Claudia Raia faz revelações sobre preparo físico, carreira e filhos
Despedindo-se da divertida personagem de Verão 90, atriz conta o segredo para a boa forma aos 52 anos e revela o que faz sua vida completa
atualizado
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Rio de Janeiro – Bela, talentosa e à prova do tempo, Claudia Raia começa a se despedir da hilária Lidiane, sua personagem em Verão 90, novela das sete da TV Globo. Linda, a atriz celebra mais um trabalho que lhe deu enorme satisfação. E foi graças a ele que atravessou com serenidade um dos momentos mais difíceis de sua vida: o falecimento da mãe, Odette, ocorrido em março.
Nesta entrevista exclusiva para a coluna, Claudia fala sobre novela, humor, filhos e muito mais. Confira!
Com Verão 90 chegando ao fim, que balanço você faz da novela? Quais foram os pontos altos dela na sua opinião?
Sabe aquela novela que está terminando e você não quer que termine? Pois ela se chama Verão 90! Novela é como gravidez: quando se está parindo, o pensamento é não querer um segundo filho. Mas a criança nasce e você não vê a hora de vir outro filho. Neste caso, outra novela.
A Lidiane é uma superpersonagem, com tantos coloridos, tantas emoções e nuances! Eu sou comediante e só acho engraçado aquilo que realmente tem graça, e ela é toda cheia de graça. É uma personagem muito bem escrita pelas autoras, tem a direção do Jorginho [Fernando] e acho que também contribuo com boa parte disso.
Foi difícil dar vida à Lidiane?
Foi uma personagem encaixada pra mim e também muito desafiadora. Depois de 36 anos de TV Globo e tantas personagens de comédia que já fiz, me reinventar foi um trabalho árduo. Ela ficou bem diferente, bem engraçada. Sem contar que Isabelle [Drummond, a Manu] e eu formamos uma dupla que deu certo e que as pessoas vão se lembrar com carinho.
Verão 90 marcou mais uma parceria sua com Alexandre Borges. Vocês protagonizaram cenas memoráveis de paixão na chuva em Engraçadinha (1995), fizeram par romântico e romperam barreiras em As Filhas da Mãe (2001), já que você vivia uma trans, e humor de primeira em Belíssima (2005) e Tititi (2010). Contracenar com o Alexandre é carta marcada ou é sempre um frescor novo?
É a sétima vez que faço par com o Alexandre. A gente já é PhD um no outro. É muito legal fazer par com quem se tem intimidade e que se admira. Foi, de novo, um grande presente ter o Alexandre comigo, mesmo que apenas no final da novela.
Lidiane Pantera é um show à parte em Verão 90. Como foi o trabalho de composição dela?
A Lidiane era uma personagem quase infantil. Havia a ponte de ter uma sensualidade meio “bagaceira” pelo fato de ter sido atriz de pornochanchada. Por isso, tinha uma coisa livre, quase vulgar, e isso dava a ela um contraponto muito interessante. Afinal, a ingenuidade é o oposto dessa sensualidade.
Então, ela é uma personagem adorável, que todo mundo quer levar pra casa, e foi isso que atraiu o Quinzão. Essa exuberância e esse borogodó, que ele sempre diz, junto com esse coração lindo e cheio de ingenuidade.
Você transita pelo humor expansivo, pelo drama e vive também personagens sensuais. Quem é Claudia Raia nesse universo complexo e diversificado?
Eu faço tudo com muita verdade. Pode ser uma cena dramática ou engraçada. A Lidiane tem uma coisa humana. Ela é engraçada e, ao mesmo tempo, uma mulher que sofre muito por estar sozinha. Eu adoro essas nuances numa personagem. O bom de um trabalho é a ajuda primordial da direção, que sempre mostra o caminho certo de uma boa interpretação.
Ao longo da novela, você teve uma grande perda pessoal, que foi a morte da sua mãe. Como fez para arranjar força e não perder o foco no trabalho?
Perder uma mãe é muito difícil. Principalmente uma mãe tão presente, tão forte na família, e que chegou aos 96 anos absolutamente lúcida. É muito duro e sempre haverá a dor.
Mas eu sou tão grata pela vida que ela teve. Por eu ter nascido quando ela tinha 44 anos. Há 52 anos, quase ninguém nascia com uma mãe dessa idade. Hoje é comum, mas eu nunca imaginei viver com ela por 52 anos.
Minha vida com ela foi incrível. As coisas que ela fez, que ela foi e sempre será. Então, a gratidão é maior que a minha dor. Minha dor é imensa, mas tinha o meu trabalho, que eu amo fazer. Essa personagem me ajudou a levantar.
Aconteceu a mesma coisa na novela Tititi, quando me separei do Edson [Celulari, pai de seus filhos, Enzo e Sophia]. Também interpretava personagem de comédia, que me ajudou muito naquele momento.
Como surgiu o “Tudo bom”? Estava no texto ou você inseriu?
Eu inseri muita coisa. O “Tudo bom” foi uma brincadeira minha e da Tatá Werneck, e eu o botei numa gravação com o personagem do Rafa [Rafael Vitti, o João] para fazer uma homenagem à esposa dele. Fiz uma brincadeira com ela e, quando eu falei, todo mundo caiu na gargalhada. Deu certo e passei a usar numa boa.
Isso virou bordão e não deixei mais de falar, até mesmo na minha vida. Na verdade, o ator é um bom “ladrão”. [Risos] Gosta de pegar um pouco de tudo que vê pela frente para colocar nos personagens.
No Show dos Famosos, você usa a palavra “filigranicamente”. O que você quer dizer com isso?
Filigrana é o detalhe do detalhe. É aquela joia feita com fios de ouro e que fica delicada. É o acabamento final.
Como você faz para articular atuação, produção e campanhas publicitárias?
Eu adoro o meu trabalho e, portanto, tudo é muito bem planejado. Meu dia é carregado de emoções do começo ao fim. Consigo tudo porque trabalho com gente boa ao meu lado. Sozinha não dá para fazer metade do que faço.
Eu acompanho cada detalhe, e é por isso que tudo dá certo. Eu divido bem o tempo para tudo sair direitinho, do jeito que eu gosto.
E a Claudia Raia esposa e mãe, encontra espaço como, nessa vida cheia de compromissos?
Tenho que encontrar, senão ficaria louca e isso eu não quero para minha vida. Eu me espelhei muito na minha mãe. Ela era uma matriarca e acompanhava minha vida de uma forma maravilhosa. Ela era a minha inspiração, minha deusa.
Como mãe, você faz o tipo mais controlador ou acha que os filhos são criados para o mundo e dá liberdade total? Como é a sua relação com o Enzo e a Sophia?
Fazendo uma comparação com a Lidiane, que é controladora com a filha, Manuzita, eu e meus filhos somos completamente diferentes. Mesmo assim, eu não estou tão longe da Lidiane. Tenho um filho de 22 anos e uma filha de 16, o que não é fácil. É preciso estar atenta para isso. Meus filhos têm as vidas deles. É óbvio que interfiro quando vejo que tem alguma coisa ou um caminho errado, mas não sou autoritária.
Você já pensou na Sophia saindo de casa?
Eu saí de casa com 13 anos. Sophia tem 16. Eu pensei: será que ela vai sair de casa igual a mim? Ela não foi, mas quer ir. Se fosse aos 13, eu iria tentar aguentar e fazer o que minha mãe fez. Ela viu que tinha parido uma doida, uma pessoa que queria voar, que se ela não abrisse a porta da gaiola, eu iria arrebentar e sair. Então, é a mesma coisa. Eu tentaria entender e ofereceria recursos. Minha mãe não tinha naquela época, mas como uma mulher muito forte, conseguiu me manter. Eu a deixaria ir, porque foi uma oportunidade muito importante pra mim.
Você continua uma mulher belíssima, que não deixa nada a dever à Ninón, de Roque Santeiro, de 34 anos atrás. Você se sente uma privilegiada por ter preservado sua beleza durante todo esse tempo ou isso só foi possível à custa de muito sacrifício, como malhação pesada e alimentação regradíssima?
É muito exercício, muito sacrifício. Eu me cuido superbem. Como tive que mostrar o corpo em quase todas as novelas, tive que me exercitar ainda mais e cuidar bastante do meu físico. A Lidiane tem uma relação com o corpo e não adianta fazer tudo escondida, porque não daria certo. Essa é a origem dela e por isso fui me cuidar ainda mais. Eu acho que ficou bom.
Têm coisas que a gente não pode mais fazer, porque não tem mais idade. E o resultado do conjunto da obra ficou legal.
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