Um novo estudo publicado no Journal of Cosmetic Dermatology comparou quatro bebidas consumidas por mais de 16 mil europeus: café, chá, álcool e bebidas adoçadas com açúcar. O café, por sua vez, foi a única opção que demonstrou uma associação significativa com envelhecimento mais lento da pele facial.

Segundo os pesquisadores, esse efeito se deve às propriedades antioxidantes presentes no café, que combatem o estresse oxidativo e a inflamação. Eles afirmam que os polifenóis do café torrado, como o ácido clorogênico, podem melhorar a elasticidade e a hidratação cutânea, retardando rugas e outros sinais do envelhecimento.

Visto que os polifenóis são sensíveis ao calor, o tipo de café torrado interfere nesse efeito. Portanto, torras mais claras tendem a ser mais vigorosas do que as escuras, porque uma exposição mais longa a altas temperaturas durante a torrefação pode “destruir” esses compostos orgânicos. O expresso, por exemplo, é mais concentrado e tem torra mais leve, se comparado ao coado, o que o torna mais benéfico nesse sentido.

Em conversa com a coluna Claudia Meireles, o dermatologista André Moreira faz algumas ressalvas no que diz respeito à realização do estudo. Primeiramente, ele pontua que os participantes da pesquisa são europeus, o que impede de replicar esses resultados em outras localidades, como o Brasil. “A pesquisa é muito complexa, pois usou genes da população europeia, mostrando que, para essa população, quem tem um gene que predisponha a beber mais café, o ato de beber café parece que protege a pele do envelhecimento”, explica.

“No entanto, para nós, da população brasileira, esse estudo não mostra essa associação — e não há nenhum outro estudo indicando isso”, frisa.

Outro fator que deve ser levado em conta, na opinião do médico, é a forma como o estudo foi feito. “A maneira de responder corretamente se o café reduz o envelhecimento da pele seria fazer um estudo prospectivo, controlado e duplo cego, ou seja, que acompanha ao longo da vida das pessoas que bebem café, não bebem café ou ingerem outra bebida que lembra o café mas que não é, o que seria o placebo, e avaliar como é que foi o envelhecimento dessas pessoas”, diz ele.

“Então, eu tenho algumas críticas a esse artigo, pois ele não responde se o café, de fato, vai evitar o envelhecimento cutâneo. Eu amo beber meu cafezinho, entretanto. E vale lembrar que o consumo em excesso também pode fazer mal para a pele, pois a cafeína altera o ciclo do sono”, ressalta André Moreira.

Por outro lado, o dermatologista lembra que os polifenóis são substâncias conhecidas pelo papel anti-inflamatório e antioxidante. “A oxidação é o que promove envelhecimento cutâneo, aparecimento de manchas e efeito danoso dos raios ultravioletas”, conta. “Então, quando se anti-oxida, se evita esses efeitos, reduzindo o envelhecimento. Por isso, provavelmente, o café fez esse efeito que o estudo demonstrou”, acrescenta.

Além de serem encontrados em cosméticos, os polifenóis podem ser adquiridos por meio da alimentação. Segundo o médico, eles estão presentes em dietas saudáveis, especialmente em frutas e vegetais.

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