Caso P. Diddy: como proteger crianças e adolescentes de crimes?
O caso do rapper P.Diddy, preso recentemente sob diversas acusações, levantou dúvidas sobre a proteção a crianças e adolescentes
atualizado
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A fama é um desejo de muitas pessoas, inclusive de crianças e adolescentes, que veem em seus ídolos a chance de viverem uma vida de prestígio e glamour. Embora a cobiça pelo reconhecimento seja algo compreensível, o caso do rapper P.Diddy, preso recentemente por acusações de tráfico sexual, associação criminosa e pedofilia, levantou questões importantes sobre os riscos dos menores de idade estarem imersos no universo midiático, tanto on quanto off-line.
Dada a repercussão envolvendo o magnata do rap, os internautas resgataram alguns vídeos antigos em que Sean Diddy Combs comenta sobre suas festas e as relações com diversos artistas, incluindo Justin Bieber, que ficou famoso aos 13 anos.
A relação dos dois astros da música chamou atenção, ainda mais depois de um vídeo de 2009, que voltou a viralizar nas redes sociais. Na gravação, Diddy comenta sobre o que eles iriam fazer durante 48h, oferecendo um carro de luxo, uma casa e a chance de Bieber sair para ficar com garotas, afirmando ser “definitivamente o sonho de um garoto de 15 anos”.
De acordo com o psicólogo clínico comportamental Jayme Pinheiro Rabelo, a falta de maturidade na adolescência pode abrir espaço a pessoas mal intencionadas, como o astro americano. Segundo o especialista, o crescimento exponencial da internet e das redes sociais fez com que a fama se tornasse algo palpável para os interessados em se lançar na mídia.
Internet e a vulnerabilidade dos menores
No caso das crianças e adolescentes, a internet se torna um ambiente ainda mais sedutor do que para adultos. “É preciso entender que adultos, adolescentes e crianças vão ter motivações nas redes sociais, seja com grupos, ideias ou pessoas, de uma maneira diferente entre si. As crianças vão buscar figuras mais imagéticas, que oferecem sensação de proteção ou aventura”, comenta.
Já para os adolescentes, Jayme destaca que o interesse pode estar mais voltado ao viés de identificação.
“Eles vão procurar artistas que transmitam a ideia de proximidade, de paridade, de algo que eles também passaram, sejam meninos ou meninas. Eles se relacionam com as mesmas figuras de heróis, mas pela sensação de adrenalina, de poder e, também, pelo fato de querer ser um pouco daquilo que estão vendo”, afirma.
Como o ambiente digital é vasto e diverso, o especialista alerta sobre os pequenos não terem um repertório consolidado para lidar com figuras perigosas ou temas delicados.
“Antes da internet, já tivemos casos emblemáticos de serial killers que encontravam na rua, especialmente, meninas que consideravam bonitas e as convenciam com fator de prestígio, convidando para tirar fotos, falando sobre a chance de trabalhar em agências, e por fim, consumando o crime. Nas redes, o cenário é igual, o individuo chega curtindo as fotos, de uma maneira leve, com objetivo de se aproximar desse adolescentes”, alerta.
Casos de violência na web
Esses perigos foram escancarados em diversas investigações policiais pelo Brasil. Em uma matéria divulgada por Guilherme Amado, colunista do Metrópoles, ele denuncia um aplicativo com classificação etária de 12 anos, o Project Z, que mascarava a venda de pornografia, menção a pedofilia, pedidos de fotos íntimas e outros conteúdos ilegais. Com a publicação, o Google suspendeu o aplicativo, contudo, os perigos ainda estão presentes no universo digital.
Diante do mar aberto que é a internet, a recomendação do psicólogo comportamental Jayme Pinheiro é só uma: os pais precisam saber o que os filhos conversam ou fazem nas redes sociais, especialmente quando a tendência é a busca por visibilidade.
“De uma maneira resumida é isso, não tem jeito. Na minha opinião, eu só posso proteger alguém se eu estiver perto dessa pessoa. De preferência das duas formas. É isso que a gente espera de uma família próxima que possa, de fato, proteger. Principalmente se é um nome ou uma figura que não é apresentada no dia a dia dessa criança ou do adolescente, na escola, nos locais de convívio”, reflete.
Outra forma importante de proteção citada pelo expert está pautada na educação. “É preciso explicar e diferenciar para os mais novos o que é um discurso para convencer de um elogio sincero. Precisamos ajudar os adolescentes a ponderar pelo caminho do meio – Se eu não conheço essa pessoa, se ela não tem um histórico comigo, por que ela está fazendo isso? Então, educação, proximidade e averiguação pode ser a chave”, conclui.
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