“Coma gordura e emagreça”, recomenda o médico funcional Mark Hyman
Segundo o expert, alimentar-se das gorduras “certas” é a chave para ter uma vida saudável
atualizado
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Quem nunca ouviu que gordura faz mal à saúde? Os pais costumam dizer às crianças que evitem comer alimentos dessa categoria por desencadearem uma série de doenças. De tanto escutar, a frase torna-se uma verdade absoluta e é levada à risca por algumas pessoas na adolescência, na fase adulta e até na terceira idade. Entretanto, o especialista em medicina funcional Mark Hyman defende o oposto. Segundo o expert, determinadas gorduras são a chave para ter uma vida saudável e também funcionam como aliadas da perda de peso.
Doutor em medicina pela Universidade de Ottawa, no Canadá, Hyman questionou se os “perigos” relacionados aos alimentos gordurosos eram verídicos e passou a pesquisá-los. Ao longo da investigação, o profissional notou que a maioria dos estudos apontava para a mesma direção: além de ser vital à saúde, a gordura de boa qualidade ajuda no processo de emagrecimento. Em busca de desconstruir os mitos a respeito do assunto, o especialista lançou o livro Coma Gordura e Emagreça, em 2017.
Vilão
“Sempre nos disseram que a gordura fazia mal à saúde. É mentira”, escreveu Hyman na capa da publicação. A obra entrou para a lista de best-sellers do New York Times. De acordo com o médico, o açúcar é o vilão por roubar a saúde e sabotar a boa forma. “Durante décadas, demonizamos injustamente a gordura, um dos componentes mais básicos do nosso corpo – que representa de 15% a 30% da sua constituição –, e seguimos uma dieta pobre neste macronutriente”, endossou em entrevista ao site português Prevenir.
Como consequência de um plano alimentar pobre em gordura, ganham espaço nas refeições o açúcar e os hidratos de carbonos refinados, avaliou o médico funcional. Contribuem com a teoria de Hyman a variedade de produtos light. Consumir alimentos enquadrados nessa categoria não surtirá efeitos no peso, verificou o expert. Adepto de treinar diariamente, ele deixou de comer pratos gordurosos, porém, na hora de subir na balança, sofria um baque ao ver que tinha engordado mais uma vez.
Aliada
Hyman explica que a ingestão de gorduras benéficas não fomenta a produção de insulina pelo pâncreas. “Quando consome um nutriente benéfico, ele precisa ser queimado e, dificilmente, é armazenado”, alegou o médico funcional. O processo contribui para o emagrecimento pelo seguinte motivo: “Se durante o dia comermos grande quantidade de manteiga ou um litro de azeite de boa qualidade não há ganho de peso, pois o corpo não gera insulina”. O hormônio tem a função de manter o controle do açúcar no sangue, proveniente da alimentação.
“Uma vez que não conseguimos eliminar todo o açúcar consumido, o corpo armazena-o sob a forma de gordura”, esclareceu o doutor em medicina. Tendem a atrapalhar o processo de emagrecimento, os verdadeiros inimigos da saúde, como o açúcar e alguns tipos de nutrientes. “A gordura saturada no bacon de um hambúrguer de fast food terá efeito completamente diferente da substância do óleo de coco”, comparou Hyman. Não é segredo que má alimentação compromete os resultados na hora de perder peso.
Compõem o grupo das gorduras maléficas os óleos vegetais refinados, como o de soja e de canola. Integram a lista, ainda, as gorduras trans, presentes em grande parte das refeições congeladas e dos alimentos processados. Tome como exemplo biscoitos recheados e salgadinhos de pacote. “Responsáveis por aumentar o colesterol ruim, esses produtos são cada vez mais comuns na alimentação. Contribuem ao aumento do peso e desenvolvimento de inflamação que, por sua vez, pode desencadear o aparecimento de doenças crônicas”, advertiu o expert em saúde.
Plano alimentar
O especialista alertou sobre não comer qualquer tipo de gordura. Devem integrar as refeições boas fontes de lipídios, como o abacate. O profissional sugere adicionar a fruta na salada ou fazer vitamina. No quesito grãos, Mark Hyman orienta consumir chia, gergelim e semente de abóbora. Uma curiosidade é que ingerir meia colher de sopa de azeite extra virgem por dia reduz em 15% o risco de doenças cardiovasculares, segundo estudo publicado na revista Circulation.
Tem na geladeira margarina ou manteiga tradicional? Troque-a pela manteiga de coco, ingrediente capaz de ajudar a diminuir o colesterol ruim, além de ser anti-inflamatório. Ao passar no alimento, você desfrutará de uma alimentação mais saudável. Acrescente nas refeições frutos secos, por exemplo, nozes, amêndoas e macadâmias. “Não inclua amendoim”, reforça o médico no livro Coma Gordura e Emagreça. Peixes “gordos”, como salmão, sardinha e cavalinha, devem ter lugar garantido no prato.
Prós
Consultor médico do escritor Tony Robbins e das atrizes Eva Mendes e Jada Pinkett Smith, o expert vai de encontro a crença geral. “A ingestão de grandes quantidades de gorduras boas ajuda a manter o peso, pois aceleram o metabolismo, estimulam a queima de gordura e saciam o apetite”, atestou o autor ao site Prevenir. Mais do que serem cúmplices da boa forma física, as substâncias têm papel importante no organismo ao melhorarem o colesterol, reverterem a diabetes tipo 2 e diminuírem o risco de doenças cardiovasculares.
Queixa-se de dificuldade de concentração, memória e aprendizagem? Uma das respostas para o problema pode ser a alimentação, inclusive o déficit de gorduras positivas. Para quem desconhece, o cérebro é formado por 60% de gordura, em grande parte de ômega 3, sendo o tipo principal o ácido docosahexaenóico (DHA). Essencial à comunicação celular, o nutriente está presente em determinados alimentos.
Ao consumir alimentos com gorduras “corretas”, os benefícios se estendem para além da cognição e do emagrecimento. A falta de ômega 3 está ligada a transtornos mentais, conforme explicou Mark Hyman: “Estudos relacionam o déficit do nutriente com a depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia”. Manter pele, cabelo e unhas saudáveis depende do componente fundamental ao funcionamento do organismo.
Dieta
“Comida não é como remédio, é remédio, e nossa ferramenta número um para criar a saúde vibrante que merecemos”, frisou o médico funcional no site homônimo. Em busca de extrair ao máximo as vantagens do consumo da gordura de boa qualidade, Mark Hyman elaborou um plano alimentar que, mais tarde, foi batizado de dieta pegana – uma combinação da paleolítica e vegana. Em 2018, ele deu detalhes do programa de alimentação no livro Comida: afinal de contas, o que devemos comer?.
“Este programa funciona tão bem que os níveis de açúcar no sangue e a pressão arterial podem descer drasticamente em apenas um ou dois dias. Comer vegetais, gorduras e proteínas saudáveis é um plano alimentar indicado para qualquer pessoa, mas vale consultar um médico antes de começá-lo”, argumentou o médico ao site Prevenir. Como envolve desintoxicação, grávidas, pacientes com doenças crônicas ou que tomam insulina não devem adotar o método de Mark Hyman.
Segundo o doutor em medicina, foram feitos testes a respeito da dieta pegana. Em média, os participantes perderam três quilos, mas houve quem emagrecesse seis vezes mais. Embora elimine açúcares, produtos processados e gorduras danosas, alguns especialistas criticaram o método por restringir nutrientes fundamentais ao corpo, como alguns tipos de carboidratos, legumes e laticínios. Os últimos estão liberados somente do tipo orgânico, e se o animal for alimentado com grama.
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