Chá de planta calmante é conhecido como “Rivotril natural”; saiba qual
A planta dispõe de um grupo de substâncias que oferecem o efeito de ansiolítico, conforme ressaltou o especialista Lucas Cintra
atualizado
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O Brasil é a nação mais ansiosa do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para tratar a condição dos pacientes, médicos prescrevem Rivotril, considerado um dos ansiolíticos mais vendidos no país. Com receio de gerar dependência, há quem busque se acalmar sem precisar de tarja preta e tende a tomar chá de camomila, valeriana ou tília. Entretanto, há outra planta com fortes poderes relaxantes: a kava kava.
Intitulada “Rivotril natural”, a kava kava atende pelo nome científico de Piper methysticum, conforme explicou o farmacêutico Lucas Cintra, doutor em química biológica pelo Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais da Universidade de Franca (GPNUF), em São Paulo. De acordo com o especialista, a planta dispõe de um grupo de substâncias chamadas kavalactonas. Esses componentes oferecem o efeito de ansiolítico.
“Essas substâncias têm a capacidade de facilitar a ação inibitória de um importante neurotransmissor envolvido na ansiedade, chamado gaba (ácido gama-aminobutírico), no sistema nervoso central. As kavalactonas apresentam atividade semelhante aos benzodiazepínicos, classe a qual pertence o clonazepam (Rivotril), amplamente utilizado para o tratamento de ansiedade”, explicou Lucas.
O farmacêutico destaca que a kava kava não está associada apenas como terapêutica da ansiedade, mas também de insônia, agitação, depressão e tensão de origem nervosa. Por ser um fitoterápico, a planta e os produtos relacionados dispõem, na maioria das vezes, de ação mais leve do que os “medicamentos alopáticos [produzem efeitos contrários aos da doença]”.
Diferentemente das fórmulas ansiolíticas, Lucas Cintra esclarece a respeito do princípio ativo da planta não ser utilizado de maneira isolada, ou seja, ele atua com outras substâncias presentes na kava kava. Por esse motivo, o consumo do chá possibilita efeitos colaterais reduzidos. “Isso justifica seu uso como auxiliar ou até mesmo em substituição aos medicamentos convencionais com orientação de um profissional habilitado”, reitera.
Cautela
Embora seja rotulada como “Rivotril natural”, a kava kava deve ser ingerida com cautela, em especial por pacientes com problemas no fígado, devido ao fato de a planta estar relacionada a casos de intoxicação hepática. “Alguns até bem graves”, alertou o especialista. Na lista de contraindicações, constam grávidas e lactantes.
Quem consome medicamentos como fluoxetina, sertralina, ácido valpróico, imipramina, codeína e outros atuantes no sistema nervoso central também não deve recorrer aos benefícios da planta. “É importante destacar que pessoas que já usam essas fórmulas precisam ter cuidado redobrado e procurar orientação profissional antes de utilizar a kava kava”, atestou Lucas.
Modo de preparo
Para preparar o chá de kava kava, é necessário colocar uma colher de sopa dos rizomas da planta para ferver em 500 mililitros de água ao longo de 10 minutos. Ao término, vale coar. “Você pode tomar a bebida de duas a três vezes por dia ou nos momentos em que sentir maior ansiedade, por exemplo”, recomendou. Caso o objetivo esteja ligado a uma melhoria do sono, o farmacêutico orienta ingerir uma hora antes de dormir.
As mulheres podem tirar maior proveito da kava kava, afinal, ajuda no alívio de dores menstruais e auxilia no tratamento das complicações da menopausa. O especialista alega que a planta tende a ajudar em situações de incômodos abdominais de origem espástica, estados de estresse e dores musculares.
Aos interessados, há suplementos de kava kava. Questionado a respeito de qual forma tende a ser mais eficaz, Lucas enfatizou que as duas têm propriedades, porém as cápsulas elaboradas com componentes da planta trazem uma concentração conhecida de substâncias ativas, facilitando o controle na hora de ingerir.
“O chá não permite saber ao certo as concentrações utilizadas, o que pode ser arriscado, visto que em excesso essas substâncias são potencialmente tóxicas. Por outro lado, em quantidades muito baixas, não apresentam o efeito esperado”, conclui Lucas Cintra.
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