Café faz mal para a sua pele? Especialistas respondem!
A cantora Jennifer Lopez defende que a bebida “destrói a pele conforme envelhece”. Será que é verdade? Veja o que as especialistas pensam
atualizado
Compartilhar notícia
Você já passou em frente a uma cafeteria e sentiu aquele aroma delicioso? O café, um dos ingredientes mais amados e presentes nas casas brasileiras, há muito tempo atrai uma legião de fãs. Para muita gente, o dia só começa depois do famoso cafezinho.
No entanto, diferentemente daqueles que não se imaginam sem a bebida, muitas pessoas pelo mundo são avessas a ela. É o caso de algumas celebridades, que se sentem sensíveis aos efeitos da cafeína.
Kim Kardashian, por exemplo, opta pela água em vez de degustar a bebida nas primeiras horas do dia. Sua irmã mais velha, Kourtney Kardashian, parou de saborear o cafezinho há quase duas décadas, pois se sente muito hiperativa e nervosa.
Ao descobrir que eliminar a cafeína ajuda a manter a clareza, o comediante Jim Carrey – que nunca escondeu os problemas de saúde mental – aboliu a bebida do dia a dia. Já para Zendaya, café, energéticos e refrigerantes “não fazem nada” por ela. Donald Trump também integra o grupo dos não adeptos à bebida alcoólica devido aos vícios do irmão mais velho, Fred Trump, que faleceu em 1981 em razão do alcoolismo.
Podemos acrescentar outros nomes a essa lista, como Naomi Campbell, Blake Lively, Tom Brady, Gisele Bündchen e Kate Beckinsale. Jennifer Lopez, por sua vez, defende que o ingrediente “destrói a pele conforme envelhece”.
Embora cada famoso defenda sua escolha e estilo de vida, será que o consumo de cafeína, realmente, pode fazer mais mal do que bem para o corpo? Assim como J.Lo acredita, seria o cafezinho um “inimigo” para a nossa cútis? Levantada essa dúvida, a coluna Claudia Meireles conversou com três especialistas a fim de entender a associação entre a bebida e a pele.
Confira:
Sob uma perspectiva da dermatologista Adriana Vilarinho
Segundo a médica, não há como afirmar se o café faz bem ou mal para a saúde, já que os hábitos alimentares, o metabolismo e o organismo de cada pessoa são únicos. “Tudo em excesso faz mal. No caso do café, pode haver o aumento de ácidos estomacais, levando a desconfortos como azia e queimação. Ou, ainda, piorar transtornos de ansiedade e insônia, para quem sofre com esses problemas”, explica.
Para a médica, geralmente não há restrições ou necessidade de suspensão do consumo da bebida. No entanto, é preciso ficar atento ao açúcar consumido em conjunto. “Ele é um vilão para a saúde da pele e, em alguns tratamentos, precisa ser evitado. No mais, não há restrições”, opina.
De acordo com a profissional, o efeito diurético do ingrediente é muito leve, por isso, é um mito dizer que ele causa desidratação, até porque “ingerimos água ao consumi-lo, já que faz parte do preparo, assim como nos chás”. “Mas, repito, tudo em excesso pode causar desconfortos e malefícios”, reitera.
Como qualquer bebida que possua cafeína, seu consumo em demasia pode ter efeito estimulante e aumentar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Mas, para a especialista, isso não se restringe ao café.
Questionada sobre a hipótese de a cafeína reduzir a circulação de sangue e, com isso, acabar afetando a cútis, Adriana Vilarinho nega. “Pelo contrário, o café tem efeito positivo nos vasos sanguíneos, melhorando o fluxo do sangue pelo corpo e reduzindo o risco de inflamações, devido à presença da cafeína”, esclarece.
Adriana afirma que o poder antioxidante do ingrediente combate os radicais livres, e sua ação anti-inflamatória é ótima para a cútis. Diante disso, há muitos dermocosméticos voltados para o tratamento de celulite e gordura localizada, por exemplo, que têm essa substância em sua formulação, por ter capacidade de atravessar a barreira cutânea.
“A borra de café é um ótimo esfoliante, o que contribui para a limpeza da pele. Contudo, o ideal é sempre consultar uma dermatologista para avaliar a pele e o tipo de acne, para a recomendação do tratamento mais adequado”, fala Adriana Vilarinho.
Conforme a médica diz, não há uma relação entre acne e café. “Ressalto, novamente, que a questão maior é o açúcar consumido junto com o café, e não a bebida em si”, lembra. Segundo ela, o que pode ocorrer é o aumento da ansiedade pelo excesso de consumo, piorando a acne já existente.
Outro mito, de acordo com a profissional, é que a bebida acarreta o envelhecimento da derme. “O envelhecimento é causado pelo excesso de exposição aos raios UV e luz visível, pela falta de hidratação e rotina de cuidados, pela genética, entre outros fatores”, responde.
“O café em excesso pode causar insônia, é claro. Porém, moderadamente, ele não afeta o sono. Agora, ter noites mal dormidas prejudica a pele, sim, já que a falta do sono aumenta o nível de hormônios do estresse e os radicais livres. A cafeína, na realidade, combate os radicais livres, ou seja, é um aliado quando consumida da forma correta”
Adriana Vilarinho
Sob uma perspectiva da consultora em nutrição holística Sandra Alvim
Para Sandra Alvim, as pessoas costumam usar o café como estimulante. Porém, os benefícios para a saúde vão muito além disso. A bebida aumenta os níveis de energia e levanta o astral, diminuindo o risco de depressão e suicídio. “Além disso, ela melhora a memória e os reflexos, diminui os riscos de danos ao fígado e protege contra o Alzheimer, a doença de Parkinson e outras doenças degenerativas, assim como a disfunção erétil”, conta a especialista.
A consultora relembra que, em 2008, estudos conduzidos pela Universidade de Harvard sobre saúde pública concluíram que a bebida não aumenta o risco de doenças ou morte prematura. “Portanto, a conclusão desses estudos foi de que não existe nenhuma evidência que sugira que o café promove algum mal à saúde”, diz.
“Cigarro, açúcar, alimentação pobre, falta de exercícios e estresse é que fazem mal para a saúde. Claro que tudo demais não é saudável, mas até três xícaras de café por dia, desde que não tenham açúcar, não fazem nenhum mal à saúde”, fala Sandra Alvim.
De acordo com a profissional, os componentes bioativos encontrados na bebida são cafeína, diterpenos e cafestol (protegem o corpo contra doenças crônicas e degenerativas), Kahweol (pode atuar como um bloqueador contra alguns carcinógenos), polifenóis, manganês, potássio, vitamina B e niacina, além de alguns componentes ácidos.
“O café protege o corpo contra doenças do coração, esclerose múltipla e até diabetes do tipo 2; e melhora a performance mental. Mas é preciso escolher o café certo, de preferência orgânico, o local onde foi plantado, quando foi colhido e como é preparado. Isso faz muita diferença”
Sandra Alvim
Além dos efeitos antioxidante e anti-inflamatório, confirmados pela dermatologista Adriana Vilarinho, o ingrediente em questão tem propriedades hidratantes, ou seja, protege a pele. “Algumas xícaras por dia são tão hidratantes como a água”, ressalta Sandra Alvim.
Também em concordância com Vilarinho, a consultora em nutrição holística evidencia o potencial da cafeína na melhora do fluxo de sangue pelo corpo, o que diminui os riscos de morte por doenças cardíacas e acidente vascular cerebral. “Inclusive, estudos do National Cancer Institute, nos Estados Unidos, chegaram à conclusão de que o café diminui o risco de melanoma maligno (tipo mais grave de câncer de pele), de câncer do colo do útero, do fígado e de mama”, comenta.
Segundo a especialista, o café é uma bebida ácida e poderia estimular mais as glândulas sebáceas da pele, tornando-a mais oleosa. Todavia, “se você tem uma alimentação bem balanceada entre alimentos ácidos e alimentos alcalinizados, não precisa se preocupar”, anuncia ela.
“Antes do café, existem outras substâncias que causam acne, como o leite de vaca e seus derivados, o açúcar refinado, frituras, carnes vermelhas e alimentos processados”, informa a profissional.
Para Sandra Alvim, o excesso de cafeína aumenta os efeitos fisiológicos do estresse, logo, o corpo libera mais cortisol. Porém, isso ocorre apenas com o exagero de ingestão da bebida. “Tudo em excesso faz mal para o corpo”, enfatiza.
A consultora afirma que se a pessoa toma um cafezinho pela manhã ou pela tarde, sendo seis horas antes de dormir, não será o café que vai tirar seu sono. “Procure descobrir com o seu médico o que está tirando o seu sono, mas não vamos culpar o cafezinho. Dormir pouco é péssimo para a pele. Dormimos pouco quando estamos estressados, com depressão, com preocupações, com falta ou baixa de hormônios e com ansiedade. Ingerir doces antes de dormir ou tomar refrigerantes, isso sim tira o sono”, opina.
Sandra conta que a bebida só não é indicada para pessoas com problemas de estômago – por conta da acidez – e mulheres grávidas ou que estejam amamentando. “Cada pessoa responde de uma maneira diferente às substâncias que ingere. Há pessoas que tomam café antes de dormir e dormem muito bem. Ou seja, vamos saborear nosso cafezinho de cada dia sem culpa”, conclui a especialista.
No vídeo a seguir, a consultora em nutrição holística Sandra Alvim fala mais sobre a bebida queridinha dos brasileiros:
Sob uma perspectiva da médica do estilo de vida Priscilla Proença
O ponto de vista de Priscilla Proença vai ao encontro das opiniões de Adriana Vilarinho e Sandra Alvim. Segundo ela, se o indivíduo não for sensível à cafeína e ingerir café em quantidades adequadas faz bem. “Ele é rico em fitoativos, antioxidantes benéficos à saúde. Por isso, seu consumo moderado até determinado horário [para não atrapalhar o sono] é indicado sim”, declara.
Pós-graduada em endocrinologia, a especialista ainda destaca que há estudos demonstrando os benefícios do ingrediente para o coração. Além disso, ela fala que, ao contrário do que se acreditava – que a bebida pioraria problemas como a rosácea – um novo estudo associou o seu consumo à baixa incidência dessa doença. “Porém, mais estudos precisam ser feitos para confirmar esta informação”, visa.
“Todos os antioxidantes, inclusive os do café, beneficiam a saúde da pele, como de todo o corpo”, avalia Priscilla Proença. De acordo com a médica do estilo de vida, o sono é um importante mecanismo fisiológico de recuperação de danos.
O sono, ela destaca, revigora o corpo do estresse físico, metabólico e mental do dia anterior e o prepara para o próximo dia. Dormir menos horas do que se precisaria influencia na saúde da pele e de todo o corpo, “e os efeitos podem ser notados em uma pele desidratada e cansada, assim como corpo e mente também desgastados”, considera Priscilla, ao salientar a importância do sono para o organismo e o consumo moderado de cafeína.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.