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ChatGPT pode elaborar suas dietas? Especialista responde

Algumas pessoas começaram a pedir à plataforma para criar planos alimentares. Saiba os prós e contras do uso do ChatGPT para tal fim

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Mãos digitando em tela de celular - Metrópoles
1 de 1 Mãos digitando em tela de celular - Metrópoles - Foto: Getty Images

Desde o momento em que o ChatGPT foi propagado na internet, a ferramenta tem sido alvo de muitas discussões. Recentemente, o serviço de inteligência artificial adentrou, até mesmo, o ramo da nutrição. Algumas pessoas começaram a pedir à plataforma para criar planos alimentares.

Apesar de os termos oficiais da tecnologia afirmarem que ela “não se destina a dar conselhos”, qualquer indivíduo que solicitar um plano de refeições personalizado terá uma resposta positiva do ChatGPT. Mas será que a IA é capaz de criar uma rotina alimentar coerente para todas as pessoas? Ou existem perigos em confiar na ferramenta?

Para a nutricionista da Leve Clinic Nathalia Patrão, a inteligência artificial ainda não consegue ter o tato humano necessário que uma consulta com um profissional tem. “Traçar um plano nutricional não é o único fim de uma consulta. O cálculo de dieta pode, sim, ser feito por um aplicativo de forma eficaz, mas as conversas que o especialista tem com o paciente também fazem parte desse processo”, afirma.

A nutricionista pontua que, no momento da consulta, há perguntas, conversas e troca de informações “olho no olho”. A perda desse contato, segundo ela, acarreta na privação da sensibilidade que a nutrição pode ter, “principalmente quando se pensa em hábitos, comportamentos e metas para o longo da vida”.

Jovem mulher de roupa branca sorrindo para a foto - Metrópoles
Nathalia Patrão é nutricionista especialista em tratamento de obesidade

Por outro lado, Nathalia acredita que a tecnologia pode ser uma grande aliada para os que buscam otimizar o tempo, a exemplo da montagem de lista de compras e da organização de cronograma. “Eu vejo que, muitas vezes, as dificuldades das pessoas de terem adesão, ou seja, de, realmente, conseguirem colocar uma dieta prescrita em prática é a parte da organização. Elas se perdem muito na hora das compras ou na hora de fazerem um cronograma. E eu vejo o tanto que o ChatGPT e essas inteligências conseguem auxiliar pessoas nessa ordem”, opina.

“Se uma pessoa tiver um bom acompanhamento nutricional, individualizado, uma boa conversa com o nutricionista e usar a tecnologia para, exatamente, esse fim da organização, do cronograma, obterá sucesso. Essa é a maneira de utilizarmos a tecnologia ao nosso favor”

Nathalia Patrão, nutricionista

Indicações

A indicação da ferramenta depende do público-alvo, conforme ilustra a especialista. Pessoas com objetivos estéticos, por exemplo, podem se beneficiar mais da plataforma. “Eu acho interessante para quem tem objetivos de academia, de ganho de massa muscular, sem envolver doenças. Pessoas mais jovens, mais saudáveis, podem usar esses cálculos e informações com mais facilidade”, defende ela.

No entanto, a nutricionista alerta para os casos de indivíduos mais idosos ou com doenças associadas. “Eu acho bem perigoso, por conta da questão da base de dados do ChatGPT. Tem que ter bastante cautela na hora de seguir essas recomendações à risca”, adverte, referindo-se, sobretudo, ao fato de que o serviço extrai as informações da internet, o que pode não ser uma fonte 100% confiável.

Vale ressaltar, ainda, que o alcance do ChatGPT se estende apenas até o ano de 2021, o que significa que a plataforma não tem acesso às pesquisas mais recentes sobre saúde e nutrição.

Celular com a página do ChatGPT na tela - Metrópoles
Nathalia avalia o uso ChatGPT sob a perspectiva da nutrição

Outra limitação da tecnologia, no que diz respeito ao fornecimento de planos alimentares, é a restrita sugestão de alimentos. Por exemplo: ao recomendar uma proteína magra, o aplicativo não oferece uma variedade ampla de opções, diferentemente de um profissional. Nathalia frisa que isso é um problema, visto que a saúde acaba saindo perdendo nessas horas.

“Quanto mais diversidade nós temos em nossa alimentação, mais nós aproveitamos a sazonalidade dos alimentos, conhecemos outros sabores, mas, principalmente, conseguimos construir uma saúde intestinal mais interessante. As bactérias que vivem no intestino, principalmente, dependem da variedade alimentar para conseguirem produzir até mesmo hormônios. Isso impacta na nossa saúde mental e física”, destaca.

Alerta

A especialista se diz otimista com a atuação da inteligência artificial, mas com algumas ressalvas, especialmente em relação à individualização da nutrição e à internet. “As informações que nós temos na internet sobre doenças são insuficientes no aspecto da nutrição, que é uma ciência muito nova, que vem se expandindo cada vez mais. Existem informações que não se cruzam, tiradas a limpo somente quando adentramos estudos científicos. E essas informações mais novas, os estudos científicos que vão saindo ao longo do tempo, não estão atualizadas ainda nos blogs, nos sites e em demais campos de busca”, argumenta.

No que diz respeito aos planos alimentares e dietas individualizados, levando em consideração o tratamento de doenças ou até mesmo casos como alergias alimentares e sensibilidades, Nathalia considera que o papel do nutricionista seja o mais fundamental. “Hoje, nós ainda não temos esse tato humano, esse valor humano dentro dos programas. Então, um nutricionista capacitado, assim como um advogado ou jornalista, é insubstituível”, declara.

Por fim, para a profissional, a tecnologia é algo a se explorar, não só pelos pacientes, mas pelos nutricionistas também. “Quanto mais conhecermos receitas, quanto mais ideias de organização tivermos ou quanto mais pudermos aprender com essas ferramentas, mais vamos conseguir auxiliar os nossos pacientes e trazer soluções. É algo que nós podemos nos especializar cada vez mais, estudar e estar a par, utilizando as ferramentas para otimizar a vida de todos”, finaliza.

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