A paixão de Carlos Rodrigues, ou melhor, Carlão, como é conhecido, pela gastronomia se traduz em seu vasto portfólio de restaurantes em que esteve e está à frente. Ele já passou pelo Fasano, Gero e ‘A Mano. Atualmente, orquestra com maestria as casas Papà Cucina, Babbo Osteria, Marie Cuisine e Cozze Mediterrâneo, inaugurada em fevereiro. O restaurateur não parará por aí. Em breve, lançará o Nonno Cantinetta e alçará voos para Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A Coluna Claudia Meireles se declara admiradora do profissionalismo de Carlão e fã de todos os seus espaços dedicados à boa mesa. Em entrevista, o mestre detalhou o início da carreira, disse em qual renomado restaurante almejava trabalhar, revelou quais são os próximos projetos dentro e fora de Brasília, descortinou o sonho gastronômico que ainda pretende concretizar e descreveu a vida além das empreitadas que capitaneia. Também pôs fim a uma curiosidade: quem são seus sócios.

No DNA

O gosto pela gastronomia corre nas veias do paulistano de Interlagos. A falecida avó paterna atuou como chef de cozinha. A mãe dele também, inclusive, trabalhou por uma década no Bolinha, operação fixada no bairro paulistano dos Jardins. Quando o restaurateur desembarca na Terra da Garoa, não pensa duas vezes em visitar o local, que oferece a feijoada mais tradicional de São Paulo. Pisar na cidade em que nasceu o faz reviver várias memórias afetivas. “Minha mãe me levava lá. Eu sou o filho mais velho”, rememora.

Antes de integrar o time do Fasano, Carlão chegou a enviar currículo duas vezes para o Massimo, tradicional restaurante italiano situado na Alameda Santos que encerrou as atividades em 2013. “Eu entrei naquele salão enorme e lindo. Tinha o sonho de trabalhar lá no começo da minha carreira, mas não fui chamado”, recorda. Como não teve a oportunidade de atuar profissionalmente no local, ele visitou a casa gastronômica como cliente e ficou aficionado.

Culinária italiana

Desde então, a culinária italiana conquistou o paladar — e o coração — do empresário. Conforme esclarece Carlão, desde que lançou o Papà Cucina, em 2019, falta tempo na agenda para sentar e experimentar pratos em endereços brasileiros e no exterior.

“Sou muito ligado à Itália. Não tem jeito. Sempre vou procurar restaurantes italianos e franceses”, exclama.

Nonno Cantinetta

Ao abordar o amor pelo país em formato de bota, Carlão comentou a respeito de ter as raízes fincadas na nação em que tanto aprecia. O avô paterno dele, Custodio Popillo, é neto de italiano. Ele será o homenageado da nova empreitada do neto. Em breve, o restaurateur estreará o Nonno, que significa vovô em português. Ao estilo de uma cantina, a novidade ficará no Brasília Shopping. “Vocês vão amar”, garante.

O Nonno Cantinetta se encontra na reta final das obras, inclusive, Carlão já deu início à decoração. Ele quem cuida de tudo: “Sou eu quem faço. Não gosto de chamar alguém. Tem que ser a minha cara. Eu gosto de rodar o Brasil todo”. A empreitada terá um quadro do avô do empresário. Outro destaque do ambiente será a arquitetura de “cantina raiz, com traços mais modernos”. Carlos buscou referências em espaços da capital paulista, a exemplo do piso de ladrilho hidráulico e detalhes mais clean. “Nada tão rebuscado”, atesta.

“Estou trazendo um pouco da família Mancini. Terão muitos embutidos pendurados. Um piso de ladrilho que lembra bastante o Gigio, na Mooca. Vou trazer o polpetone que é do seu Tonico, do Jardim de Napoli. O uniforme dos garçons lembrará o Jardim de Napoli. Sou apaixonado por essas cantinas de São Paulo. Vai ser bem legal”, revela o mestre Carlos Rodrigues.

Sociedade

O Nonno Cantinetta será a quinta operação comandada por Carlão de mãos dadas com mais três sócios. Fundador das operações, o paulistano firmou parcerias com o pai, José Carlos Rodrigues, e o casal chef Teones Marques e Lily Araújo. “Convidei os dois para cuidarem da cozinha e me ajudarem a crescer”, esclarece.

Quando criou o Papà Cucina, em 2019, o restaurateur resolveu trazer Teones e Lily. “Eu precisava de quatro braços fortes na cozinha e os convidei, mas não para virem como funcionários, e sim virarem meus sócios”, endossa. Téo se destacou aos olhos de Rogério Fasano, que admirava o seu talento. Já Lily é considerada por Carlão como “uma profissional acima da média”. “Ela está muito no nível de São Paulo”, ressalta.

“Afora meu pai, José Carlos, e meus dois sócios, Teones e Lily, não tenho nenhum sócio ou investidor nos restaurantes”, reforça o restaurateur Carlão Rodrigues.

Voos

Para inaugurar o Nonno Cantinetta em grande estilo, Carlão almeja que o avô, Custodio Popillo, de 89 anos, esteja presente no evento de abertura. Afinal, o empresário batizou o empreendimento em homenagem ao parente. Até o fim do ano, o quarteto está com mais duas empreitadas prestes a saírem do forno, sendo nas capitais Belo Horizonte e Rio de Janeiro. “É uma expansão que começamos neste ano”, confessa.

“Inauguro em Belo Horizonte no final do ano, se tudo ocorrer normalmente. Já iniciei a obra no bairro de Lourdes, bem no centro de BH. É parte de uma expansão do Marie fora de Brasília. Primeiro em BH e, em seguida, no Rio. Aceitamos o convite de uma empresa de shopping, que é a Multiplan. Na Cidade Maravilhosa, ficaremos no espaço Village Mall”, detalha Carlão. O paulistano estipulou como próximo passo abrir o Marie Cuisine em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Sonhos

Questionado sobre os próximos projetos relacionados ao universo da gastronomia, Carlos Rodrigues revelou um segredo à coluna. “Esse sonho eu irei concretizá-lo para os brasilienses, porque eu amo o povo daqui e aprendi a gostar muito de Brasília”, argumenta. Ele acrescentou e aproveitou para brincar: “Acredito que o pessoal daqui me ama”.

Carlão traçou como meta lançar um bar com jazz ao vivo todos os dias. O espaço deverá ter também apresentações de blues. Os shows continuarão de madrugada. “Até às 3 horas, 4 horas da madrugada”, sustenta. Ele já pensou no nome. Não é surpresa que a alcunha traga referências do país em formato de bota. “Um bar clássico, italianão e com aperitivos”, planeja. O mestre do ramo gastronômico promete procurar inspirações nos ambientes nova-iorquinos.

Sucesso

Para o empresário, uma das receitas por trás do sucesso de seus restaurantes é dispor de profissionais bem treinados. Antes de abrir as portas e receber a clientela com perfeição, ele prepara os colaboradores nas casas gastronômicas já lançadas. “A maioria dos cozinheiros e garçons que está aqui no Cozze Mediterrâneo já trabalhou no Babbo Osteria, no Papà Cucina e no Marie Cuisine. Só do Nonno Cantinetta, tenho cinco pessoas em aperfeiçoamento”, enfatiza.

Longe dos restaurantes

Pode não parecer, mas Carlão tem uma vida fora das casas gastronômicas que capitaneia. Corintiano roxo, ele é apaixonado por São Paulo, embora cultive um bom sentimento por Brasília. “Amo minha cidade, vou ao centro de São Paulo e fico ali no Bar Brahma. Passeio pela Rua Augusta, escuto um rock and roll na calada da noite, na madrugada”, descreve. Quando surgem oportunidades, o restaurateur vai à praia ou em cachoeiras dispor de um encontro com a natureza. Ele também ouve samba.

De Interlagos, o restaurateur se diz uma “pessoa raiz”. “Se eu não estiver em Brasília, estarei em São Paulo, na minha comunidade, onde eu nasci”, afirma. Em breve, ele irá realizar um dos sonhos do pai. Os dois estarão juntos em viagem pela Europa. Primeiramente, a dupla aterrissará na Toscana, famosa região italiana. No roteiro, consta transitar por Roma e fazer um tour gastronômico.

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