Após cancelamento, galeristas acusam SP-Arte de não devolver pagamentos
Suspensa em razão do Covid-19, a feira de arte e design de São Paulo já havia investido na montagem do estande. Colaboradores protestam
atualizado
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Uma polêmica envolvendo a feira SP-Arte tem assombrado o meio artístico nacional nos últimos dias. Suspenso em razão do novo coronavírus, o evento, que reúne galerias de arte e design em São Paulo, é acusado de negar a devolução dos valores pagos e de não negociar com os participantes.
No total, 159 colaboradores integrariam o projeto. Desses, a metade se juntou para protestar pelo ressarcimento dos investimentos na feira.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, um comunicado informou que a SP-Arte tinha dito aos expositores que só devolveria um terço da quantia. Os outros dois terços seriam destinados a pagamentos da montagem do evento que já havia começado e o aluguel adiantado de um estande no próximo ano. Vale lembrar a participação da exibição custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
De acordo com o veículo, duas entidades tomam a frente das negociações do projeto: a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) e a Associação de Galerias de Arte do Brasil (Agab). Em um momento inicial, a ideia era que espaços maiores teriam parte do dinheiro retido. Já os participantes considerados mais vulneráveis seriam isentos de qualquer pagamento, enquanto os de arte contemporânea e de mercado secundário depositariam 5% e 10%. A tentativa de negociação, entretanto, falhou. E passou a ser discutida por advogados.
“Infelizmente, parece que a feira SP-Arte não percebeu que só existe em função das galerias e que precisa ser solidária no momento de crise que o mundo enfrenta. Se tem centenas de clientes e deles depende o seu negócio, é importante ter consideração com eles para que todos sobreviveram”, afirmou Karla Osório, galerista de Brasília, à coluna Claudia Meireles.
A diretora da feira, Fernanda Feitosa, relatou ao jornal que a empresa está disposta a discutir soluções para os prejuízos de todas as partes. “Continuamos nessa incessante busca de uma alternativa que vise conciliar os interesses de todos, principalmente os mais vulneráveis, que sofrem com esse momento tão duro e que atinge a sociedade como um todo”, comentou.
Ulisses Cohn, diretor da Agab, justificou a situação como um problema conceitual, já que, segundo ele, a feira enxerga que as galerias são sócias e devem tomar parte no prejuízo. Elas, por outro lado, se consideram “clientes de uma empresa independente”.
“Dá tempo de reverter e confiamos que os dirigentes ponderem e revertam sua atitude até agora, seguindo o exemplo de 100% das feiras de arte similares no mundo: a devolução dos recursos antecipados, a um evento que não ocorreu”, defendeu Karla Osório.
Presidente da Abact, Luciana Brito prevê uma resolução ainda esta semana.
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