As Kandangas realizam encontro com Malba Aguiar e Luiz Fernando Pontes
Em torno dos temas arte popular e artesanato, o grupo As Kandangas ofereceu um bate-papo repleto de aprendizagens no CCBB
atualizado
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Composto por diplomatas estrangeiras entusiastas da arte e cultura brasileiras, o grupo As Kandangas realizou um encontro especial na última quinta-feira (5/12) no CCBB Brasília. Em torno dos temas arte popular e artesanato, elas convocaram os curadores Malba Aguiar e Luiz Fernando Pontes para um bate-papo repleto de conhecimento e aprendizagens.
Uma turma seleta de convidados pode participar da reunião, que debateu as diferenças entre arte e artesanato, bem como seus atributos de autenticidade e peculiaridade.
Especialista na área, Malba Aguiar atuou por 12 anos no SESI, onde idealizou uma loja de produção artesanal no Gama e uma na Galeria dos Estados. A curadora ainda trabalhou também como assessora para o Programa do Artesanato Nacional, do Ministério do Trabalho.
Mais tarde, Malba entrou para o cargo de coordenadora do Programa de Artesanato do DF, até chegar ao Sebrae-DF, onde, definitivamente, “criou asas”. Na capital, implantou o Armazém do Artesanato Brasileiro na CASACOR Brasília, oferecendo um prêmio Sebrae para os designers de interiores que incluíssem produtos da arte popular e do artesanato em seus ambientes.
“Até os anos 1990, mais ou menos, não havia nenhum lugar que comercializava arte popular de artesanato brasileiro. Eu pensei: ‘Se ninguém quer mostrar esse produto, eu vou mostrar’. Então procurei, sem dinheiro ou qualquer experiência comercial, um lugar em que eu pudesse pagar com as minhas consultorias o espaço até que ele fosse reconhecido. Consegui uma sobreloja no Gilberto Salomão”, conta a pioneira na formulação do Programa do Artesanato Brasileiro.
Para Luiz Fernando Pontes, o encontro proporcionado pelas As Kandangas foi de “fundamental importância”, pois “congrega saberes, reflexões e conhecimentos de histórias de vida”. “É uma história enriquecida pela mão do homem do povo brasileiro”, afirma.
“Poder demonstrar e falar sobre essa mão criativa, essa mão que trabalha com raízes profundas, únicas e inigualáveis, é um privilégio. É um privilégio e uma oportunidade para as pessoas estrangeiras conhecerem um pouco dessa essência do que é o sentido de ser brasileiro”, diz à coluna Claudia Meireles.
Pesquisador e colecionador de Arte Popular Brasileira, Pontes também é curador da loja Mão Brasileira, fixada no CCBB Brasília. O espaço fez parte do percurso realizado pelo grupo na quinta-feira.
Na concepção do especialista, uma loja como essa valoriza o papel de muitos trabalhos, tanto de arte popular quanto de artesanato. “É um trabalho único, que resgata e valoriza a permanência de saber fazer, saber fazer ancestral, fazer repleto de identidades da cultura do povo brasileiro”, pontua.
Entusiasta da arte popular, a artista plástica brasiliense Paula Calderón participou da manhã imersiva e compartilhou um pouco de sua história: “Sou de Brasília, mas morei muito tempo fora, como no Rio, Nordeste e na Austrália. Quando eu voltei, depois de todas essas andanças, me interessei muito mais pelas minhas raízes. A gente vê tantas coisas diferentes e começa a entender como a cultura é importante”.
Paula se inspira principalmente no Cerrado ao executar suas pinturas sobre tela. Algumas delas são transformadas em produtos, como capas de caderno e cangas.
As Kandangas
Um dos nomes à frente de As Kandangas, Beatrice do Lago esteve presente no evento e explicou como surgiu a ideia do grupo: “Nós somos três mulheres nômades, pois somos casadas com diplomatas. E isso nos faz criar essas pontes. Quando você está no exterior, está sempre tentando mostrar o Brasil lá fora”.
Ao lado de Christine, que é dinamarquesa, e Elza, que é carioca, Beatrice criou o grupo há um ano e meio. Francesa, ela esclarece que o trio optou por batizar o projeto de Kandangas com “k” justamente devido à diversidade de origens entre cada uma.
Assista ao vídeo do encontro:
Confira as fotos de Nina Quintana:
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