Cerrado Cultural: conheça o novo e ambicioso projeto artístico do DF
Capitaneado por três sócios, o Cerrado Cultural nasce para fomentar a cultura e a educação em artes visuais no Centro-Oeste. Vem conhecer!
atualizado
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Uma casa é lugar de acolhimento, de morada, de vivências, de memórias e de histórias. Como tal, se tornou o ambiente escolhido por três galeristas para abrigar um projeto ambicioso: o Cerrado Cultural. Contudo, no lugar de móveis, as paredes se abrem para dialogar com a arte, tanto moderna quanto contemporânea.
Localizado no setor de chácaras do Lago Sul, o centro cultural recebeu, nessa quinta-feira (15/8), alguns convidados, entre curadores, agentes do mercado, artistas e amantes das artes para um soft opening. Quem recepcionou cada um deles foram os idealizadores do empreendimento: Antônio Almeida e Carlos Dale, sócios-fundadores da Almeida & Dale Galeria de Arte, de São Paulo; e Lúcio Albuquerque, que atuava na Casa Albuquerque Galeria de Arte, em Brasília. Juntos, os três somam mais de 30 anos de atuação no mercado de arte.
O projeto segue a vocação da “irmã” Cerrado Galeria, também localizada no Lago Sul, que nasceu para divulgar, fomentar, promover diálogos e dar visibilidade à arte contemporânea e moderna produzida na capital federal e na região Centro-Oeste. Agora, ao todo, os sócios contam com três espaços: dois em Brasília e um em Goiânia.
“Estamos focados no Centro-Oeste, porque entendemos que será um grande mercado e tem uma carência muito grande, não só de galerias, como de instituições, então, nossa ideia é fazer um espaço vivo, rotativo, que pode receber escolas, grandes exposições, residências de artistas e formar um público especial que acho que o Centro-Oeste tem a nos oferecer”, afirma, em entrevista à coluna, Antônio Almeida.
Na avaliação de Carlos Dale, Brasília reúne importantes agentes do ecossistema da arte. “Você tem uma produção artística interessante e um potencial de colecionismo enorme. Quando você tem esses sistemas do mercado de arte, você tem uma modificação no ambiente”, detalha, pontuando que o impacto de um projeto como o Cerrado Cultural é sentido em diversos setores da economia local. “Fincar o pé aqui vai representar uma modificação no nosso negócio e na cidade. A troca e essa interação serão fundamentais.”
Com mais de 1,6 mil metros quadrados, o amplo espaço permite a realização de mostras de grandes proporções e de residências artísticas, bem como de ações de caráter educativo. Além dos “cômodos”, a casa conta com um jardim, hoje ocupado com esculturas do escultor mineiro Amilcar de Castro, e uma espécie de quadra de tênis, onde, futuramente, a ideia é construir um espaço para abrigar o acervo da galeria, e trabalhos de arte contemporânea.
“É um espaço aberto para visitação de pessoas que queiram se inteirar do mundo da arte”, resume Lúcio Albuquerque. Para ele, a região Centro-Oeste, para além de uma produção agrícola de peso, é muito produtiva socialmente, “então, é natural que haja artistas que relatem esse momento”.
Lúcio pontua que, mais do que servir de espaço para nomes representados pela galeria, o projeto Cerrado Cultural se abre para outros artistas e linguagens “que sejam relevantes”. Por fim, ele destaca que um dos objetivos é também promover um intercâmbio, aproveitando a bagagem da galeria, bem como sua estratégia internacional muito consolidada. “Queremos mapear esses artistas e levar para além da fronteira, além de trazer artistas de fora.”
Inauguração
Para abrir as portas do Cerrado Cultural, os sócios convidaram dois nomes de peso: Divino Sobral — também diretor artístico do projeto — e Lilia Schwarcz. Juntos, os curadores escolheram 15 artistas do Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso para compor a mostra O centro é o oeste insurgente. Ao todo, são 50 obras, entre pinturas, esculturas, fotografias e desenhos.
“Somos um povo formado pela diversidade, pela multiplicidade. Dependendo do lugar, da época, do contexto, da origem do artista, da formação e do meio social, tudo isso gera linguagens e características diferentes. Aqui, fizemos um recorte de artistas indígenas e descendentes africanos sem esgotar o repertório e dentro dos limites do espaço. Na exposição, é possível destacar questões como a presença do retrato, a pesquisa de materiais que não são os consagrados da arte e a relação com a natureza. Mas, também, uma visão muito política e crítica a partir da própria formação do povo brasileiro”, detalha Divino Sobral.
Veja alguns cliques das obras:
Em diálogo com essa geração mais contemporânea, no andar superior do espaço, Lilia Schwarcz trouxe o construtivismo do pintor, escultor e gravador baiano Rubem Valentim na exposição Mito, rito e ritmo interior: Rubem Valentim fazer como salvação.
Além de explorar diferentes fases do artista e expor fotos e fontes originais, incluindo obras inacabadas e materiais de trabalho do próprio Rubem, Lilia homenageia um artista que, na época, escolheu a jovem capital federal como projeto e inspiração devido aos traçados retos e concretos.
Assista ao vídeo da celebração, por Zero 61 Produções:
“Escolho Rubem Valentim por uma questão de reparação, afinal, estamos em tempo de reparação e também porque a obra dele ganhou monumentalidade aqui em Brasília. Ela se agiganta, e eu acho que ele vai se nutrir das formas de Brasília, das retas, mas dando a elas uma curva religiosa”, avalia a curadora.
Confira os registros do soft opening:
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