Autor explica como curar doenças tratando a flora intestinal
Médico gastroenterologista e autor de livro best-seller, Will Bulsiewicz incentiva público a comer plantas e “investir” no intestino
atualizado
Compartilhar notícia
Você já deve ter ouvido falar que o intestino é o nosso “segundo cérebro”. Essa afirmação é bastante lembrada, pois o órgão vai muito além de processar a comida que ingerimos no dia a dia. O sistema digestivo possui meio bilhão de neurônios e mais de 30 neurotransmissores. Além disso, age independentemente do sistema nervoso central, ou seja, não precisa de comandos do cérebro.
Etapas importantes da digestão ocorrem no intestino, como a absorção de alimentos e a formação do bolo fecal. Mas o órgão também é responsável por produzir neurotransmissores e hormônios necessários para o funcionamento do corpo. Basta lembrar que a flora intestinal é ligada à imunidade e à homeostase (estado de equilíbrio interno).
Se a coluna Claudia Meireles ainda não te convenceu de que essa parte do nosso corpo é o segredo para a cura de muitas doenças e para o nosso bem-estar, apresentamos, agora, um nome brilhante que promete mudar a forma de ver a saúde e a vida: Dr Will Bulsiewicz. Se preferir, pode chamá-lo de Dr B, conforme ele mesmo pede. O expert americano é especializado em gastroenterologia, área da medicina voltada ao aparelho digestivo, e é considerado o “geek das pesquisas”.
Formado pela Escola de Medicina de Georgetown, treinado no centro médico acadêmico Northwestern Memorial Hospital e em hospitais da Universidade da Carolina do Norte, Bulsiewicz obteve o mestrado em investigação clínica pela Universidade Northwestern, em Illinois, e um certificado em nutrição pela Universidade Cornell. Ele também é certificado em medicina interna e gastroenterologia e especialista em doenças digestivas e intestino.
Bulsiewicz acumula diversos prêmios e distinções por sua atuação e condução de pesquisas. Ele contribuiu em mais de 20 artigos científicos publicados e mais de 40 apresentações em encontros nacionais. Por fim, mas não menos importante, é autor do livro Fiber Fueled, best-seller do New York Times, USA Today, Publisher’s Weekly e Indie Bound.
Na descrição da obra, o médico diz que ela é mais que um livro de saúde, “é uma metodologia passo a passo para parar a loucura de desinformação causada pela indústria da dieta e mostrar a você o processo simples e embasado pela ciência para um estilo de vida sem esforço, sustentável e, acima de tudo, que transforma sua saúde ao otimizar seu microbioma”.
Propósito
Ao acessar o site oficial de Will Bulsiewicz, nos deparamos com a sua principal ideia: ajudar milhares de pessoas a criar resultados incríveis na saúde e no bem-estar com um ato simples, que é cuidar do intestino por meio das plantas, sem depender exclusivamente de “pílula ou pós”. A abordagem do expert combina 14 anos como médico, mas ele acredita que a credibilidade de seu método é fruto de evidências e estudos científicos.
Na opinião do gastroenterologista, a melhor estratégia é ir atrás da raiz dos problemas (enfermidades), em vez de simplesmente tratar os sintomas, para corrigi-los e descobrir como evitá-los. Com isso, ele crê no potencial dos vegetais e em algumas mudanças no estilo de vida, como exercícios e meditação.
“Sua saúde intestinal afeta sua agilidade mental e níveis de felicidade”
Will Bulsiewicz
Os resultados do trabalho do médico são, de acordo com as palavras dele, “alucinantes”. Entre eles, destaque para a perda de peso mais fácil, intestino permeável, tratamento de problemas digestivos, entre muitos outros. Ele concretiza a ideia revelando que nunca compartilhou algo que não tenha testado sozinho.
Pessoalmente, garante que perdeu 20 quilos e se sentiu melhor do que antes com mudanças na alimentação. Hoje, fala abertamente sobre o assunto e firma o propósito de ajudar cada vez mais pessoas a mudar de vida (além dos muros de sua clínica). “Senti uma compulsão por compartilhar todas essas informações que sabia que poderiam fazer a diferença na vida de mais pessoas”, explica, em seu site oficial.
Curso
Além da obra literária, Will Bulsiewicz ministra um curso on-line, de sete semanas, que ensina a reverter a disbiose intestinal (desequilíbrio da flora intestinal) e curar o microbioma (micro-organismos que residem nos tecidos e fluidos humanos), bem como sensibilidades alimentares, inchaço e movimentos intestinais desordenados.
“Seu intestino se conecta à sua digestão e absorção de nutrientes, sistema imunológico, inflamação, equilíbrio de peso, hormônios e até mesmo humor e função cerebral. Esteja você doente ou saudável, todos nós precisamos prestar atenção ao nosso intestino para alcançar a saúde radiante que merecemos”, defendeu o médico.
O segredo para uma boa saúde é a variedade de plantas
Em entrevista ao site Future of Personal Health, Will Bulsiewicz afirmou que a chave para uma boa saúde intestinal é a diversidade. “O mais importante em termos de construção de um intestino saudável é, na verdade, ao invés de enfatizar ou superenfatizar plantas específicas, obter o máximo de variedade e diversidade possível no que diz respeito às plantas”, explicou.
“E a razão é porque cada planta contém fibras que irão alimentar o microbioma, mas irão alimentar diferentes populações de bactérias. Portanto, se quisermos oferecer suporte a um microbioma tão diverso quanto possível, o que realmente precisamos é de uma dieta diversificada”, completou.
“Existe uma regra. É simples. Você não precisa contar suas calorias. Você não precisa pesar sua comida. Você não precisa se preocupar com macros. Você só precisa da diversidade de plantas”, falou ao portal WellBe.
Esclarecendo “mitos”
De acordo com o especialista, as batatas, por exemplo, costumam ser julgadas como ruins devido ao alto teor de amido, mas o caminho é outro. “Batatas brancas, você sabe, nós vamos e voltamos com elas, e muitas pessoas dizem que qualquer coisa que seja branca deve ser ruim. Mas as batatas realmente contêm amido resistente e o amido resistente é maravilhoso para o microbioma intestinal”, constatou.
O médico ainda conta que há uma maneira simples de obter o máximo benefício do amido existente nas batatas. “Na verdade, há esse tipo de hack legal e divertido que você pode fazer. Se você pegar seu purê de batata, aquecê-lo e depois resfriá-lo e fizer isso repetidamente, continuará produzindo amido cada vez mais resistente. E assim você pode realmente aumentar o valor nutricional de sua batata, comendo-a e resfriando-a repetidamente”, ensinou.
Outro ingrediente que é mal interpretado, na opinião do gastroenterologista, é o glúten. Para ele, o verdadeiro problema não é a substância em si, mas os alimentos altamente processados.
“Há estudos que mostram que as pessoas que ficam sem glúten quando não precisam aumentam o risco de doenças cardíacas, causa de morte número um nos Estados Unidos. Isso porque estão eliminando a principal fonte de grãos integrais da dieta americana, que é o trigo”, falou ao Future of Personal Health. “Portanto, não há fortes evidências de que o glúten realmente danifica o intestino quando as pessoas comem comida de verdade”, acrescentou.
Outro ponto de conflito do médico são as dietas especializadas, como a paleolítica, um tipo de alimentação fundamentada no que era comido na Idade das Pedras; e composta por até 35% de proteínas, 22% a 40% de carboidratos e 28% a 47% de gorduras. Outro protocolo alimentar com o qual ele não concorda é a dieta cetogênica, que consiste na redução drástica da quantidade de carboidratos na alimentação. Bulsiewicz defende que elas não são ideais e que não há estudos suficientes para comprovar que elas aumentam a longevidade.
“Existem algumas pessoas que realmente acreditam na dieta cetônica e alguns estudos que mostram benefícios, mas, geralmente, eles são de curto prazo”, ressaltou.
Segundo o gastroenterologista, nós, seres humanos, deveríamos reorientar nossas dietas trocando as proteínas das carnes pela das plantas. Bulsiewicz, que também é vegano, fala que as culturas e populações em todo o mundo cujas dietas dependem principalmente de alimentos vegetais em vez de produtos animais são, frequentemente, as mais saudáveis. Esses lugares incluem regiões mediterrâneas ou partes da Ásia, como Tailândia e Vietnã.
“Se você olhar para as populações mais saudáveis do planeta nos tempos modernos, elas estão nas cinco zonas azuis, e todas as cinco zonas azuis são 90% baseadas em plantas. Não são necessariamente veganos, mas têm predominância de plantas, a carne não é a peça central. A planta, sim, é a peça central”, comunicou.
O poder das fibras
De acordo com o portal WellBe, Will Bulsiewicz bate na tecla de um nutriente vital: a fibra. Para o médico, as plantas “têm o monopólio” das fibras, que podem ser classificadas em solúveis e insolúveis.
Segundo o expert, a fibra solúvel se dissolverá se você misturá-la com uma bebida. Já a insolúvel nunca se dissolverá, não importa o quanto você mexa. Para ele, a fibra solúvel é “o segredo da nutrição sobre o qual as pessoas não estão falando”, visto que ela é prebiótica, o que significa que ela alimenta e nutre os micróbios no intestino. Assim que ela ajuda a produzir mais micróbios anti-inflamatórios, eles se viram e pagam pela comida, liberando “o maior segredo de toda a nutrição”, os ácidos graxos de cadeia curta.
Esses ácidos graxos de cadeia curta são compostos pós-bióticos incríveis na cura. Eles foram associados a diversos benefícios para a saúde e foram capazes de reduzir o risco de obesidade, doenças inflamatórias, diabetes tipo 2, doenças cardíacas, entre outros.
O que Will Bulsiewicz diz sobre o pum
Se os gases são um problema para você, anote as dicas de Bulsiewicz:
1 – Converse com o seu médico sobre tentar a dieta de baixo FODMAP, que pode ajudá-lo a identificar e moderar os alimentos que “irritam” o seu intestino;
2 – Diminua o consumo de gás comendo devagar com goles controlados e evitando bebidas gasosas, pastilhas e chicletes;
3 – A diarreia também pode irritar o ânus e causar uma sensação de queimação. Evite isso aumentando gradualmente a ingestão de fibras para aumentar o volume das fezes, adicionando uma porção a cada poucos dias para dar ao corpo tempo de se ajustar;
4 – Puns de odores muito ruins podem ser causados pela ingestão de alimentos vegetais como feijão, lentilha, aspargo e banana verde. A inulina, uma fibra solúvel encontrada nesses alimentos, é altamente produtora de gás, mas também é um prebiótico, que alimenta as bactérias saudáveis em seu intestino. Portanto, você não deve parar de comer esses alimentos só porque o cheiro não está agradável;
5 – Por outro lado, puns fedidos podem ser um sinal de intolerância alimentar – os mais comuns são a lactose (laticínios) e o glúten (trigo). Também pode ser um sinal de backup: se você parece estar ficando para trás em sua cota de cocô e notou um aumento no gás, pode ser hora de injetar laxantes para “fazer as coisas andarem”;
6 – Quando a bactéria do seu intestino fica fora de controle (disbiose), isso pode causar drama digestivo e levar à liberação de gases de odores bem desagradáveis. Prebióticos e probióticos podem ajudar a neutralizar as bactérias nocivas e, por sua vez, o fedor. Se o seu gás tiver um cheiro ruim persistente e você estiver apresentando sintomas adicionais, como perda de peso, inchaço, náusea, fadiga ou sangramento, consulte o seu médico.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.