Califórnia proíbe 24 ingredientes químicos em cosméticos. O que pode mudar?
Saiba quais produtos você deve ficar atento e quais alternativas escolher para evitar a intoxicação do corpo
atualizado
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Enquanto a indústria de cuidados pessoais deu um “boom” nos últimos anos – e o termo skincare passou a ser altamente pesquisado na internet –, o estado da Califórnia, nos EUA, tomou uma decisão considerável e que mudará o futuro do segmento. O governador Gavin Newsom promulgou uma nova legislação que bane 24 produtos químicos do uso cosmético.
O projeto de lei Toxic-Free Cosmetics Act (traduzido como Lei dos Cosméticos Livres de Toxinas) consiste em proibir, a partir de 1º de janeiro de 2025, a fabricação, venda, entrega, conservação ou a oferta para venda de produtos que contenham qualquer um dos ingredientes listados, exceto em circunstâncias específicas. É a primeira vez que um estado americano regulamenta o ramo.
Quem são eles?
Estão na mira da legislação o formaldeído e o mercúrio, junto a vários ftalatos (grupos de compostos químicos derivados do ácido ftálico), PFAS (fluorosurfactantes ou surfactantes fluorados) e parabenos, bem como seus sais. Enquanto alguns desses ingredientes têm riscos conhecidos, outros ainda estão sendo estudados quanto aos danos potenciais.
O mercúrio foi proibido em razão dos efeitos negativos gerados aos sistemas nervoso, digestivo e imunológico, além do pulmão, rins, pele e olhos, conforme informa a Organização Mundial da Saúde (OMS). O perigo, ainda, é como a substância se “esconde” nos cosméticos, por meio dos nomes cloreto mercuroso e mercúrio calomelano.
O ingrediente está presente em produtos clareadores e antienvelhecimento fabricados em lugares como México, Tailândia, Líbano, África e Europa, sendo importados para os Estados Unidos e vendidos ilegalmente em pequenas lojas. Uma pesquisa mostrou que 87% das mulheres latinas que usam produtos clareadores da pele tinham níveis elevados de mercúrio no sangue.
O formaldeído também chama a atenção. O conservante, que normalmente é usado em cadáveres, e dois de seus derivados foram considerados cancerígenos pela Agência de Proteção Ambiental. De acordo com o National Cancer Institute, a exposição ao elemento pode causar leucemia mieloide e diferentes cânceres raros.
O metileno glicol (presente em esmaltes, removedores de esmaltes, itens para modelagem de cabelo e produtos de higiene infantil) causa preocupação pelo contato diário de pessoas que trabalham com esses produtos químicos. “Embora as quantidades sejam baixas em produtos, os efeitos de longo prazo podem ser prejudiciais, especialmente para aqueles indivíduos expostos diariamente, como manicures e cabeleireiros”, comentou a química Rhonda Davis ao portal Everyday Health.
A substância (também conhecida como formalina ou aldeído fórmico) libera vapores de formaldeído no ar quando aquecido. Sabendo disso, alguns grandes fabricantes cortaram o ingrediente de seus produtos devido aos riscos, como a Johnson & Johnson (em 2014) e a CVS (em 2019).
Em relação aos parabenos, ainda não há ligações claras demonstradas. “Embora os parabenos sejam absorvidos pelo corpo através do uso de cosméticos e produtos de higiene pessoal, não é totalmente compreendido se eles representam algum risco à saúde a longo prazo”, falou a dermatologista americana Whitney Bowe ao site.
Segundo ela, “mesmo marcas de cuidados com a pele bem conhecidas e respeitadas continuam a formular usando parabenos em muitos de seus produtos mais populares”.
O que posso fazer?
Você deve estar se perguntando: como fica a situação onde eu moro? Apesar de a decisão ter sido iniciada na Califórnia, provavelmente será repetida em outros lugares dos EUA, ou até mesmo em diferentes países. Enquanto isso, cabe a nós a prevenção por meio da busca por informações e a atenção quanto aos produtos que compramos e colocamos em nossas casas, sem criar um medo desnecessário e, claro, baseando-se sempre em evidências.
As empresas possuem um papel importante nesse quesito, e devem (ou, pelo menos, deveriam) eliminar ingredientes potencialmente prejudiciais de seus catálogos de produtos. Ler os rótulos é, portanto, uma dica valiosa.
Outra recomendação é consultar um dermatologista antes de experimentar novos cosméticos e sempre seguir as instruções, apesar do fácil acesso à internet e da influência de outras pessoas. Agindo assim, evitam-se reações ou interações perigosas.
Confira, a seguir, uma lista de produtos que podem conter ingredientes prejudiciais e que você, provavelmente, usa em seu dia a dia:
1 – Desodorantes e antitranspirantes: grande parte deles contém substâncias como triclosan, sais de alumínio e BHT, que são inimigos da saúde corporal.
2 – Xampus, condicionadores e sabonetes líquidos: em sua maioria, esses itens possuem sulfato de sódio, que é cancerígeno.
3 – Hidratantes: contam com dezenas de substâncias extraídas do petróleo prejudiciais para o corpo.
4 – Cremes de barbear: podem intoxicar o corpo devido ao butano, diazolidinil ureia, trietanolamina, parabenos e fragrâncias sintéticas.
5 – Maquiagens e tintas de cabelo: têm chumbo. Acumulada no organismo, a substância libera toxinas cancerígenas, além de atingir o sistema nervoso.
6 – Cremes dentais e sabonetes: costumam apresentar o triclosan, que causa distúrbios endócrinos e alérgicos.
Afinal, qual é a solução?
A cada dia, novas marcas veganas ou naturais entram para as prateleiras das farmácias ou integram o leque de opções na internet. Pesquise e busque indicações, além de ler os rótulos com atenção. Ao se deparar com um produto que contém os ingredientes listados acima, procure outra alternativa, se for possível.
Para hidratar o corpo, a dica é investir nos óleos vegetais 100% puros. Em julho do ano passado, a terapeuta Elise Dalmaso disse à coluna Claudia Meireles que eles são gorduras boas, prensadas a frio e retiradas das partes gordurosas da planta, como sementes, frutos, castanhas, nozes e grãos.
“Por serem ricos em ácidos graxos, vitaminas, ômegas, proteínas e sais minerais, são amplamente utilizados como hidratantes, umectantes, cicatrizantes e regeneradores da pele e cabelo. Ao contrário dos óleos essenciais, os vegetais podem ser usados puros ou como carreadores (veículos) dos óleos essenciais, por meio de massagem no corpo e cabelo”, explicou Elise.
Em Brasília, a loja Mundo dos Óleos comercializa uma ampla variedade de itens naturais.
Os óleos essenciais ainda são “substâncias produzidas, naturalmente, pela natureza, e encontradas em raízes, flores, folhas, cascas de fruta, semente, caules, galhos e troncos”, conforme a terapeuta detalhou.
Esses ingredientes podem ser extraídos por destilação ou prensagem a frio. Eles possuem diversos princípios ativos e por isso têm muitas propriedades benéficas para a saúde dos sistemas nervoso, imunológico, respiratório, límbico, muscular, entre outros. “Dentre suas propriedades mais difundidas, podemos citar calmante, relaxante, bactericida, fungicida, antiviral, anti-inflamatória, descongestionante, cicatrizante e germicida”, afirmou.
O óleo essencial de lavanda, por exemplo, é seguro e é um excelente cicatrizante, calmante para queimaduras e reparador de tecido, além de possuir função de relaxamento e melhora da insônia.
E para as axilas? Assista a esse vídeo da youtuber Kim RosaCuca e aprenda como fazer um desodorante caseiro eficaz para proteger a região de odores, com óleo de coco, azeite, óleo essencial de limão ou lavanda e bicarbonato de sódio. A receita é antibactericida e antifungicida. Veja a partir do segundo 00:58:
A nutricionista brasiliense Marcela Castilho também produziu um vídeo indicando marcas de desodorantes sem alumínio:
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