito tinha apenas 4 anos.
Não se sabe se ele deseja esquecer, mas é inegável que um dos capítulos mais marcantes da história de vida do soberano traz a saudosa princesa Diana como coprotagonista.
Charles e Diana selaram a união em 1981. Eles tiveram dois filhos, os príncipes William e Harry. O casal se separou oficialmente em 1996. No ano seguinte, a princesa morreu vítima de um acidente de carro, em Paris. Nas semanas antecedentes ao aniversário do rei, a coluna Claudia Meireles fez o seguinte questionamento: “Se Lady Di estivesse viva, impactaria de alguma forma a linha de sucessão da Coroa britânica e o reinado do ex-marido?”.
Aula de história
Para responder às dúvidas, dois historiadores foram requisitados: Renato Drummond Tapioca Neto e Bruno Antunes de Cerqueira. Quem acompanha os bastidores da família real ou assistiu os primeiros episódios da série The Crown, da Netflix, sabe que a mãe do rei Charles, Elizabeth, só veio a se tornar rainha devido ao tio paterno, o rei Edward VIII, renunciar ao cargo por querer se casar com a socialite divorciada Wallis Simpson. O caso de amor alterou as cartas marcadas no jogo da monarquia.
A história até poderia se repetir, afinal, Charles se casou em 2005 com Camilla, separada do oficial militar Andrew Parker-Bowles. Mas para evitar outra dança das cadeiras, “os estatutos que proibiram o rei Edward VIII de desposar Wallis Simpson foram revistos”, conforme destaca Renato: “Na época, isso foi visto como um sinal de modernização da Casa Real. Acredito que a Coroa teria achado uma forma de solucionar a questão [permissão da união de Charles e Camilla] do mesmo jeito, se Diana ainda fosse viva.”
Se a princesa Diana estivesse viva…
Bruno explica que a princesa Diana não iria dispor de poder para atrapalhar a linha de sucessão ao trono por conta da base jurídico-constitucional.
“Só é alterada por morte ou renúncia dos membros. A renúncia pode ser voluntária plena ou ‘forçada’ pelo monarca da ocasião. Veja que o duque de York [príncipe Andrew] está privado de vários de seus privilégios, mas permanece na linha sucessória”, detalha o historiador.
Renato defende a tese de que a existência de Diana “não prejudicaria a posição de Charles como herdeiro do trono, como não afetou entre o ano do divórcio do casal, em 1996, e a morte da princesa, em 1997”. No ponto de vista do doutorando em história pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), se Lady Di estivesse viva teria dado “continuidade ao trabalho social, com o apoio de instituições como a Cruz Vermelha”. “Sem dúvida, podemos imaginá-la como uma das maiores mulheres filantropas do mundo”, emenda.
“Se a antiga princesa de Gales, nascida honorável Diana Frances Spencer, depois Lady Diana Frances Spencer, estivesse viva hoje, não saberíamos como estaria do ponto de vista jurídico-canônico e jurídico-civil. De qualquer maneira, seria a mãe do atual príncipe de Gales, William Arthur Philip Louis. Ela usava, quando morreu, o título de cortesia de ‘Diana princesa de Gales’, mas isto provavelmente teria sido alterado e ela passaria a ser titulada de forma diferente pela rainha Elizabeth II, antes de morrer”, cita Bruno.
Reinado Charles
Na avaliação do especialista em ancestralidade Bruno Antunes de Cerqueira, o reinado de Charles, casado com a princesa Diana, seria “de glamour muito superior”. Ele sustenta quanto ao atual soberano do Reino Unido ficar pouco tempo à frente do trono.
“O reinado [dele] será pequeno, similar ao que ocorreu com o rei Edward VII, que esperou décadas até a rainha Victoria I morrer. E daí, imperou por uma década somente. Com Charles III ocorrerá o mesmo, talvez fique mais do que 10 anos, mas é algo pequeno, a que sucederá William como novo rei”, ressalta o historiador.
Renato Drummond Tapioca Neto comenta “ser cedo” para avaliar o reinado de Charles III. “Ele assumiu o trono há dois anos, depois de esperar por mais de 70 para a sua ascensão”, salienta. Segundo o historiador, o atual monarca britânico “tentou se agarrar a todos os símbolos do reinado” da própria mãe, o que demonstrou o “tamanho da influência” de Elizabeth II como chefe de Estado.
“Com sua morte, em 8 de setembro de 2022, um vácuo se abriu nas relações internacionais, que não foi preenchido pelo novo rei. Charles não tem a mesma popularidade de Elizabeth e traz consigo um passado marcado por escândalos de natureza privada”, acrescenta o fundador do perfil Rainhas Trágicas no Instagram.
Renato frisa que poucas pessoas conhecem o trabalho desenvolvido pelo soberano desde a época como príncipe de Gales em prol do meio ambiente e da agricultura orgânica.
Para o historiador, o desempenho de Charles é “abafado pelas fofocas sobre o rei e a rainha”. “Enquanto Elizabeth era viva, ela atuava como uma espécie de escudo contra rachaduras nas paredes do palácio. Depois que ela se foi, a realeza se tornou alvo ainda maior do escrutínio das redes sociais, que não cansam de espalhar boatos sobre seus membros. Alguns verdadeiros, outros nem tanto”, considera.
Abdicação
Falando em fuxicos na família real, existem a anos o burburinho de que o rei Charles irá abdicar em favor do primogênito, o príncipe William. Renato acredita que a majestade não renunciará em nome do filho, embora pesquisas apontem que a monarquia teria mais chances de sobreviver sob o comando do marido de Kate Middleton.
“Em seu primeiro discurso oficial como monarca, Charles repetiu o juramento de sua mãe, feito por ela aos 21 anos: ‘Declaro que minha vida, seja longa ou curta, será inteiramente devotada ao seu serviço’”, rememora Renato. O historiador expõe sobre a palavra “abdicação” gerar “alguns transtornos” aos integrantes da dinastia Windsor devido à crise de 1936, com a desistência de Edward VIII. “Apesar da saúde delicada do rei, eu imagino que ele permaneça no posto até o final”, conclui.
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