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Cabeleireira expert em tranças cria ensaio para o mês da Consciência Negra

A profissional Letícia Santana resolveu ir além da técnica manual e aprofundar-se na verdadeira origem do penteado de origem africana

atualizado

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Renata Muniz/Imagem cedida ao Metrópoles
Ensaio Consciência Negra
1 de 1 Ensaio Consciência Negra - Foto: Renata Muniz/Imagem cedida ao Metrópoles

Anualmente, em 20 de novembro, celebra-se o Dia da Consciência Negra. O mês tornou-se referência para atividades que promovem a igualdade racial e valorizam a luta do povo negro. Letícia Santana é cabeleireira especializada em tranças. Apaixonada pelo ofício, a profissional resolveu ir além da técnica manual e aprofundar-se na verdadeira origem do penteado. Ao verificar nos estudos que as tranças carregam valores culturais africanos, a expert quis expandir os conhecimentos adquiridos em um ensaio fotográfico.

Não é a primeira vez que Letícia colabora com a coluna Claudia Meireles. Em setembro, ela ensinou tipos do penteado aos leitores do portal Metrópoles. Entretanto, um feedback chamou a atenção: “Tranças sem uma mulher negra?”. Embora suas clientes nunca haviam questionado, o comentário despertou a atenção da cabeleireira, que foi atrás de aprendizado. “Além das pesquisas, procurei pessoas e profissionais que sabem muito a respeito. Descobrir histórias que nunca imaginei”, conta.

De acordo com a expert, a utilização do penteado começou de modo que as divisões entre uma trança e outra formassem desenhos de mapas, com o objetivo de auxiliar os negros escravizados: “Ao longo do tempo, as tranças funcionaram como um sistema de linguagem, reproduzindo mensagens de um povo a outro, como estratégia de sobrevivência frente à escravidão”.

Em uma das aulas, Letícia descobriu sobre as mulheres africanas que trançavam arroz ou sementes nos cabelos. Ao serem sequestradas para tornarem-se escravas, elas plantavam o cereal guardado no penteado no meio da lavoura em um local escondido. Assim, tinham alimento para comer. “Afirmo não saber nem um terço dessa valorosa história, mas continuo em busca de conhecimento. O pouco que tive oportunidade de aprender, posso dizer que a maior lição é, sem dúvida, valorizar a cultura do povo negro”, confessa.

Ensaio Consciência Negra
O projeto foi desenvolvido pela cabeleireira Letícia Santana

“Sempre me perguntam qual é o melhor tipo de cabelo para trançar. Costumo responder: ‘Cada cabelo é diferente em seu tamanho, textura, cor e volume, logo, não existe o ideal’. Atualmente, as tranças se encaixam em todos os tipos de cabelo. Fica de lembrete: por trás de cada penteado, há a história de um povo, que merece e deve ser reconhecida e reafirmada”, garante a cabeleireira brasiliense.

Letícia acredita que a clientela dela não está informada a respeito do assunto. Não seja por isso, ela passou a compartilhar o passado do penteado tintim por tintim nos atendimentos. No ponto de vista da cabeleireira, o ensaio fotográfico surgiu como uma extensão do objetivo de divulgar a história das tranças, além de mostrar às mulheres a diversidade dos tipos de cabelo, realçando a beleza. “Nós podemos ficar lindas, sim, com o penteado, mas, antes de tudo, devemos ter em mente o valor das tranças para o povo negro”, defende.

Ao todo, foram três modelos: Mariana Lopes, Vitória Reis e Julia Aredes. “Na hora de escolher os penteados, analisei as tranças que mais combinavam com cada modelo”, ressalta Letícia Santana. Entre os modelos mais requisitados pelas clientes, estão a boxeadora, a embutida e a lateral. “Fiquei muito feliz com o resultado, foi um belo trabalho em equipe!”, reitera a expert.

Veja abaixo os cliques do ensaio!
Ensaio Consciência Negra
As tranças carregam histórias do povo africano
Ensaio Consciência Negra
Letícia Santana desenvolveu um ensaio
Ensaio Consciência Negra
Foram escolhidas três modelos
Ensaio Consciência Negra
A cabeleireira fez os penteados nas modelos
Ensaio Consciência Negra
As modelos aceitaram participar do projeto
Ensaio Consciência Negra
A expert em tranças tem estudado a história das tranças
Ensaio Consciência Negra
Há vários tipos do penteado
Ensaio Consciência Negra
Letícia Santana especializou-se em tranças
Ensaio Consciência Negra
Há modelos de tranças lateral, embutida, boxeadora, entre outros
Ensaio Consciência Negra
Qual modelo do penteado é o seu favorito?
Ensaio Consciência Negra
As mulheres africanas costumavam trançar as mechas com arroz ou sementes no cabelo
Ensaio Consciência Negra
As modelos também aprenderam sobre a história do penteado
Ensaio Consciência Negra
Ao conhecerem a história, as jovens se veem na missão de falar a quem ainda não sabe
Hora de aprender

Não sabe como fazer o penteado nas madeixas? Confira o passo a passo e arrase nas tranças!

Boxeadora

O modelo tornou-se queridinho das mulheres em 2019.

1 – Desembarace os fios;
2 – Comece separando duas mechas do topo da cabeça, próximo à franja (mas sem incluí-la). Nesta etapa, utilize os dedos indicador e médio;
3 – Divida cada mecha em três partes;
4 – Trance a mecha normalmente duas vezes, ou seja, leve a porção da esquerda ao centro;
5 – Em seguida, faça o mesmo com a parcela da direita;
6 – Novamente, a mecha da direita e, agora, da esquerda;
7 – Repita esse processo, incorporando à trança, de pouco a pouco, o restante do cabelo;
8 – Quando finalizar, prenda como preferir.

Lateral

1 – Como na trança embutida, desembarace os cabelos;
2 – Depois, separe a mecha lateral e prenda os fios que não vai utilizar no penteado;
3 – Divida a mecha em três partes;
4 – Após a terceira etapa, passe a porção da esquerda por cima da mecha do centro;
5 – Depois, passe a parcela da direita por cima da mecha do meio;
6 – Siga cruzando as madeixas na mesma ordem;
7 – Trance os fios até as pontas;
8 – A dica que evita desmanchar é não ficar puxando a trança para baixo.

Embutida

1 – Primeiramente, desembarace os fios;
2 – Comece separando uma mecha do topo da cabeça, próximo à franja (mas sem incluí-la). Nesta etapa, utilize os dedos indicador e médio;
3 – Divida a mecha em três partes;
4 – Trance a mecha normalmente duas vezes, ou seja, leve a porção da esquerda ao centro;
5 – Em seguida, faça o mesmo com a parcela da direita;
6 – Novamente, a mecha da direita e, agora, da esquerda;
7 – Repita esse processo, incorporando a trança, de pouco a pouco, ao restante do cabelo;
8 – Quando finalizar, prenda conforme quiser.

 

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