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Caso Kylie Jenner: saiba como identificar e tratar depressão pós-parto

A irmã das Kardashians revelou que teve depressão pós-parto com o nascimento de seus dois filhos. À coluna, especialista tira dúvidas

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Mão de mãe encostando em mão de neném com cama no fundo - Metrópoles
1 de 1 Mão de mãe encostando em mão de neném com cama no fundo - Metrópoles - Foto: Pexels

Kylie Jenner é uma das muitas mulheres que já sofreram com depressão pós-parto. Em uma entrevista no ano passado à edição italiana da Vanity Fair, a empresária e integrante do clã Kardashian revelou que passou pela situação depois que deu à luz seus dois filhos, Aire e Stormi.

“Eu sei, nesses momentos você pensa que isso nunca vai passar, que seu corpo nunca mais será o mesmo de antes, que você nunca mais será o mesmo. Isso não é verdade: os hormônios, as emoções nesse estágio são muito, muito mais poderosos e maiores do que você”, declarou.

Em outra entrevista mais recente à Vogue britânica, a socialite detalhou que a segunda vez em que se tornou mãe (de Aire, em fevereiro de 2022) foi “mais administrável” do que a primeira. Para ela, a depressão-pós parto de sua filha Stormi (de 6 anos) foi extremamente “difícil”.

“A de Stormi durou um ano. Me atingiu de forma diferente nas duas vezes. Provavelmente, com meu filho foi uma grande tristeza pós-parto, então eu estava tão emotiva com coisas que eu provavelmente não ficaria tanto”, disse.

Segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançado em 2023, pelo menos 25% das mães brasileiras apresentam sintomas de depressão no período de seis a 18 meses após o nascimento do bebê. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que apenas metade dos casos são diagnosticados.

Como identificar a depressão pós-parto e quais são as formas de tratamento?

De acordo com a psicóloga Andrea Chaves, a depressão pós-parto afeta uma a cada quatro mulheres. Trata-se de uma alteração orgânica que ocorre na mulher e que pode passar de uma tristeza profunda a mudanças em sua funcionalidade. “Isso vai influenciar desde o cuidado com o bebê até situações mais intensas que envolvem a segurança dela e do filho”, explica à coluna Claudia Meireles.

“É importante separar a depressão pós-parto e o blues puerperal. O último acontece com uma quantidade maior de mulheres, só que ele vai passar logo após os primeiros dias do nascimento do bebê. Já a depressão, não. É uma tristeza que vai se solidificar com o decorrer do tempo, algo em torno de duas ou três semanas depois do parto”, observa.

Braços de mãe segurando bebê no colo - Metrópoles
De acordo com a psicóloga Andrea Chaves, a depressão pós-parto afeta uma a cada quatro mulheres

A especialista ressalta que os transtornos mentais, incluindo a depressão pós-parto, são classificados como multifatoriais, ou seja, têm mais de uma causa. “Nesse caso, o que acontece com a mulher é uma redução hormonal, como de estrogênio e progesterona. Isso tudo vai influenciar no estado biológico da mulher”, comenta.

Outros fatores também influenciam na condição, a exemplo de privação do sono, mudança de rotina e a questão do próprio corpo.

“Ainda tem os fatores emocionais, como o medo de não dar conta de cuidar da criança, de acontecer algo com o bebê ou, às vezes, o abandono por parte do parceiro”, complementa.

Andrea menciona, também, questões sociais como ambiente em que a mulher está inserida, e o que esse ambiente oferece para ela enquanto rede de apoio ou rede de dano. A profissional aborda, ainda, a espiritualidade, crenças que a pessoa tem, o que ela acredita sobre si e sobre o período da gestação.

Detalhes do dia a dia, como estilo de vida, vícios, atividades físicas, uso de drogas, consumo de álcool, cigarro, sedentarismo e dieta errada também estão ligados às causas prováveis.

“Acredito que fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais vão influenciar para as causas da depressão pós-parto. Não é uma única causa. Existem múltiplos fatores que vão coexistir para que uma mulher adoeça”, frisa.

Mulher sentada em chão encostada em berço com o semblante baixo - Metrópoles
Privação do sono e mudança de rotina influenciam na depressão pós-parto

Os sintomas mais comuns, segundo a psicóloga, são: tristeza intensa que não passa, alteração de sono — tanto para insônia quanto para a hipersonia —, alteração dos prazeres, perda de prazer nas coisas que antes davam prazer, excesso de peso, alteração do humor, irritabilidade, desesperança, sensação de desamparo e desespero.

Quanto às formas de tratamento, Andrea Chaves esclarece que a depressão pós-parto, geralmente, segue a mesma linha de intervenção que a depressão maior.

“O tratamento vai variar de pessoa para pessoa. Se for um primeiro evento depressivo na vida da pessoa, a remissão total dos sintomas pode levar de um a dois anos. Só que não tem como precisar o tempo que ela vai ficar com depressão, pois vai depender do como ela vai se submeter aos medicamentos, à psicoterapia, às atividades físicas ou à rede de apoio. Então, várias coisas vão influenciar na sustentação ou não desse diagnóstico”, pontua.

Medicação, em alguns casos, psicoterapia e adequação do estilo de vida são formas de se tratar a depressão pós-parto, conforme elucida a psicóloga.

“Outro ponto importante para se pensar é se a paciente também tem um histórico psiquiátrico, se ela já teve outros transtornos ou se ela está em um período de maior ansiedade também, além de todas as questões que envolvem os hormônios dessa mulher”, lembra a profissional.

Andrea sugere, portanto, procurar um psiquiatra, bem como um ginecologista, um endocrinologista e um psicólogo, para avaliar e fazer uma anamnese do estado integral da paciente e, por fim, fazer os encaminhamentos devidos.

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